quarta-feira, 23 de maio de 2012

Diplomatas portugueses regressam a Lisboa com a consciência do dever cumprido

A partida dos três membros do corpo diplomático português foi assinalada com um jantar, na sexta-feira, em Esch-sur-Alzette. O
repasto, na Casa das Bifanas, contou com vários membros da comunidade portuguesa, numa homenagem simbólica aos diplomatas que brevemente regressam a Lisboa.

Estão de partida o cônsul-geral de Portugal no Luxemburgo, José Carvalho Rosa, o secretário da Embaixada de Portugal no Grão-Ducado, Rui Martinot Correia, e o conselheiro social e cultural da Embaixada e responsável do Instituto Camões, Carlos Correia. O balanço, na hora da despedida, é "bastante positivo", consideram os três.

Carlos Correia deixa o Luxemburgo após oito anos, durante os quais exerceu as funções de conselheiro social e, desde 2006, director do Centro Cultural Português (Instituto Camões). Um período na vida que, como fez questão de dizer, não vai "esquecer". "Vivi no Luxemburgo uma experiência muito rica com a comunidade portuguesa, quer com o movimento associativo na sua globalidade – onde fiz muitos amigos –, quer na execução dos programas anuais de actividades do Instituto Camões. Levo a comunidade no coração", sublinhou.

"Quando estamos em funções, muitas vezes só as conseguimos cumprir se encontrarmos pessoas abertas, dedicadas, que se esforcem e que colaborem. Nesse aspecto fui um privilegiado e parto com a consciência do dever cumprido".

O diplomata elogiou ainda o trabalho da comunicação social portuguesa no Luxemburgo e das autoridades luxemburguesas. "Levo uma grata recordação dos órgãos de toda a comunicação social e das autoridades luxemburguesas, com as quais tive sempre excelente relacionamento. Depois das experiências que vivi em Paris e Luanda, termino a minha carreira no Luxemburgo no seio de uma comunidade fantástica que me marcou positivamente. Muitos dos seus dirigentes associativos têm tido um papel importante na promoção e inserção da comunidade e também no âmbito da divulgação da cultura portuguesa. Espero que quem me vier substituir possa contar com o mesmo apoio que tive neste país", concluiu.

"OS PORTUGUESES DEVEM APOSTAR NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS"

Rui Martinot Correia, secretário da Embaixada de Portugal, desempenhou funções durante cerca de três anos no Grão-Ducado. O diplomata, que vai ocupar o cargo de director dos Serviços de Recursos Humanos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa, considerou a sua primeira experiência ao serviço de uma embaixada como "muito positiva".

Martinot Correia diz que leva "uma ideia bastante positiva dos portugueses no Luxemburgo", mas defende que a comunidade devia apostar mais na formação dos filhos.

"Na minha modesta opinião, acho que os nossos compatriotas devem envolver-se mais na vida do país, política, social e economicamente, e apostar mais na educação dos filhos. Mais do que os bens materiais, a maior riqueza que os pais podem dar aos filhos é a aposta na educação e na cultura. Perante a crescente competitividade, têm de aproveitar a oportunidade de estudar para terem acesso a uma vida ainda melhor".

"EXPERIÊNCIA POSITIVA E MUITO TRABALHO"

José Carvalho Rosa, cônsul-geral de Portugal no Luxemburgo, regressa também a Lisboa. Para o cônsul, o Luxemburgo constituiu "uma surpresa".

"Vim da Beira (Moçambique), onde numa área enorme só havia cinco mil portugueses, precisamente o oposto daqui. Vim também encontrar aqui muito trabalho no consulado. Este consulado esteve, está e vai continuar a estar sob grande pressão, devido à grande comunidade, que ultrapassa já os cem mil portugueses. Faltam muitas coisas ao posto [consular], mas nos tempos mais próximos vai ser difícil melhorar, devido ao crescimento da população. Podemos tentar melhorar algumas coisas pontualmente, mas não vai ser fácil, infelizmente", diz.

A finalizar, Carvalho Rosa diz ter gostado dos portugueses que conheceu e dos passeios que deu por "lugares bonitos" quando fazia o seu habitual "jogging", mas deixa um recado à comunidade: que se interesse "mais pela política e pela vida do país, para poder decidir sobre o seu destino e dar força às suas ideias e anseios". "Falta-lhes essa dimensão, porque a económica já a possuem", defendeu.

O clima no Grão-Ducado foi uma das coisas de que o cônsul não gostou, porque "nunca mais é Verão", gracejou. Mas "no geral, foi tudo muito bom", diz. "Quando deixar o Luxemburgo, sei que cumpri o meu dever", declarou.

O jantar contou com uma sessão de fados e a actuação pública das majorettes de Esch. Foi ainda doado um quadro do pintor Luís Cunha à Santa Casa da Misericórdia e efectuada uma recolha de donativos para a instituição.
Texto e foto: Á. Cruz

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