terça-feira, 19 de julho de 2011

Reino Unido/Escutas: Chefe da polícia lamenta contratação de antigo jornalista do News of the World

O chefe demissionário da Scotland Yard lamentou hoje, durante uma audição parlamentar, ter contratado um antigo diretor adjunto do jornal News of the World para assessor de imprensa da polícia.

“Sabendo o que sabemos agora, lamento aquele contrato porque é embaraçoso”, declarou Paul Stephenson, ao ser questionado por deputados membros da comissão parlamentar sobre a Administração Interna.

Em causa está a contratação de um antigo diretor adjunto do News of the World Neil Wallis para assessor de imprensa em tempo parcial entre outubro de 2009 e setembro de 2010 da Scotland Yard.

Wallis foi detido na quinta-feira passada no âmbito das investigações às alegadas escutas telefónicas e também à alegada corrupção de agentes da polícia.

Stephenson garantiu desconhecer que a filha de Wallis era funcionária da Polícia Metropolitana e considerou “infeliz” que a estância termal onde fez a convalescença de uma operação também tivesse Wallis como assessor.

O chefe da força policial - que está encarregue pela segurança na região de Londres mas que tem responsabilidades a nível nacional como o combate ao terrorismo - demitiu-se no domingo.

“Foi uma decisão muito triste para mim mas na aproximação dos Jogos Olímpicos [de 2012], se vai continuar a haver especulação sobre a posição do comissário e histórias a distrair, então se tinha de fazer algo era melhor fazê-lo rapidamente”, explicou.

Afirmou que tanto a ministra do Interior, Theresa May, como o presidente da câmara de Londres, Boris Johnson, se mostraram surpreendidos com o pedido de demissão.

Já sobre se teria deixado uma farpa ao primeiro-ministro quando, no anúncio de demissão, sugerindo que a situação não era tão grave como a contratação de Andy Coulson, antigo diretor do News of the World, Stephenson negou.

“O que eu estava a tentar dizer era simplesmente que quando Coulson se demitiu, ele demitiu-se para ser o líder e assumir responsabilidade”, lembrou.

Coulson demitiu-se do tabloide em 2007, após a condenação de um jornalista por escutar mensagens telefónicas de empregados da família real, mas foi contratado meses depois por David Cameron para assessor de imprensa do partido Conservador e permaneceu diretor de comunicações de Downing Street até janeiro deste ano.

Stephenson justificou que, por não ter sido diretamente envolvido no processo, “não tinha razões para duvidar da integridade de Wallis”, nem de o associar às escutas telefónicas.

LUSA

Sem comentários:

Enviar um comentário