A Federação das Empresas Luxemburguesas (FEDIL) mostra-se preocupada com a competitividade da economia grã-ducal. A federação recorda que a crise ainda não acabou e expõe os desafios que o país terá de enfrentar.
Na sua já tradicional apresentação da rentrée , Robert Dennewald, presidente da FEDIL, passou a economia do país em revista, e avisa que muito embora as estatísticas recentes mostrem uma certa acalmia, o Luxemburgo ainda não saiu da crise.
Nicolas Soisson, director da FEDIL, junta-se ao presidente ao indicar que "a crise já chegou a todos os sectores da indústria". A produção industrial perdeu 22 % em 2009 e o valor da produção atingiu uma diminuição de 33 %. O emprego interno atravessa um período inédito com uma taxa de desemprego de 5,6 % em Agosto, ou seja 14.234 desempregados, e o número de postos de trabalho recuou de 358.384 em Julho para 356.996 em Agosto.
Para melhor integrar os trabalhadores do Luxemburgo no mercado, a FEDIL preconiza a reforma urgente da Administração do Emprego (ADEM) e não só uma "mudança do rótulo". Uma declaração que surge na sequência do anúncio feito em Março deste ano pelo anterior ministro do Trabalho, François Biltgen, de transformar a ADEM em "Agência Luxemburguesa para o Emprego" (ALE). A FEDIL exige mais do que uma simples gestão dos desempregados, a ALE "deveria estar ao serviço dos utentes, das empresas e da economia", defende a federação.
Em termos de competitividade, a FEDIL lamenta o alto custo da mão-de-obra nacional. Um custo em constante alta, segundo a FEDIL, devido ao aumento automático dos salários. Para a FEDIL, "a indexação [salarial] constitui um travão para a competitividade com os países vizinhos".
A FEDIL propõe uma moratória das convenções colectivas de trabalho tal como realizada no sector bancário e novas negociações quanto à indexação dos salários. Propostas contra às quais tanto o sector político como sindical se opõem.
A FEDIL revelou igualmente que constituiu um grupo de reflexão sobre a evolução da economia luxemburguesa a longo prazo. A federação também já considerou a ideia de criar um comité de pilotagem do sector não financeiro para aumentar a atractividade do país.
A FEDIL pronunciou-se ainda sobre o Orçamento de Estado 2010, estimando que "uma das formas de conter o défice passa pela revisão das transferências sociais e dos salários da Função Pública". O nível salarial elevado dos funcionários e as condições de segurança do emprego obriga as empresas privadas a aumentar a remuneração para atrair talentos e empurra os luxemburgueses a escolher uma carreira no sector público, alerta a FEDIL, revelando que cerca de 48 % dos luxemburgueses trabalham no sector público.
Christian Thiry, porta-voz do sector da construção na FEDIL, diz mesmo que "nestas condições, as empresas vão evitar empregar jovens nacionais por estes geralmente ficarem 'estacionados' nas empresas até entrarem na Função Pública".
Pedro Castilho
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