terça-feira, 2 de novembro de 2010

EUA/Eleições: “Mudança” pode chegar hoje a Washington, mas não a desejada por Obama

Barack Obama chegou à Casa Branca sob o signo da “mudança”, mas dois anos depois deverão ser os republicanos a reclamá-la, cavalgando nas eleições intercalares o descontentamento dos norte-americanos para assumir o controlo da Câmara dos Representantes.

Em campanha para as eleições intercalares ao longo das últimas semanas, Obama apresentou diversas variações da metáfora do “carro” norte-americano, que a sua administração “tentou tirar da vala”, em que os republicanos o deixaram em 2008, enquanto estes assistiam e dificultavam.

“E agora perguntam se podem ter as chaves de volta. E nós dizemos não! Não podem ter as chaves, vocês não sabem conduzir”, disse sábado no Connecticut.

Mas, o estado da economia e o persistente desemprego deverão pesar mais do que as metáforas presidenciais.

A última sondagem Gallup, de domingo, indica que os candidatos republicanos lideram por 15 pontos, em média, nas intenções de voto em relação aos seus adversários democratas - 55 por cento nas intenções de voto contra 40 por cento dos democratas.

A vantagem é “suficientemente grande para sugerir que, qualquer que seja a afluência às urnas, os republicanos vão conquistar mais do que os lugares necessários para obterem uma maioria na Câmara dos Representantes”, afirma a Gallup.

A questão não é se os republicanos “vão ganhar a maioria, mas por quanto”, e o ganho pode ser de “para cima de 60 lugares, com ganhos bem para cima deste nível a serem possíveis”, adiantam.

O líder democrata no Senado, Harry Reid, é o espelho das dificuldades democratas em motivar o seu eleitorado à participação eleitoral.

Veterano do Congresso, Reid chega ao dia de eleições no seu estado do Nevada colado nas sondagens a uma candidata do movimento conservador Tea Party, Sharron Angle, que além de ser estreante tem assumido posições fraturantes em relação ao aborto ou eliminação de departamentos do governo.

Com baixo crescimento económico e alto desemprego, a par de frustração com os políticos e sobretudo ao Congresso, os eleitores voltam-se para movimentos contestatários como o Tea Party, cujos candidatos passaram a fasquia das primárias republicanas e poderão ser uma nova força em Washington, dentro do partido.

Nas eleições, estão em disputa todos os 435 lugares na Câmara dos Representantes.

Também o controlo do Senado está em causa, mas apenas 37 dos 100 lugares estão em causa, pelo que um “assalto” republicano é mais difícil.

Além dos lugares no Congresso, os norte-americanos vão escolher 37 novos governadores, incluindo em grandes e influentes estados como a Califórnia, Florida, Texas e Ohio.

Mais incerto será o resultado das muitas consultas populares a ter lugar na ida às urnas, a mais notória das quais sobre a despenalização do consumo de cannabis na Califórnia.

Estas serão as eleições intercalares mais caras de sempre – 4 mil milhões de dólares, segundo o “think tank” Center for Responsive Politics.

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