O Luxemburgo e a Bélgica, cujos salários são indexados à inflação, rejeitaram sábado à noite a ideia de abolir esta prática, recusando uma proposta avançada por Paris e Berlim, que defendem uma “maior coordenação” das políticas económicas europeias.
“O primeiro-ministro belga e eu rejeitámos claramente a ideia de abolir a indexação dos salários”, afirmou o primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker, à margem da reunião extraordinária do Conselho Europeu, que decorreu na sexta-feira em Bruxelas.
Juncker recordou que o seu país tem “a indexação dos salários mais automática”, mas também “um défice de 0,7% do Produto Interno Bruto [PIB], uma dívida pública muito baixa, de 19% do PIB, e uma das mais baixas taxas de desemprego da União Europeia”.
“Por isso, não vejo verdadeiramente em que medida a abolição da indexação dos salários vai aumentar a competitividade do meu país ou da Zona Euro”, reforçou.
O primeiro-ministro belga, Yves Leterme, também mostrou que “não está contra a convergência económica” na Europa, mas defendeu que “os Estados-membros devem ter espaço para gerir as suas próprias políticas”.
“Cada Estado-membro tem o seu próprio sotaque, as suas tradições. Não aceitaremos que o nosso modelo de concertação social seja desfeito”, preveniu.
Alemanha e França propuseram na sexta-feira aos seus parceiros europeus um “pacto de competitividade e de convergência” destinado a reforçar a disciplina e a coordenação no seio da Zona Euro para evitar novas crises da dívida. O projecto não foi ainda detalhado mas deverá incluir metas comuns em matéria de reformas, de dívida pública e de política salarial.
Nos últimos anos, “os custos dos salários divergiram no seio da Zona Euro”, sublinhou a chanceler alemã Angela Merkel, salvaguardando que isso “não quer dizer” que se vá “coordenar os salários”, mas, de facto, “os custos salariais são um elemento que determina a competitividade de um país”.
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