Em média, chegam ao "ombudsman” 900 reclamações por ano. O período de Outubro de 2008 a Setembro de 2009 não foi excepção.
A função do provedor é resolver litígios entre os cidadãos e o Estado e as autarquias. Ou seja, se o cidadão tiver a impressão de estar a ser tratado de forma injusta por um serviço administrativo estatal, pode recorrer ao provedor. Este, se aceitar a reclamação, contacta o serviço em questão para tentar encontrar uma solução. Se o provedor considerar que se trata de um problema estrutural, emite recomendações ao governo.
Informar os cidadãos de forma clara
O provedor de Justiça – instituição que existe desde 2004 no Luxemburgo, onde é conhecido por "médiateur" – apresentou recentemente o seu quinto relatório anual. Nos 674 processos concluídos, o provedor conseguiu em 82,41 % dos casos que a Administração Pública corrigisse a sua primeira decisão. Este ano, os serviços que se ocupam das questões fiscais – a Administration des Contributions Directes, de l’Enregistrement et des Domaines, e a Administration des Douanes et Accises – foram os que mais reclamações geraram, um total de 125.
Marc Fischbach constatou, assim, que "estes serviços têm falta de pedagogia” e não usam "a linguagem adequada”, pelo que "não respondem ao seu dever de comunicar e informar os cidadãos”. "Na prática quotidiana, podemos constatar que os contribuintes se sentem, muitas vezes, desprotegidos face à administração e que têm um sentimento de inferioridade nas suas relação com os serviços”, afirma. E explica: "Este sentimento provém do facto de a Administração Pública praticar uma linguagem jurídica desconhecida dos contribuintes, questão agravada pelos problemas que estes sentem em compreender uma legislação demasiado complexa e hermética”.
Outro serviço que é alvo das críticas do provedor é o da Imigração. Há já alguns anos que este serviço é citado no relatório do "ombudsman”. "A situação melhorou, mas desde que a nova lei sobre a imigração entrou em vigor, surgiram os problemas”. E com os problemas, também as reclamações, ao todo 96, o que representa um aumento de 50 % relativamente ao ano passado.
"A maior parte das reclamações respeitam ao tempo que uma pedido demora a ser examinado, o que coloca enormes problemas às pessoas em questão, que durante esse tempo não podem trabalhar no Grão-Ducado”, escreve Marc Fischbach no seu relatório.
Autarquias não dão o exemplo
As autarquias também não estão isentas de críticas. Segundo o "ombudsman", são as pequenas autarquias que têm, por vezes, dificuldades em responder às necessidades dos seus cidadãos. Marc Fischbach, que normalmente não cita nenhuma comuna em particular, desta vez aponta o dedo a Kopstal. O exemplo dado pelo provedor é o de um funcionário que recusou a um residente a inscrição no registo da população porque não tinha em seu poder o registo de nascimento. O homem, de origem iraniana, tinha-se casado há alguns anos no Luxemburgo, onde tinha, como estipula a lei, apresentado o referido documento. O assunto foi ainda mais longe, uma vez que as autoridades comunais recusaram à sua mulher o direito de voto.
"Este exemplo mostra como a Administração Pública pode tomar decisões que são contrárias a todas as leis em vigor”, afirma o provedor de Justiça.
Foto: Guy Jallay
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