"As insinuações da direcção da Villeroy & Boch são difamatórias, testemunham de uma atitude antissocial, socialmente irresponsável e mostram que a empresa não quer entender o impacto psicológico que o anúncio brutal do encerramento definitivo da fábrica provocou junto dos trabalhadores", acusa o sindicato em nota emitida na segunda-feira.
O sindicato estima que a atitude da Villeroy & Boch não respeita os princípios da gestão de uma empresa que se queira respeitadora de segurança, da saúde e da integridade física e psicológica dos seus trabalhadores.
O OGBL insta as autoridades políticas e administrativas nacionais a zelarem pelo rigoroso cumprimento dos direitos legais dos trabalhadores nesta empresa.
O sindicato apela ainda às mesmas autoridades para que a empresa respeite todas as suas obrigações legais, nomeadamente em termos fiscais, de segurança social e de ajudas que recebeu do Estado, e isto antes do fecho defintivo da unidade fabril no Rollingergrund.
Desde que foi anunciado o fecho da unidade e sobretudo depois das negociações falhadas entre sindicatos e patronato no que diz respeito ao montante das indemnizações a atribuir aos trabalhadores, vários foram os membros do pessoal que apresentaram baixa médica.
Enquanto o sindicato desculpa algumas destas baixas com o impacto psicológico que os trabalhadores sofreram com o anúncio do fecho da fábrica, depois de trabalharem para a empresa alguns há mais de 20 anos, outros encontram-se realmente doentes, informou fonte próxima dos trabalhadores. A direcção da empresa considera, por seu lado, que muitas destas baixas são apenas formas de pressão dos empregados face ao anúncio do fecho da fábrica.
A decisão da Villeroy & Boch de encerrar a fábrica no Rollingergrund deve-se à vontade da empresa alemã de demolir a unidade fabril e utilizar os terrenos para construir projectos imobiliários. Em mais de 240 anos, a unidade fabril do Rollingergrund nunca apresentou números déficitários, pelo que nada deixava prever esta decisão que caiu como uma bomba em Março deste ano.
Villeroy & Boch, 1767-2010: Uma história de sucesso que acaba mal
A empresa alemã de faianças Villeroy & Boch, instalada no Luxemburgo desde 1767, anunciou em Março deste ano que dos 320 trabalhadores que tem no Grão-Ducado, os 230 da unidade fabril do Rollingergunrd (outros trabalham nas lojas do grupo) serão despedidos na sequência da decisão da direcção da empresa de fechar essa fábrica no início de 2010.
A fábrica tinha já procedido a 180 despedimentos em 2006, invocando a medida como necessária para fazer face à concorrência. Em 2003, havia já extinto 153 postos de trabalho. A empresa chegou a ter 929 trabalhadores em 1999.
Há cerca de duas semanas e após árduas negociações entre patronato e sindicatos, o pacote de indemnizações proposto pela Villeroy & Boch elevava-se a 1.230.000 euros, o que corresponde a uma média de 20 euros por mês de antiguidade para cada um dos 230 trabalhadores, quando por ocasião dos despedimentos de 2003 e 2006 os trabalhadores haviam sido indemnizados à altura de cerca de 120 euros por cada mês de antiguidade.
Os trabalhdores disseram-se insatisfeitos com a proposta e apelaram ao "Office National de Conciliation" (ONC), que se encontra de momento a tomar a decisão final, em acordo com a legislação vigente. O ONC é a instância estatal que tem por missão regular no Luxemburgo os diferendos entre o patronato e os parceiros sociais quando estes não conseguem chegar à acordo.
JLC
Foto: Anouk Antony
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