terça-feira, 7 de setembro de 2010

Missão económica acompanha visita de Estado dos Grão-Duques a Portugal

Operação de charme

A acompanhar a viagem dos Grão-Duques a Portugal vai estar uma missão económica chefiada pelo ministro da Economia luxemburguês Jeannot Krecké.

O objectivo é "o fortalecimento de relações económicas bilaterais, aumentando o fluxo de negócios directos entre os dois países", declara Francisco Silva (na foto), da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Luxemburguesa (CCILL).

"Graças à imigração portuguesa e aos empresários portugueses que aqui se instalam, o Luxemburgo representa hoje um volume considerável de importações de produtos portugueses".

"Mas o grande objectivo é ainda ir mais longe e transformar o Grão-Ducado num grande centro de distribuição para as empresas portuguesas que queiram atacar não só o Luxemburgo, mas também os países limítrofes, num mercado que atinge 11 milhões de consumidores e um dos mais ricos da Europa", garante Francisco Silva.

Dados de 2007 revelam que na altura havia apenas 800 marcas de produtos portugueses exportados directamente para o Luxemburgo, mas no mercado nacional encontram-se mais de duas mil. "O mercado português é altamente aliciante para o Luxemburgo. Em alguns sectores de actividade como o calçado, os móveis, os moldes, e até os têxteis, os preços portugueses são mais baratos do que aqueles que são praticados pelos nossos países vizinhos e o ideal seria que passássemos de um sistema triangular, em que os portugueses vendem a um intermediário, que por sua vez põe o produto no mercado luxemburguês, a um esquema bilateral, isto é, a exportar directamente para o Luxemburgo, e a partir daqui para o mercado europeu. Ganharíamos todos muito mais", explica confiante Francisco Silva. A acompanhar a visita dos Grão-Duques vão cinquenta empresários que vão manter contactos bilaterais com os empresários portuguesas.

A delegação de empresários do Grão-Ducado partiu já na segunda-feira para Lisboa e avistou-se ontem à noite com o embaixador do Luxemburgo em Lisboa, Alain de Muyser. Hoje, terça-feira, começam os encontros bilaterais, ainda na embaixada luxemburguesa, na rua das Janelas Verdes, na capital portuguesa. Depois, será a vez de a delegação reunir no AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal).

O que Francisco Silva diz considerar "uma oportunidade única, porque, pela primeira vez, vamos ter os responsáveis políticos que podem tomar contacto com a realidade".

"E a realidade é que o Luxemburgo está inserido numa Grande Região com 11 milhões de consumidores, tem um PIB de 315 mil milhões de euros (que representa 3 % do PIB da UE), no país há mais de 80 mil portugueses que podem fazer a ponte entre os dois lados. Em suma, há um potencial que os portugueses não têm explorado e que devem fazê-lo, ainda mais numa época difícil para as empresas portuguesas", diz Francisco Silva.

O ponto alto desta missão económica vai ter lugar no segundo dia da visita do casal grão-ducal a Portugal: um seminário no Hotel Ritz, em Lisboa, na quarta-feira, que vai contar com a presença do Grão-Duque Henri, com os ministros da Economia de Portugal e do Luxemburgo, com o presidente do AICEP e, claro está, com os empresários luxemburgueses e portugueses.

Uma delegação do AICEP no Luxemburgo

Francisco Silva gostaria ainda de ver uma representação do AICEP no Luxemburgo "como trampolim para a Europa do Norte" e espera que Portugal possa ser no próximo ano o país convidado da grande Feira de Turismo no Luxemburgo: a Vakanz. "Há essa oportunidade e nós já fizemos muitas diligências, mas até agora o Governo português ainda não deu resposta. O Turismo é um sector muito importante para Portugal e cada luxemburguês tem em média 1.900 euros, por pessoa, para gastar em férias, por ano, segundo um estudo recente. Ora porque não mostrar a grande qualidade dos equipamentos portugueses?", pergunta Francisco Silva.

"O turismo residencial, o golf e a costa portuguesa são únicos no nosso país. Cabe ao governo português promover cá fora aquilo que só nós, os portugueses, sabemos que temos", conclui Francisco Silva.

Domingos Martins

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