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Luxemburgo, três em cada quatro trabalhadores da construção são
portugueses, representando a mão-de-obra portuguesa cerca de 15 mil
pessoas.
O sector registou várias falências nos últimos meses, deixando centenas de trabalhadores desempregados. Antes da Mangen, em Julho do ano passado, a falência da Socimmo deixou 466 pessoas sem emprego, incluindo 420 portugueses. Agora, o encerramento da Mangen atira para o desemprego 255 trabalhadores, 80 % dos quais são portugueses, garante a empresa.
Mas quando se pergunta se há crise no sector, sindicatos, empresários e trabalhadores dizem que "há trabalho".
Quatro meses depois da falência da Soccimo, em Outubro, só 142 dos 466 assalariados continuavam desempregados. A maior parte dos trabalhadores da empresa foi recrutada pelas empresas que retomaram as obras da Socimmo.
Na Mangen, também havia trabalhadores vindos "de outras empresas que fecharam", diz Manuel Mendes (nome fictício), que está na empresa há 26 anos e não vê sinais de crise. "Francamente, não vejo que a falta de trabalho esteja a impor-se aqui no Luxemburgo. Tirando as pessoas com mais idade e com menos qualificações, as falências poderiam ser absorvidas por outras empresas. A Mangen tinha contabilizado 30 milhões de euros em trabalho para este ano e agora alguém vai recuperá-los e acabar essas obras."
Jerónimo Loureiro, trabalhador na Mangen há 32 anos, também não percebe a falência: "Vejo aí tanto trabalho e isto aqui [a falência da Mangen] não foi falta de trabalho.”
Jean-Paul Metteis, da central sindical OGB-L, afina pelo mesmo diapasão. "O sector não está em crise. Há muito trabalho e as actividades aumentam. A procura existe, particularmente do Estado, que investiu 500 milhões de euros em 2011 em obras públicas”.
Uma visão que os empresários da construção refutam. Renato Constantini, proprietário da empresa de construções Constantini, admite que "há trabalho", mas diz que o sector "está doente".
"Há trabalho aqui no Luxemburgo, mas a lei do mercado é que está mal e por isso o sector está doente. A construção aqui no Luxemburgo é cíclica e depois do 'boom' de 2005 e 2006 perdemos valor e preço. Houve concorrência dos alemães, que passaram a trazer mão-de-obra do Leste a um preço mais baixo. Não digo que seja ilegal, mas é desigual. Os bancos não financiam quando os preços são baixos e os construtores são confrontados agora com novos imperativos". Como solução, Constantini aponta a procura de outros mercados. "Para combater isto é preciso sair. A minha empresa já opera em França há alguns anos e as empresas luxemburguesas podiam apostar mais em ir para fora.”
Os números indicam que as falências de empresas no Luxemburgo registaram um ligeiro aumento em 2011, com um total de 961 empresas, contra 918 em 2010, um aumento de 4,68 %. Estes números escondem, no entanto, que há mais empresas criadas do que as que declaram falência, garante fonte da "Chambre des Métiers" ouvida pelo CONTACTO.
Quando às falências no sector da construção, houve um ligeiro recuo: 8,70 % em 2011 contra 10 % em 2010.
O sector registou várias falências nos últimos meses, deixando centenas de trabalhadores desempregados. Antes da Mangen, em Julho do ano passado, a falência da Socimmo deixou 466 pessoas sem emprego, incluindo 420 portugueses. Agora, o encerramento da Mangen atira para o desemprego 255 trabalhadores, 80 % dos quais são portugueses, garante a empresa.
Mas quando se pergunta se há crise no sector, sindicatos, empresários e trabalhadores dizem que "há trabalho".
Quatro meses depois da falência da Soccimo, em Outubro, só 142 dos 466 assalariados continuavam desempregados. A maior parte dos trabalhadores da empresa foi recrutada pelas empresas que retomaram as obras da Socimmo.
Na Mangen, também havia trabalhadores vindos "de outras empresas que fecharam", diz Manuel Mendes (nome fictício), que está na empresa há 26 anos e não vê sinais de crise. "Francamente, não vejo que a falta de trabalho esteja a impor-se aqui no Luxemburgo. Tirando as pessoas com mais idade e com menos qualificações, as falências poderiam ser absorvidas por outras empresas. A Mangen tinha contabilizado 30 milhões de euros em trabalho para este ano e agora alguém vai recuperá-los e acabar essas obras."
Jerónimo Loureiro, trabalhador na Mangen há 32 anos, também não percebe a falência: "Vejo aí tanto trabalho e isto aqui [a falência da Mangen] não foi falta de trabalho.”
Jean-Paul Metteis, da central sindical OGB-L, afina pelo mesmo diapasão. "O sector não está em crise. Há muito trabalho e as actividades aumentam. A procura existe, particularmente do Estado, que investiu 500 milhões de euros em 2011 em obras públicas”.
Uma visão que os empresários da construção refutam. Renato Constantini, proprietário da empresa de construções Constantini, admite que "há trabalho", mas diz que o sector "está doente".
"Há trabalho aqui no Luxemburgo, mas a lei do mercado é que está mal e por isso o sector está doente. A construção aqui no Luxemburgo é cíclica e depois do 'boom' de 2005 e 2006 perdemos valor e preço. Houve concorrência dos alemães, que passaram a trazer mão-de-obra do Leste a um preço mais baixo. Não digo que seja ilegal, mas é desigual. Os bancos não financiam quando os preços são baixos e os construtores são confrontados agora com novos imperativos". Como solução, Constantini aponta a procura de outros mercados. "Para combater isto é preciso sair. A minha empresa já opera em França há alguns anos e as empresas luxemburguesas podiam apostar mais em ir para fora.”
Os números indicam que as falências de empresas no Luxemburgo registaram um ligeiro aumento em 2011, com um total de 961 empresas, contra 918 em 2010, um aumento de 4,68 %. Estes números escondem, no entanto, que há mais empresas criadas do que as que declaram falência, garante fonte da "Chambre des Métiers" ouvida pelo CONTACTO.
Quando às falências no sector da construção, houve um ligeiro recuo: 8,70 % em 2011 contra 10 % em 2010.
Texto: Henrique de Burgo
procuro trabalho e nao encontro mariolpereira8@gmail.com
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