Portugal vai ter uma "recuperação fraca e frágil de cerca de 0,5 por cento em 2010", estima o Fundo Monetário Internacional (FMI) na sua análise à economia portuguesa.
No célebre Artigo IV, que analisa a economia e a actuação dos Governos nos vários países, os peritos do FMI consideram que "o crescimento económico parece apontar para uma recuperação fraca e frágil de cerca de meio por cento em 2010" e acrescentam que "as perspectivas são pouco melhores a mais longo prazo".
No documento, libertado ao final da tarde pelo Banco de Portugal, o FMI assume que "Portugal deverá continuar a registar um crescimento inferior ao da área do euro e elevados níveis de desemprego", mas reconhece que foram efectuadas "reformas significativas". No entanto, "muito mais é necessário", explicam os peritos, sublinhando que "o Governo deve reduzir o seu défice, as empresas têm que se tornar mais eficientes e o trabalho mais flexível e produtivo e as famílias devem poupar mais".
Estes "desafios" exigem "uma liderança determinada ao longo de muitos anos", até porque "os benefícios demorarão igualmente muito tempo a concretizar-se".
Salientando a tradicional "incerteza particularmente elevada" que tem caracterizado as projecções, os economistas do FMI prevêem que Portugal veja o défice das contas públicas "aumentar em 2010, antes de descer para cerca de 5-6 por cento do PIB até 2013". O rácio da dívida pública, por seu lado, "deverá situar-se próximo de 100 por cento do PIB".
Para este ano, a previsão de défice está em linha com a do Governo, isto é, cerca de oito por cento.
O pior, no entanto, é que, "mesmo que para alcançar este ajustamento seja necessário uma redução considerável da despesa, as finanças públicas ficarão ainda em má posição para responder a quaisquer choques do crescimento ou crises financeiras, vulneráveis a novas reduções da notação do crédito, maiores spreads e problemas de financiamento, a contribuir para os desequilíbrios externos e longe do objectivo de médio prazo de Portugal, que consiste em alcançar um orçamento globalmente equilibrado", conclui o documento.
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