quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cabo Verde: Imprensa cabo-verdiana destaca "escândalos" em Portugal

O semanário cabo-verdiano Expresso das Ilhas destaca na edição de hoje os “escândalos” registados nos últimos anos em Portugal, e sublinha que o “conflito declarado” entre o Governo e a comunicação social é “apenas a ponta do iceberg”.

Em duas páginas, o semanário, próximo do Movimento para a Democracia (MpD, oposição), dá destaque à "guerra aberta" entre o executivo de José Sócrates e a comunicação social portuguesa, tendo como ante título “escândalos atrás de escândalos”.

“Guerra aberta entre Governo e a comunicação social é apenas a ponta do iceberg. De um lado, o primeiro ministro português, José Sócrates, diz que é «absolutamente lamentável» o que chamou de «jornalismo de buraco de fechadura», baseado em «escutas telefónicas e conversas privadas» sem relevância criminal”, lê-se na entrada do texto.

“Do outro, os órgãos informativos alegam que se recusam a ser «silenciados». O caso «Face Oculta» é apenas o último de uma lista de factos que têm agitado Portugal”, conclui.

No artigo, em que o Expresso das Ilhas faz uma síntese da imprensa portuguesa, lê-se um relato cronológico dos casos que têm abalado o cenário político de Portugal, que visam sobretudo José Sócrates e a comunicação social.

O semanário cabo-verdiano dá conta de que “o primeiro grande embate” foi o caso da licenciatura do primeiro ministro português, referindo que, durante o processo, os diretores do jornal Público e da Rádio Renascença acusaram o gabinete de José Sócrates de ter exercido “pressões ilegítimas” sobre jornalistas destes dois órgãos da comunicação social portuguesa.

Depois, refere o Expresso das Ilhas, surgiu o Caso Freeport, em que José Sócrates, “sentindo-se perseguido pela cobertura do processo (que seria alvo da imprensa em qualquer democracia), processou dois jornalistas numa tentativa de limitar o trabalho jornalístico”.

O semanário cabo-verdiano fala também do “Caso TVI”, alvo de uma tentativa de compra por parte da Portugal Telecom (PT), “negócio este que vinha a ser cozinhado nos bastidores desde o início do ano, com o alegado consentimento de José Sócrates”.

O jornal não esqueceu outro dos casos que envolveu o arquipélago cabo-verdiano: o do Banco Português de Negócios (BPN) e Banco Insular de Cabo Verde.

Neste último, que a imprensa cabo-verdiana tem retomado amiúde mas sempre sem dados novos, o Expresso das Ilhas lembra que, em setembro de 2009, e em termos consolidados, o buraco financeiro do BPN somava 1,87 milhões de euros.

“O BPN SA, sozinho - sem o BPN Brasil, o banco Efisa e outras subsidiárias -, registou capitais negativos de 1,57 milhões de euros”, lê-se no jornal, que cita, a este propósito, as declarações do presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) no Parlamento, onde foi ouvido pelos deputados, a pedido do CDS/PP.

O jornal cabo-verdiano adianta que, nos primeiros nove meses de 2009, o BPN apresentou prejuízos de 87 milhões de euros, tendo o Banco Insular o papel de “esconder operações”.

“O BPN acumulou perdas no valor de 700 milhões de euros, sendo 2360 milhões associados a operações com o Banco Insular de Cabo Verde. As diligências para ouvir as testemunhas e recolher depoimentos dos acusados que pediram para falar realizaram-se durante um mês”, escreve o Expresso das Ilhas.

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