Em 2009, o Luxemburgo sofreu um "choque severo" devido à recessão económica e apresentou o pior desempenho económico dos últimos trinta anos. A constatação foi novamente colocada em cima da mesa por especialistas do Fundo Monetário Internacional (FMI), que acabou de completar uma missão no país.
Este é um exercício habitual em que organismos internacionais como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e o FMI avaliam regularmente a situação económica e fiscal dos seus Estados-membros.
Ainda assim, segundo o FMI, tendo em conta a capacidade da economia do Luxemburgo, a recuperação é certa e o FMI propõe alguns caminhos nesse sentido. Parte da missão envolveu encontros e discussões com todos os parceiros representados na tripartida. O relatório final será publicado no início de Julho, mas as linhas gerais já são conhecidas.
O FMI assinala que a economia do Luxemburgo sofreu um choque severo em 2009 devido à recessão, e a contracção de 3,5 % do PIB foi o pior desempenho em três décadas.
O organismo internacional elogia sem reservas o governo, afirmando que, no auge da crise, este agiu rapidamente para salvar vários bancos, dando o seu apoio à economia. Isso só foi possível porque a situação financeira do Luxemburgo é robusta, frisa o FMI. No entanto, mesmo se a economia mostrou sinais de recuperação no segundo semestre de 2009, as projecções do FMI prevêem que o crescimento do PIB rondará os 3 % em 2010 e 2011, um valor bastante acima da média europeia mas ainda assim modesto para o Luxemburgo. Os peritos do FMI identificam três desafios para o Luxemburgo e propõem um pacote de recomendações. Em primeiro lugar, os esforços devem ser dirigidos para aumentar os rácios das entidades bancárias presentes no país, na sua maioria subsidiárias de grupos estrangeiros. Em seguida, o Luxemburgo deve consolidar as suas contas e reduzir o défice orçamental, que explodiu sob o impacto da crise e o resgate dos bancos. Para equilibrar as contas, o FMI diz que é imprescindível a reforma profunda do sistema de pensões e adaptar rapidamente o sistema de cuidados de saúde para assegurar a sua viabilidade.
O FMI apontou ainda o dedo à crónica dependência do sector financeiro, que limita a competitividade do país. Para o FMI, a harmonização da legislação internacional em matéria de tributação da poupança e as restrições relativas ao sigilo bancário obrigam o Luxemburgo a procurar cada vez mais novos produtos e mercados com alto valor acrescentado. Para recuperar a falta de competitividade das empresas, o FMI lembra que a indexação automática dos salários não pode ser sacralizada nas discussões em curso na tripartida.
Os "recados" do FMI juntam-se aos já feitos por outros organismos internacionais, como a OCDE e a Comissão Europeia. Há vários anos que a receita é conhecida, mas a dificuldade parece estar em passar à prática.
Francisco d’Oliveira
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