A crise do emprego e da segurança social desencadeada pela crise financeira e económica deverá durar entre seis a oito anos se não forem tomadas medidas preventivas, advertiu a 3 de Junho o director-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
"Sabemos que o emprego recupera os níveis anteriores à crise com um desfasamento de entre quatro a cinco anos (face à retoma da economia), o que significa que o mundo assiste a uma crise do emprego e da protecção social que poder durar entre 6 a 8 anos", afirmou Juan Somavia, director-geral da OIT, no recente congresso anual da organização.
"Os líderes políticos não têm prestado atenção às implicações humanas e sociais deste desfasamento", disse Somavia perante os quatro mil representantes de governos, trabalhadores e empregadores reunidos em Genebra até 19 de Junho. Somavia criticou as orientações económicas das últimas décadas, que, na sua opinião, levaram à crise actual.
"A política económica dominante não teve em conta os valores fundamentais da OIT. Sobrevalorizou a capacidade do mercado para auto-regular a economia, subvalorizou o papel do Estado e desvalorizou o respeito pela dignidade do trabalho e dos serviços sociais", afirmou. O responsável sublinhou que, apenas para absorver as novas entradas no mercado do trabalho - 45 milhões só em 2009 - será necessário até 2015 criar 300 milhões de novos empregos.
"As coisas vão na direcção oposta", prosseguiu Somavia, para acrescentar que com as estimativas de uma contracção de 1,3 % na economia mundial em 2009, "prevê-se que o desemprego continue a aumentar até finais de 2010 ou até 2011".
Somavia afirmou que a indignação de trabalhadores e inclusive de alguns empresários é "legítima", uma vez que "a economia global descarrilou porque alguém adormeceu ao volante, mas todos sofreram o desastre".
O director-geral da OIT disse que "a nossa responsabilidade tripartida (governos, empregadores e trabalhadores ) é de propor políticas que reduzam o período potencial de seis a oito anos de mercado deprimido".
O mesmo responsável preconiza a necessidade de estabelecer um pacto global para o emprego, a nível nacional, regional e global, baseado na concertação tripartida, na salvaguarda de postos de trabalho viáveis, no apoio às pequenas e médias empresas sustentáveis e com a protecção social como ponto central.
A conferência da OIT está centrada na crise do emprego e na procura de soluções, e celebrará nos dias 15 a 17 uma Cimeira Mundial do Emprego com a participação denumerosos chefes de estado.
Lusa
in Contacto de 10.06.2009
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