quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Educação: Portugal deve saber recuperar qualificados que saem do País, diz sociólogo António Barreto

O sociólogo António Barreto defende que Portugal não pode impedir os portugueses qualificados de sair do País, pelo que os deve deixar partir para aprenderem no estrangeiro e criar condições para o seu regresso.

“Não tenham medo de quem se vai embora. Tenham medo é de quem não volta. Não é preciso que Portugal impeça [os portugueses] de partir, não fixem raízes a ninguém, deixem as pessoas partir e ir aprender [lá fora] mas depois saibam ir recuperá-los e criar condições para eles voltarem”, afirmou António Barreto.

O comentador político falava por ocasião de um jantar-debate promovido pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), que decorreu terça-feira à noite, em Lisboa.

Para Barreto, outra grande necessidade da sociedade actual é interromper a cultura do “segredo de Estado”. A informação, diz, é “a alma do negócio” e cabe aos sectores público e privado facilitar o acesso à informação.

“A informação é a alma do negócio. A partilha da informação é a alma do negócio. Quem pensa que o segredo ainda é a alma do negócio está muito enganado”, reiterou o comentador político. “Até com o analfabetismo estamos a acabar. Até com a tuberculose estamos a acabar. Por que é que não se acaba com o segredo de Estado?”, interrogou Barreto.

Para o sociólogo, os casos do TGV e do novo aeroporto são exemplos de como “o Estado é opaco”, uma vez que “se os estudos [destes projectos] tivessem sido conhecidos desde o início” não se tinha assistido a tantos reveses nas decisões políticas. António Barreto referia-se, nomeadamente, às várias localizações para o novo aeroporto de Lisboa.

O comentador defende ainda que “sem investimento, não há programa de resgate que valha” ao País, sublinhando que as políticas públicas devem concentrar esforços no conhecimento e na informação.

Para António Barreto, o investimento no computador Magalhães foi um “desígnio político” desnecessário, defendendo uma aposta nos conteúdos: “Não considero que investimento no Magalhães fosse necessário. Foi um desígnio político. Era mais importante a aposta nos conteúdos”, afirmou o comentador político.

Televisão pública deve elevar cultura de um povo


O sociólogo manifestou-se ainda “favorável à exigência de um serviço público de televisão” que contribua para “elevar a cultura do povo”.

António Barreto considerou que “a RTP podia ser uma joia na cultura portuguesa” mas, para isso, tem de “fazer o que os outros não fazem”.

Para o comentador político, o canal público de televisão não precisa de ter futebol, nem entretenimento, nem mesmo informação. A RTP deveria ser antes um espaço para a “alta cultura”.

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