terça-feira, 5 de janeiro de 2010

SIDA: Situação em Portugal é "alarmante" - especialista

A situação do VIH/SIDA em Portugal é "alarmante", dado que o país é o penúltimo da Europa em termos de capacidade de resposta a esta epidemia, afirmou hoje o professor Joaquim Machado Caetano.

"A prevalência da SIDA em Portugal continua a ter os mais altos níveis da Europa e o único país com pior estatística do que o nosso é a Estónia, no Leste europeu, o que significa que não conseguimos pôr em marcha nestes anos todos um projecto nacional seguro e eficaz para reduzir a prevalência dos casos de VIH/SIDA", disse à agência Lusa o presidente das I Jornadas Nacionais Ético-Jurídicas sobre Infecção VIH/SIDA.

No final de uma audiência com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, em Belém, o professor alertou que Portugal regista, "anualmente, um crescimento muito grande da epidemia, particularmente em jovens e em mulheres, para além do grupo de risco agora muito atingido: o grupo de homossexuais masculinos".

"O alerta máximo neste momento na Europa é feito para os jovens, para os imigrantes e para os homens que fazem sexo com outros homens e, portanto, a epidemia da SIDA não é uma epidemia estável, mas uma epidemia que, ao longo do tempo, tem variações ao nível social", referiu.

Considerando que "Portugal não tem, de facto, nos últimos anos, um projecto bem edificado com campanhas adequadas dirigidas aos grupos de risco, com um projecto nacional de educação de jovens que dê resultados sólidos", Joaquim Machado Caetano justificou a importância deste primeiro encontro, que terá lugar a 25 de Fevereiro, em Coimbra.

"Ainda que Portugal tenha conseguido eficazmente abrir a possibilidade de as pessoas fazerem os testes da SIDA, saber se são ou não seropositivos, e de ter posto em marcha a terapêutica segundo a qual todo o doente tem o direito gratuito aos tratamentos, a verdade é que na parte de educação e informação - que são as bases da prevenção - não temos um projecto nacional e as falências são múltiplas", salientou.

Assim, e para discutir "a problemática da falta de consciencialização, dos direitos e deveres dos seropositivos, os problemas da discriminação e os aspectos jurídicos", Joaquim Machado Caetano disse esperar que do encontro resultem algumas respostas para um problema que é acompanhado desde 1985 no país.

As I Jornadas Nacionais Ético-Jurídicas sobre Infecção VIH/SIDA contam com a organização do Centro de Bioética da Universidade de Coimbra e da Fundação Portuguesa contra a SIDA.

Foto: Arquivos LW

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