A dívida pública de Portugal será a maior fonte de preocupações da zona euro nos próximos meses, diz o economista chefe da empresa britânica de gestão de ativos Ignis, juntando-se a vários especialistas internacionais.
Depois de na semana passada, ter sido o ex-economista chefe do FMI, Simon Johnson, e o economista norte-americano Nouriel Roubini (conhecido como o Dr. Desgraça, por ter previsto a atual crise financeira), mais vozes se levantam para apontar o dedo a Portugal como o próximo problema a ter em conta na zona euro.
Hoje, Stuart Thompson, economista chefe Ignis, diz que os mercados ainda levarão alguns dias para "digerir" o plano de apoio à Grécia, da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, mas que depois irão centrar a sua atenção em Portugal e até em Espanha.
"O resultado do recente acordo para apoiar a Grécia foi dar à Europa mais uma opção de resgate mas ainda não é um negócio fechado e não muda a minha visão de que mais problemas se seguirão no futuro para Portugal e Espanha", diz o economista, em entrevista ao britânico Citywire.
"A Grécia foi o país mais fraco em termos de défice orçamental, mas se escavarmos um pouco mais, Portugal fica exposto", acrescenta.
Apesar das reservas quanto ao plano de apoio à Grécia, e à resistência esperada nos tribunais alemães, o economista acredita que, quando o plano for finalizado, Portugal será o próximo na lista.
"Podemos assumir que o plano será finalizado com a Grécia porque tem sido excluída dos mercados globais de dívida. Nessa altura vamos preferir agarrar na Grécia do que em Portugal e esperamos ver os juros de Portugal a aumentar", acrescenta.
"Os mercados vão começar a prestar muito mais atenção aos problemas de solvência de Portugal e Espanha, o que irá exigir um maior esforço de consolidação orçamental", disse.
Stuart Thomson diz ainda que concorda com a opinião do Governador do Banco Central da China, que considerou a Grécia apenas a ponta do iceberg dos problemas com as dívidas públicas, considerando que os países do sul do Mediterrâneo estão particularmente vulneráveis.
O economista prevê que a Espanha comece a sofrer o efeito dos mercados a partir deste verão, considerando, no entanto, que os elevados níveis de poupança (18 por cento) relativamente a Portugal (12 por cento) darão a Espanha uma maior capacidade de financiar o seu défice.
"Eu penso que a descrição de Portugal como o 'Bear Stearns da dívida pública' é muito adequada", diz o economista, comparando Portugal ao banco de investimento norte-americano cuja aposta na compra de hipotecas do subprime o levou a apresentar os primeiros resultados negativos das suas 8 décadas em 2007, acabando mesmo por ser integrado no JP Morgan Chase.
No domingo, o editor de economia do 'Daily Telegraph' escreveu um artigo de opinião dizendo que Portugal coloca maior risco à zona euro que a Grécia.
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