sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

"O futuro é sombrio", diz presidente do Banco Central do Luxemburgo

A situação económica do Grão-Ducado foi alvo de críticas por parte do presidente do Banco Central do Luxemburgo (BCL), Yves Mersch, que pensa que o "futuro é sombrio" e culpa o governo por "abrandar" os esforços de recuperação da economia.

No seu discurso de Ano Novo, o presidente do BCL comparou o Luxemburgo à Irlanda, que considera um exemplo "particularmente eloquente" para o Grão-Ducado. Segundo o responsável máximo do BCL, podem encontrar-se uma série de paralelismos entre os dois países: ambos possuem uma economia aberta e dependem fortemente do sector financeiro, cujos resultados estão em queda livre.

Desde logo, à imagem do banho de água gelada que se abateu sobre a Irlanda, a economia luxemburguesa "pode degradar-se rapidamente por falta de vigilância", avisa o presidente do BCL.

Para Yves Mersch, são dois os perigos que ameaçam o Luxemburgo a curto prazo: a competitividade e as finanças públicas degradadas. Uma opinião que, segundo o presidente do BCL, é partilhada por instâncias internacionais como o FMI e a OCDE nas suas análises detalhadas do país.

"O Luxemburgo deve, por um lado, relançar a sua competitividade e, por outro, sanear as suas finanças públicas", afirmou o presidente do BCL na mesma ocasião.

Yves Mersch vai mais longe nas explicações ao considerar que, estando o mal identificado, o problema está na reacção deficiente dos responsáveis. "É forçoso constatar que o governo abrandou os seus esforços, tanto em matéria de consolidação orçamental como dos custos salariais, o que, conjugado com os sérios desafios que se apresentam pela frente – inflação e taxa de desemprego elevadas, entre outros – augura um futuro sombrio para a economia do país".

O presidente do BCL sugere, como parte da solução para o problema, a criação de "um tecto para as despesas, que progridam duas vezes mais depressa no Luxemburgo que nos outros países da Zona Euro" e, simultaneamente, confiar a fiscalização desse limite de despesas "a um comité de especialistas independentes". Yves Mersch defendeu ainda que o mecanismo de indexação automática dos salários faz subir a inflação e diminuir a competitividade.

Foto: Anouk Antony

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