Os portugueses são dos que mais valor dão ao Natal e, proporcionalmente, mais gastam em presentes, descobriu o economista norte-americano Joel Waldfogel, que fez um estudo sobre o desperdício de dinheiro durante esta época.
Com base em dados recolhidos pela OCDE e estatísticas da consultora Euromonitor dos últimos anos, Waldfogel calculou que os portugueses gastam sete dólares (4,7 euros) por cada milhão do Produto Interno Bruto.
Ou seja, Portugal é, de uma lista 26 países que inclui EUA, China e Rússia, o país que mais dinheiro dos recursos disponíveis gasta durante a época natalícia.
“A despesa, enquanto parte do rendimento, dá uma medida mais precisa do ênfase que as pessoas de um país dão ao Natal”, justifica o economista no seu livro “Scroogenomics” (ver imagem), lançado este mês no Reino Unido e EUA.
Individualmente, Waldfogel estima que os portugueses gastem, em média, 125 dólares (85 euros) durante o Natal, o que coloca o país em 13º lugar, atrás dos EUA.
No entanto, quando fez as contas sobre o volume das vendas de retalho em Dezembro, em relação aos meses vizinhos de Novembro e Janeiro, Portugal é o terceiro, apenas atrás da Hungria e Itália e muito à frente dos EUA, que estão no 21º lugar da lista.
“Portugal parece, segundo estes dados, aplicar uma parte importante dos seus recursos em presentes e gastos associados ao Natal”, concluiu Waldfogel, em declarações à agência Lusa.
O problema não está no montante que se gasta mas, segundo a teoria do economista, no fraco grau de satisfação que muitos presentes causam e que origina um desperdício de dinheiro.
Em inquéritos informais que realizou nos últimos anos, este economista descobriu que os presenteados atribuem à prenda, em média, um valor cerca de 20% interior ao valor real.
Os sogros, avós e tios são os principais responsáveis, revelou, por não estarem a par das preferências dos familiares, ao contrário dos pais e amigos próximos, e os próprios.
A teoria de Joe Waldfogel, que apresentou recentemente na London School of Economics, “não é o resultado de um trauma infantil com o Pai Natal”, gracejou, mas a curiosidade em aplicar modelos económicos a assuntos do quotidiano.
A conclusão do estudo que fez não é que se acabe completamente com a oferta de presentes durante o Natal, à imagem de Ebenezer Scrooge, o avarento do “Conto de Natal” de Charles Dickens, mas sim conhecer bem os gostos e necessidades dos presenteados, que é meio caminho para encontrar um presente que ofereça plena satisfação, salientou.
Como oferecer dinheiro pode ser, por vezes, insólito, por isso sugere cheques-prenda ou, ainda melhor, doações a organizações de solidariedade, o que, para muitas pessoas, é considerado um luxo.
“Não há valor destruído se a organização for bem escolhida e ambos sentem-se bem por terem feito algo útil pelo mundo”, sustentou.
Todavia, avisou que esta ideia talvez não seja bem recebida por todas as crianças.
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