Continuam a chegar muitos emigrantes portugueses aos países europeus, a maioria dos quais jovens qualificados mas sem oportunidades profissionais em Portugal, alertou o diretor da Obra Católica Portuguesa de Migrações, Frei Francisco Sales Diniz.
Este é o diagnóstico feito no encontro dos sacerdotes que exercem junto das comunidades portugueses em França, Suíça, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Alemanha, e Reino Unido, que se encontram reunidos em Londres desde segunda feira.
“Os problemas com a nossa emigração são quase sempre os mesmos, apesar de estarem mais acentuados com a nova vaga de emigração”, afirmou à Agência Lusa.
O grosso dos emigrantes está, segundo a observação do clero, está a chegar à Suíça, Luxemburgo, Reino Unido e França, mas é difícil quantificar em números devido à falta de inscrição nos consulados ou junto das autoridades nacionais.
Esta “nova vaga”, descreveu Sales Diniz, é composta por “pessoas com formação, muitas vezes com cursos superiores, cursos profissionais ou cursos técnicos, que não têm saída profissional em Portugal” e que precisam de procurar emprego fora para pagar as prestações da hipoteca da casa em Portugal.
O diretor da OCPM advertiu em particular para a construção do túnel ferroviário nos Alpes, para onde espera que se desloquem “alguns milhares de portugueses”.
Um dos empreiteiros, adiantou, “é uma empresa ligada a trabalhadores portugueses” e a própria “igreja francesa já nomeou um diácono para acompanhar essa situação”.
Mas não são apenas as comunidades portuguesas no estrangeiro a enfrentar problemas, a própria Igreja sofre da falta crescente de sacerdotes, pelo que é frequente o recurso a padres brasileiros, dos países africanos de língua portuguesa e até outras de nacionalidades.
Diniz Sales referiu que o trabalho das missões no estrangeiro é “acompanhar comunidades sem criar guetos” e ajudar na integração no país de acolhimento e na igreja local.
“Muitas vezes as igrejas locais gostariam que a integração fosse mais rápida, mas é um processo que precisa de passar por uma primeira, segunda, terceira geração que nós temos obrigação de acompanhar”, vincou.
O encontro anual dos Coordenadores das Comunidades de Língua Portuguesa na Europa termina hoje em Londres.
Além dos países europeus (Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Holanda, Luxemburgo, Noruega, Polónia, Reino Unido, Suécia e Suíça), a OCPM está ligada a sacerdotes e agentes pastorais na África do Sul, Argentina, Bermudas, Austrália, Brasil, Canadá, EUA, Japão e Venezuela.
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