Apesar da crise, os resultados satisfatórios da praça financeira luxemburguesa poderiam deixar pensar que a economia regressou a uma certa normalidade. Mas, por vezes, os números enganam. Prudência continua a ser a palavra de ordem do último relatório de actividade da Comissão de Vigilância do Sector Financeiro (CSSF), apresentado na semana passada. A crise financeira levou os bancos no Luxemburgo, cujo número baixou de 152 para 149 num ano, a adaptar-se, e sobretudo a reduzir os seus activos arriscados. Um movimento que se traduz por um recuo de 17,9 % dos montantes dos balanços que se estabelece em 792,6 mil milhões de euros contra 930,857 mil milhões de euros um ano antes.
No entanto, o resultado líquido da totalidade dos bancos atinge 2,740 mil milhões de euros. Um aumento significativo comparado ao resultado historicamente baixo de 564 milhões de euros de 2009 e que resulta de uma diminuição radical das provisões que atingiram cinco mil milhões de euros em 2008.
Segundo Jean Guill, director geral da CSSF, "os benefícios declarados pelos bancos dão uma imagem enganosa de boa saúde, pois resultam, em grande parte, de margens de juros particularmente elevadas do princípio de 2009, de uma redução sensível dos custos de funcionamento e do efeito puramente contabilístico que a retoma das menos valias constatadas no pior momento da crise permitiu registar".
Por outras palavras, apesar dos resultados serem positivos em 2009, ainda não garantem um nível que permita um crescimento em 2010 e nos anos seguintes. Para além disso, apesar dos resultados globais serem satisfatórios, é necessário notar que há fortes disparidades entre os bancos. Cerca de 47 % das instituições bancárias registaram um resultado negativo relativamente a 2008 e o número de funcionários bancários no Luxemburgo baixou 2,9 %, passando de 27.705 empregados, em 2008, para 26.420, em 2009. Reconfortante é o facto de os ratios de solvabilidade se manterem estáveis e superiores ao mínimo exigido pela lei.
Quanto aos fundos de investimento, a CSSF também notou uma relativa acalmia. O património total dos organismos de investimento colectivo (OPC) passou de 1.557,7 mil milhões de euros, em 2008, para 1.841 mil milhões de euros, em 2009. Um crescimento de 18,04 % que resulta de 30 % de novas emissões e 70 % da retoma dos mercados.
O CSSF fez ainda notar, em 2009, o aumento de 22 % nas queixas que lhe são enviadas e que traduzem, segundo a mesma instituição, "o descontentamento dos investidores". Pedro Castilho
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