sexta-feira, 15 de julho de 2011

"Não há soluções-milagre", declara Ministra da educação luxemburguesa

Menos testes no ensino fundamental, é a grande novidade anunciada ontem pela ministra da Educação para o próximo ano lectivo. Mas não há "soluções-milagre" para a integração dos estrangeiros,diz Mady Delvaux-Stehres. A ministra admite que a escola luxemburguesa continua a funcionar "como nos anos 50", quando os luxemburgueses estavam em maioria. Mas não tem soluções.

Em vez de três avaliações por ano, os alunos vão passar a ter apenas duas, anunciou ontem a ministra da Educação. E os boletins de avaliação vão ter nova terminologia, de acordo com as indicações do plano de estudos aprovado na terça-feira pela Câmara dos Deputados.

Alterações menores que não contemplam o maior problema da escola luxemburguesa: a integração dos estrangeiros. A começar pelos alunos lusófonos.

"É difícil, não há soluções-milagre", disse a ministra ao POINT24 , à margem da conferência de imprensa. "É muito difícil para as crianças: há os problemas das línguas mas também do meio cultural, e a recomendação que eu gostava de deixar aos pais portugueses é que enviem os filhos ao ensino precoce, que se abram, que levem os filhos aos clubes luxemburgueses, e que não os isolem em grupos em que só se fale português. É preciso que eles aprendam luxemburguês e alemão se querem ter sucesso na escola luxemburguesa", disse a ministra.

Reformas no ensino para facilitar a integração de estrangeiros, na senda das propostas que a Universidade do Luxemburgo vem fazendo há anos, como o ensino bilingue em francês e alemão, é que não estão previstas. E no entanto, Mady Delvaux-Stehres reconhece que o problema está na escola, que "já não está adaptada à população escolar actual". "A nossa escola funciona como nos anos 50 ou 60, quando havia uma minoria de imigrantes italianos no sul do país, e o resto eram luxemburgueses, uma população homogénea. Agora no ensino precoce temos apenas 44 % de crianças que falam luxemburguês como primeira língua. É a minoria", reconhece.

A ministra culpa no entanto os professores pela resistência à mudança. "É preciso mudar, não podemos ter os mesmos currículos. Mas quando se diz aos professores que é preciso ensinar o Alemão ou o Francês como línguas estrangeiras, eles arrancam os cabelos", lamenta.

"A formação contínua de professores começa a criar raízes, e penso que com o tempo as coisas vão melhorar. Temos orientações para os recém-chegados, sobre como ajudá-los, mas não há medidas-milagre. É preciso ter paciência", concluiu.

P.T.A.
Foto: Guy Jallay

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