sábado, 31 de março de 2012

Cabo Verde: Mário Lúcio garante "apoios pontuais" aos artistas cabo-verdianos

Foto: Guy Jallay
O ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio, prometeu "apoios pontuais" aos artistas cabo-verdianos, incluindo os emigrados. As garantias foram dadas durante um encontro na quarta-feira, na cidade do Luxemburgo."A palavra 'apoio' já saiu do dicionário do Ministério da Cultura, mas ainda assim pode haver apoios pontuais ou avulsos aos artistas. Queremos trabalhar na sustentabilidade e na continuidade de eventos e aguardamos que os projectos nos sejam apresentados com tempo para analisarmos", garantiu Mário Lúcio, cujo périplo pela Europa para a captação de fundos para a cultura cabo-verdiana, o trouxe durante um dia ao Grão-Ducado.

Para o músico-ministro, a gestão cultural "não tem sido difícil", porque os critérios "são claros e o ministério só pode fazer algo com aquilo que tem". Do lado dos artistas esperam-se iniciativas com o que se tem. "Os artistas têm de fazer aquilo para que nasceram: a arte. Eu sou pago por aquilo que faço, mas os artistas investem o próprio dinheiro para fazer o que é deles. O mérito é deles e essa é a grande força que levo daqui, assim como as sugestões destas pessoas que estão preocupadas com a nação e a sua identidade", disse o ministro.

Sobre a perda da Cesária Évora, Mário Lúcio reconhece a figura "insubstituível". "A Cesária é insubstituível, mas outros grandes nomes virão e oxalá voltemos a ter gente que multiplique a projecção dela", augura o "Gilberto Gil de Cabo Verde", que promete voltar aos palcos quando deixar o ministério.
Texto: Henrique de Burgo

Jeunesse - Dudelange, o jogo do ano da Liga BGL

Foto: Manon Mentgen
A Jeunesse acolhe amanhã (19h) o Dudelange no encontro mais importante da jornada. Com 7 pontos de avanço sobre os "alvinegros", os forasteiros podem dar, em caso de vitória, um passo determinante para a revalidação do título.

Se a Jeunesse quiser relançar o campeonato, a vitória é fundamental. No entanto, a tarefa não se apresenta nada fácil, já que o Dudelange conta por vitórias os jogos efectuados em 2012.

Outro dos jogos a não perder é o Differdange - Grevenmacher, respectivamente 4° e 3° classificados separados por dois pontos. Com quatro derrotas este ano, o Grevenmacher arrisca-se a perder o 3° lugar para o seu adversário. A 20a ronda abre hoje (19h30) com o Hesperange - Niederkorn. No domingo disputam-se os jogos Hamm Benfica - Kayl/Tétange, Rumelange - Hostert, Käerjéng - Racing, e Pétange - Fola.

Luxemburgo: Mês do Donativo arranca amanhã

O "Mois du Don" (Mês do Donativo) da Cruz Vermelha luxemburguesa arranca no domingo.

Este ano, a iniciativa é alargada a todo o mês de Abril, quando nos anos anteriores decorria durante uma quinzena. O lema este ano é "Em Abril, tornai-vos úteis" ("En avril, rendez-vous utile").

Durante o próximo mês, a Cruz Vermelha vai estar a recolher donativos que vão ser investidos em quatro áreas de actividade da organização: saúde, apoio social, juventude e acções humanitárias. Este ano, vão estar envolvidos mais de dois mil voluntários na campanha de solidariedade.

A Cruz Vermelha recolheu mais de 925 mil euros no ano passado.

Os donativos podem ser transferidos para a seguinte conta: CCPL LU52 1111 0000 1111 0000 (descrição: Mois du don 2012).

Jantar de solidariedade vai ajudar jovens deficientes

A Associação Portuguesa de Walferdange (APW) e os “Amigos dos 50 anos” vão recolher fundos para ajudar crianças e jovens portugueses com deficiência. Ivo, de 36 anos, residente na Ribeira Brava (Madeira), António Monteiro, de 50 anos, de Fontes (Santa Marta de Penaguião), e Ana Lúcia, de sete anos, da freguesia de Glória (Salvaterra de Magos), vão receber a ajuda da associação portuguesa no Luxemburgo.

Ivo está acamado há 16 anos numa cama normal com um colchão de esponja. A mãe tem 61 anos, trata sozinha do filho, mas como são muito pobres não têm dinheiro nem sequer para os medicamentos de que o jovem precisa. Até agora, o Estado pagava as fraldas, mas até isso deixou de fazer. A APW pretende oferecer uma cama adequada, fraldas e medicamentos ao Ivo.

Quanto a António Monteiro, teve um ataque cardíaco que o paralisou para a vida. O português, pai de uma filha de quatro anos, precisa de uma casa de banho adequada à sua condição. Onde mora, a casa de banho fica no piso térreo, até onde não consegue deslocar-se.

A pequena Ana Lúcia tem uma doença rara de pele. Para se tratar, tem de tomar medicação vinda do estrangeiro, que os pais não têm possibilidades de pagar.

A APW recorda que os fundos angariados não vão ser enviados para estas famílias, mas sim servir para comprar os equipamentos e medicamentos de que precisam, contra apresentação de factura.

Para a recolha de fundos, a APW organiza um jantar a 31 de Março, pelas 19h30, na Sala Prince Henri, em Walferdange. O jantar vai ser animado pelo duo Tózé Gomes de Brito & Gina, e o cantor Luís Guilherme, vindo de Portugal.

O jantar (carne grelhada) custa 15 euros para adultos e 7,50 euros para crianças dos sete aos 12 anos. A organização pede aos participantes para trazerem sobremesa, como forma de contribuírem para esta causa. A entrada no baile é gratuita. Reservas e inscrições pelos tel. 33 20 05 ou 661 199 685.

A associação "Amigos dos 50 anos" aproveita a ocasião para convidar as pessoas entre os 50 e os 60 anos a integrarem o grupo.

Texto: Ricardo Raminhos

Luxemburgo: Campeonato de futsal regressa com luta entre candidatos

Foto: Álvaro Cruz
A quarta jornada do campeonato da Associação Luxemburguesa de Futsal regressa este fim-de-semana com mais uma ronda "quente" de jogos, no que toca à liderança em ambas as zonas.

Amanhã, o pavilhão de Echternach acolhe os seguintes encontros: às 9h30, a ADCR Echternach defronta a AAP Steinfort; às 11h, o All Stars - Nordstadt e, a partir das 12h30, o Estrelas do Norte, lanterna vermelha, defronta o líder FC Bettendorf.

No domingo, disputam-se os encontros referentes à zona sul, com a primeira partida agendada para as 15h, entre o FC Monnerech e o Sparta Schifflange.

Às 16h30, Futsal US Esch e ALSS Futsal Team jogam entre si e, a fechar a ronda, às 18h, o tão esperado derby entre Players Sud e Samba Seven.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Sporting de Braga defende liderança no estádio na Luz

O Sporting de Braga defende amanhã a liderança da Liga portuguesa de futebol, na deslocação à Luz, estádio do fragilizado Benfica para o jogo grande desta 25a jornada, que pode ser capitalizado pelo campeão FC Porto.Lançado por uma série de 13 vitórias consecutivas no campeonato, o Braga apresenta-se em Lisboa motivado por uma liderança que lhe "caiu no colo" muito por força também dos deslizes do FC Porto e mais recentemente do Benfica, que, em contraponto com os minhotos, apenas ganhou dois dos últimos cinco encontros na prova.

O FC Porto vai procurar cumprir a "obrigação" de vencer na recepção ao Olhanense e colocar sob pressão os adversários na luta pelo título. Frente ao tranquilo sétimo posicionado, os "dragões" têm tudo a ganhar nesta jornada, antes da difícil deslocação ao Minho para defrontar o Braga.

No domingo, disputam-se às 16h o encontro de extrema importância entre os "aflitos" Feirense e Beira-Mar e também o Nacional da Madeira - Rio Ave, Gil Vicente - Vitória de Setúbal e também o Sporting que visita a União de Leiria, penúltima classificada da tabela classificativa. Um jogo que se pode tornar perigoso para os "leões" se acusarem o desgaste da partida de ontem contra os ucranianos do Metalist Kharkiv dos quartos-de-final da Liga Europa.

O encontro entre o Vitória de Guimarães e o Paços de Ferreira, a partir das 20h15, na cidade berço, encerra uma jornada que promete ser pródiga em emoções.

Luxemburgo: Mais de 100 polícias agredidos em 2011

Foto: Guy Jallay
No ano passado, 120 polícias foram agredidos em serviço. Até ao momento, este ano já foram contabilizados 42 casos de agressão. Os números foram apresentados na Assembleia Geral do sindicato da polícia, na quarta-feira. O tema, que não estava na agenda da reunião do sindicato, gerou forte debate.

A reforma do estatuto dos funcionários do Estado foi outro dos temas em cima da mesa. O sindicato defende que o Governo não deve mexer nos salários e nos bónus dos polícias.

Para o presidente do sindicato, Albert Ressel, uma tal redução iria dificultar ainda mais o recrutamento de novos profissionais.
O responsável entende que ser polícia é uma profissão de risco e que, por isso, deve ser bem remunerada.
Na ocasião, Albert Ressel disse que o sindicato está disposto a sair à rua em protesto caso as suas reivindicações não sejam ouvidas.

Luxemburgo: Habitação mais cara 9,4 % em cinco anos

Foto: Marc Wilwert
Os preços dos apartamentos no Luxemburgo aumentaram em média 9,4 % entre 2007 e o ano passado, diz o mais recente relatório do Statec. A média de preços na Zona Euro progrediu apenas 0,9 % no mesmo espaço de tempo. A partir de 2009, e ao contrário do que se verificou na Europa, os preços da habitação no Grão-Ducado continuaram a subir. Em 2010 e 2011, os preços dos apartamentos aumentaram anualmente em 4 %. O mesmo se passou em França e na Bélgica (entre 4 e 5 %). Em média, um apartamento no Luxemburgo custava 310 mil euros em 2011. A região Centro continua a ser a mais cara do país, revela o estudo do gabinete de estatística do Grão-Ducado.

Luxemburgo: Bom tempo e sol voltam a 7 de Abril

O bom tempo volta a 7 de Abril, é a promessa dos meteorologistas. Depois de vários dias com temperaturas em alta, o mercúrio desceu ontem e vai piorar amanhã com a queda de alguns aguaceiros. Na segunda o sol vai talvez espreitar, mas o pior dia é mesmo terça-feira, em que é esperada chuva.

Angola quer alterações ao Acordo Ortográfico

Foto: Shutterstock
Angola, que ainda não ratificou o Acordo Ortográfico, quer ver nele grafadas as contribuições das suas línguas nacionais, à semelhança do que fizeram já alguns Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A exigência angolana surge na altura em que os ministros da Educação da CPLP se encontram reunidos em Luanda para analisar a questão de implementação do acordo. No encontro ministerial de hoje, Angola pretende ver acautelada além da grafia, a questão de implementação do acordo no seu sistema educativo.

Para o representante do Ministério das Relações Exteriores de Angola, Oliveira Encoge, "Angola quer ver grafados no acordo aquilo que é contribuição das suas línguas nacionais, à semelhança do que Brasil e Timor introduziram". 

Luxemburgo: "Centro de Sichem faz um trabalho importante", diz presidente da Câmara dos Deputados

"O centro de acolhimento Sichem tem desenvolvido um trabalho importante em prol da sociedade que deve ser divulgado". As palavras são de Laurent Mosar. O presidente da Câmara dos Deputados visitou na quinta-feira, dia 29 de Março, o centro de acolhimento a mulheres grávidas de Sichem, em Walferdange, e ficou satisfeito com o balanço apresentado pela Fondation Maison de la Porte Ouverte.

O presidente da Câmara dos Deputados enalteceu ontem o trabalho feito no centro de acolhimento Sichem, em Walferdange "O centro de acolhimento Sichem tem desenvolvido um trabalho importante em prol da sociedade que deve ser divulgado", disse Laurent Mosar (na foto, à dta).

Sichem recebeu 30 jovens mães e os seus filhos ao longo de 2011. Os números foram apresentados por Myriam Mersch-Zimmer, directora da Fondation Maison de la Porte Ouverte (entidade que gere o centro), a Laurent Mosar. A responsável disse ainda que a maioria das mulheres que deu entrada no centro era vítima de violência doméstica.

Já Isabelle Marchal (na foto, à esq.), a responsável pelo centro, alerta que "é muito difícil encontrar pessoal qualificado que seja dedicado ao trabalho que envolve o acompanhamento das mães". "O nosso objectivo é apoiar estas mulheres e ajudá-las a criar uma ligação com o bebé", disse Marchal, acrescentando que "muitas delas vêm de um meio familiar violento" ou que "o bebé não foi planeado", como é muitas vezes o caso das mães mais jovens.

O centro de acolhimento Sichem está a funcionar desde 2010 e faz parte da rede de estruturas semelhantes que estão sob a alçada da Fondation Maison de la Porte Ouverte.

Texto e foto: Irina Ferreira

"Banksy português" deixa marca no Luxemburgo

Alexandre Farto, conhecido como "o Banksy português", esteve no Luxemburgo para participar numa exposição colectiva em Oberkorn. E deixou marcas: a convite da autarquia de Diferdange, o artista urbano esculpiu um dos seus famosos rostos na fachada de um edifício de Differdange, em plena Grand Rue.

Conhecido pelo pseudónimo Vhils, Alexandre Farto é um artista urbano com grande projecção internacional. Em 2008, com apenas 23 anos, Vhils atraiu a atenção da crítica quando expôs em Londres, na Cans Art, a convite de Banksy, o mítico grafitter britânico. Os seus rostos esculpidos em paredes tornaram-no conhecido de Londres a Nova Iorque. E até na China, a próxima paragem de Alexandre Farto, que viajou ontem para Xangai, onde vai fazer mais um mural.

Natural do Seixal, Vihls veio ao Grão-Ducado a convite do artista luxemburguês Sumo, para uma exposição colectiva inaugurada ontem no Espaço H2O, em Oberkorn. A mostra integra ainda obras de Alëxone e Sumo e pode ser vista até 13 de Maio. O mural de Differdange, esse, é intemporal.

"O Luxemburgo dá vontade de fazer coisas novas"

Foto: Charlot Kuhn 
O professor de artes plásticas Luís Ançã (foto) inaugurou ontem a exposição "Sketching Alentejo" no Instituto Camões. O autor trouxe ao Luxemburgo 20 desenhos do Alentejo, em aguarela e tinta-da-china, e pensa agora fazer desenhos do Luxemburgo.

"Aqui no Luxemburgo vejo coisas diferentes e dá vontade de fazer coisas novas", revelou Luís Ançã, que tem na pintura e no desenho o seu guião de vida. O autor tem-se destacado em trabalhos plásticos experimentalistas e de vanguarda, mas não nega o gosto pelo real, pelo desenho despreocupado.

"São desenhos e registos rápidos que se fazem em cadernos: o chamado 'diário gráfico'. Mas para expor aqui no Luxemburgo, impôs-se o desafio de pintar em folhas de papel", diz Ançã, que não acredita em especialidades no desenho e assume a disciplina com 'd' grande. "Da formiga à paisagem, gosto de desenhar tudo. Não acredito em especialidades no desenho e quem desenha deve saber desenhar tudo".

Lisboeta de gema, o professor vive no Alentejo há 14 anos e é aí que encontra a serenidade e a tranquilidade que emprega na sua arte. "Sinto-me muito beneficiado pela serenidade do Alentejo. Procuro aquilo de que gosto e é aí que encontro a horizontalidade e a tranquilidade. O Alentejo proporciona uma certa intemporalidade, mas no sketching o nosso tempo é o 'instante' e temos de capturar aquilo que vemos".
A exposição está patente até 19 de Abril no IC.
Texto: Henrique de Burgo

Arcelor: 1.100 empregos salvos, para já

Os 1.100 trabalhadores, dos quais cerca de 30 são portugueses, da Arcelor em Schifflange e Rodange não vão, para já, perder o seu emprego. Continuarão na Célula de Reafectação (CDR). A empresa e o Governo discutiram na quarta-feira um plano para salvaguardar esses postos de trabalho até 2019.

O Estado luxemburguês vai garantir mais 60 milhões de euros, aos 150 milhões já investidos, e a Arcelor compromete-se a investir 150 a 200 milhões de euros na modernização das unidades, além de 200 milhões só em Belval, e terá ainda de disponibilizar terrenos para o Governo construir habitações.

A empresa diz que vai estudar a proposta e responder até Novembro de 2013. Caso não aceite, o Estado retira o investimento. Os sindicatos e o ministro da Economia não acreditam que a produção recomece em Schifflange e Rodange, e dizem que só o contexto económico ditará o futuro dessas unidades.

"Não pagamos!"

Foto: Marc Wilwert
A partir do próximo ano, os emigrantes portugueses vão ter de pagar uma propina de 120 euros por cada filho que frequente os cursos de Português no ensino paralelo. A medida anunciada pelo Governo português está a indignar o Sindicato de Professores no Estrangeiro, que apela ao boicote.

"Não pagamos!". O grito de protesto celebrizado nos anos 90 pelos estudantes universitários pode vir a servir de lema para uma nova luta anti-propinas.

Em causa está a introdução de propinas nos cursos de Português no estrangeiro. A partir do próximo ano, os emigrantes portugueses vão ter de pagar uma propina de 120 euros por cada filho que frequente os cursos de Português no ensino paralelo, leccionados fora do horário escolar. Aulas que até agora eram gratuitas, como prevê a Constituição Portuguesa, mas que vão passar a ser pagas, anunciou o secretário de Estado das Comunidades na terça-feira. A medida está a indignar o Sindicato de Professores no Estrangeiro, que quer que os pais boicotem o pagamento.

"É óbvio que estamos contra. E dizemos que não pagamos!", diz Carlos Pato, responsável pelo SPE. O sindicalista, que vive no Luxemburgo, garante que o sindicato vai fazer tudo para que a medida não vá para a frente.

"A nossa mensagem é solicitar aos pais, mães e encarregados de educação que inscrevam os filhos nos cursos. E depois o senhor secretário de Estado que venha às salas de aula pedir aos pais que têm dois e três filhos nos cursos o dinheiro, que é um enorme rombo no orçamento familiar", diz Carlos Pato.

Para o responsável do SPE, a introdução de propinas é injusta e constitui uma dupla cobrança. O Governo português paga o salário dos professores, mas as salas são cedidas gratuitamente.

"Os Governos estrangeiros cedem as salas, as fotocopiadoras e os computadores a custo zero. Então porque é que o senhor secretário de Estado vem tirar dinheiro aos bolsos dos emigrantes, que enviam milhões de euros para Portugal?", indigna-se. "Ainda por cima numa altura em que há uma nova vaga de emigração que está em situações de miséria. Isto é um enorme desprezo pelo esforço que cada português faz para sair do país e encontrar uma vida melhor, uma vida que o nosso país não lhes pode proporcionar. O senhor secretário de Estado sofre de miopia social".

A medida também é discriminatória, acusa Carlos Pato.

"Os alunos que andam no ensino integrado, porque a tutela tem medo de mexer nos acordos bilaterias, não vão pagar a famigerada propina. Vai haver pessoas da mesma família, primos ou até irmãos, em que um paga e outro não, porque não têm acesso ao ensino integrado".

No Luxemburgo, a medida afecta pelo menos 2.028 alunos, o número de inscritos este ano no ensino paralelo. Isentos ficam os alunos do ensino integrado, que são actualmente 2.184.

Texto: P.T.A.

Luxemburgo: Três portugueses e uma cabo-verdiana no CNE

Custódio Portásio, Coimbra de Matos e Teresa Pignatelli são os três portugueses eleitos para o Conselho Nacional para Estrangeiros. Eleita pelo círculo fora da UE foi também a cabo-verdiana Débora Barros.

Foram precisos apenas 27 votos para eleger Custódio Portásio, o português mais votado nas listas para o Conselho Nacional para Estrangeiros, na quarta à noite. Portásio faz parte da direcção da associação Amizade Portugal-Luxemburgo e é vice-presidente do CSV internacional. "Não estava à espera de ser o que teria mais votos, mas o objectivo agora é trabalhar em equipa. Cada um integrará o CNE com as suas competências. No meu caso, a minha experiência é na educação e na área social", diz.

Em segundo lugar, com o mesmo número de votos (19), ficaram Teresa Pignatelli, responsável do gabinete de aconselhamento psicológico "Antenne d'écoute", e José Coimbra de Matos, presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL). Com uma experiência de 35 anos como dirigente associativo, Coimbra de Matos já foi membro do CNE de 2003 a 2007. Nas últimas eleições não se candidatou, desiludido com o funcionamento deste órgão consultivo do Governo luxemburguês para as questões da imigração. "Havia uma forma de abordar os problemas que era mais para agradar ao Governo do que às pessoas que cabe ao CNE defender", critica o dirigente associativo, que está satisfeito por ver "sangue novo" naquele órgão.

Teresa Pignatelli é uma das estreantes entre os 22 novos membros do CNE, mas espera que a sua presença "possa servir para melhorar a vida não só dos portugueses, mas dos estrangeiros do país".

Eleita foi ainda Débora Barros, membro da Associação dos Pais de Alunos de Origem Cabo-verdiana (APADOC), com 24 votos. Até à hora do fecho desta edição, o POINT24 não conseguiu falar com Débora Barros.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Luxemburgo: Rádio Norte sopra 20 velas

A Rádio Norte festeja no domingo o seu 20° aniversário no Centro Cultural Larei, em Vianden, a partir das 20h30. Para esta festa, a emissora portuguesa do Norte do Luxemburgo, inicialmente chamada Rádio Intercultural do Norte, vai contar com muitos artistas da comunidade, como os grupos As Duas Irmãs, Los Gasolina, Os Amigos da Concertina, e os cantores Félix, Carlos Carvalho, Zé Mário, Luna, Leandro Correia, Stéphany, e ainda a fadista Goreti Belchior.

Luxemburgo: Alunos organizam jantar de solidariedade por Cabo Verde

Foto: Aleida Vieira
Os alunos do liceu Mathias Adam organizam um jantar de solidariedade por Cabo Verde, este sábado, dia 31.

Claudio Beretta, Fabrice Beretta, Jérémy Neves e Sebastiani Adriano são alunos do 12o ano do curso de Comércio e Gestão do Liceu Técnico Mathias Adam, em Pétange. O projecto "Dinêr de solidarité pour le Cap Vert" é da autoria dos quatro e faz parte do currículo escolar.

"Todos os alunos que chegam ao 12o ano de Comércio têm de fazer um projecto e nós decidimos organizar este jantar. Os fundos recolhidos com o jantar têm como objectivo ajudar a associação Cap Vert Espoir et Développement (CVED), sediada no Luxemburgo", disse ao CONTACTO Jérémy Neves.

A CVED tem neste momento no terreno quatro projectos, todos focados no desenvolvimento socioeconómico de Cabo Verde. Melhoria das condições de vida dos jovens em São Miguel (colaboração com os farmacêuticos Sem Fronteiras e Black Boys); promoção de energias renováveis e eficiência energética em Cabo Verde (colaboração com os Farmacêuticos Sem Fronteiras); construção de um centro de acolhimento educativo e promoção da saúde infantil e feminina da cidade do Tarrafal, na ilha de Santiago; e aquisição de uma estação fotovoltaica para alimentar uma aldeia da Ribeira Brava, na ilha de São Nicolau, são os projectos da associação.

O jantar organizado pelos alunos do Mathias Adam vai servir também para mostrar Cabo Verde e a sua cultura através da música, culinária e alguns projectos. O encontro deste sábado está marcado para o Centro de Lazer de Lamadelaine, às 19h30. A noite vai ser animada por um DJ, pela música cabo-verdiana e muita dança até às 3h da manhã. O preço de entrada são 35 euros. Mais informações e reservas através do email solidaritéCV@live.com ou pelo tel. 691 970 681 (Jérémy Neves).

A associação Cap Vert Espoir et Développement informa que vai ter a sua Assembleia Geral já no dia 4 de Abril, no CLAE, (26, rue de Gasperich), pelas 19h.

Texto: Henrique de Burgo

José Castelo Branco no Luxemburgo

Numa altura em que estilistas de todo o mundo apresentam as suas criações, o Luxemburgo acolhe a sua primeira "Fashion Week", nos dias 6 e 7 de Abril.

O evento organizado pela empresa de organização de eventos Tizia sàrl, vai contar com a presença de várias figuras internacionais, entre elas os portugueses José Castelo Branco e João Rôlo.

Conhecido por todos os portugueses, José Castelo Branco, agenciado pela Layjan, é o convidado de honra deste evento. O estilista João Rôlo, que tem vindo a conquistar o mercado da alta-costura com as suas colecções de requinte e que tem vindo a vestir muitas das celebridades portuguesas, vem ao Luxemburgo apresentar a sua nova colecção na Fashion Week, um evento que pretende fazer desta cidade uma capital da moda.

No dia 6, o evento tem inicio, às 18h, nas Caves Bernard Massard, em Grevenmacher. No dia 7, o barco Marie Astrid recebe, pelas 20h, o segundo dia do "Luxembourg Fashion Week", seguindo-se uma festa privada numa discoteca da capital.

O evento é restrito a convidados, pelo que a entrada só será permitida a quem apresentar convite. Os leitores do CONTACTO que pretendam adquirir o convite devem contactar a organização pelo tel. 621 740 510 (ou enviando um e-mail para contact@luxfashion.lu ).

OLAI lança consulta à sociedade civil

Um questionário online dirigido à sociedade civil está disponível no site do Gabinete Luxemburguês de Acolhimento e de Integração (OLAI), até 5 de Abril.

O objectivo é recolher opiniões das associações e estruturas associativas do Luxemburgo sobre o que devem ser as acções e as prioridades do trabalho do OLAI no próximo ano e em 2014. As conclusões da consulta à sociedade civil vão ser em seguida submetidas ao Comité Interministerial da Integração.

O questionário, que vai estar acessível na internet até 5 de Abril, existe em língua francesa e inglesa.

O documento pode ser preenchido em linha ou descarregado em formato PDF (na morada: www.olai.public.lu/fr /actualites/2012/03/consultation_pan/index.html ).

Luxemburgo: CASA com stand no Mercado da Páscoa

O Centro de Apoio Social e Associativo (CASA) vai ter um stand no Mercado da Páscoa, entre os dias 2 e 7 de Abril, na place de Paris, na cidade do Luxemburgo. O stand, que vai estar aberto diariamente ao público entre as 10 e as 18h30, propõe produtos do artesanato e da gastronomia portugueses, como doces, amêndoas, castanhas, mel da Serra do Caramulo, vinhos, toalhas típicas portuguesas e loiça em cerâmica, além de vinho quente com canela.

A associação prepara-se para festejar o seu 32° aniversário a 21 de Abril e vai aproveitar a ocasião, como habitualmente, para distinguir personalidades que se destacaram na área sociocultural.

A animação da festa inclui desfile de ranchos folclóricos, grupos musicais e de dança pela Montée de Clausen, e actuação dos mesmos em frente à sede do CASA, onde decorrerá a cerimónia oficial (15, Montée de Clausen, na cidade do Luxemburgo).

quarta-feira, 28 de março de 2012

Criminalidade aumenta 14,7% no Luxemburgo

A criminalidade no Luxemburgo aumentou 14,7 % em 2011, face ao ano precedente, em grande parte devido ao aumento de assaltos. Depois de um ligeiro declínio em 2010, no ano passado registaram-se 6.975 crimes, o pior resultado desde 2007.
Os dados foram avançados pelo ministro do Interior luxemburguês, Jean-Marie Halsdorf, esta semana, durante a apresentação das estatísticas de criminalidade da polícia referentes a 2011.

Os delitos contra propriedades continuam a ser os mais elevados (17,8 %), em grande parte causados por assaltos (48,7 %). Os assaltos tiveram como alvo preferencial as casas habitadas (59,1 %), mais lucrativas, enquanto as casas desabitadas eram 35,5 %.

Mas os crimes praticados contra pessoas também aumentaram. Entre 2010 e 2011, um em cada cinco crimes foram cometidos contra pessoas (17,6 %). A tendência do aumento de delitos também se aplica a golpes e agressões voluntárias (10,9 %), ameaças, difamação, calúnia e injúrias, assim como ao vandalismo, furto de veículos e violência doméstica. No ano passado, a polícia fez em média duas intervenções por dia por causa da violência doméstica.

No sentido contrário, os assaltos à mão armada, as violações, os atentados ao pudor e os homicídios voluntários registaram uma queda no ano passado. Esta última categoria registou apenas quatro casos em 2011. Já as tentativas de homicídio passaram de 77 (2010) para 82 (2011).

Já dentro das infracções consideradas "diversas", o consumo de estupefacientes foi a que registou maior progressão. Os casos de desobediência e ultrajes a agentes de autoridade mantiveram-se estáveis.

Em resposta a estes números, onde se nota um impressionante recrudescimento de assaltos, o director da Polícia grã-ducal, Romain Netgen, referiu-se à "crise".
"Esses números reflectem uma realidade económica devido à crise", sem esquecer o aumento do crime transfronteiriço em relação a 2010. Segundo a polícia, o crime transfronteiriço representa cerca de 60 % dos crimes praticados no Luxemburgo, na sua maioria roubos.

A evolução demográfica do país e o clima social foram outros dos factores que explicam este aumento da criminalidade.

O ministro do Interior, por sua vez, relativizou estes dados comparando os níveis de criminalidade do Luxemburgo com o resto da Europa. "Apesar destes dados, o Luxemburgo continua a ser um país relativamente seguro em comparação com o resto da Europa, mesmo que uma tragédia como a de Toulouse possa ocorrer", disse Jean-Marie Halsdorf.

Halsdorf garantiu ainda à polícia que este ano vão chegar os novos radares e que o projecto de reforma da polícia deve ser finalizado em Outono.
Foto: Anouk Antony

Suzana, ex-Tentações, actua sábado em Consdorf

A cantora Suzana, ex-Tentações, vai actuar no sábado no Centro Cultural de Consdorf, neste que é o seu primeiro concerto no Luxemburgo. O CONTACTO conversou com a artista antes da sua vinda.

CONTACTO.: Quais as expectativas que tem para este concerto?
Suzana: Estou bastante ansiosa. Espero que as pessoas compareçam e gostem de ouvir as minhas canções. Tenho algumas pessoas inscritas no meu clube de fãs que vivem no Luxemburgo e espero que estejam lá todos. Espero que seja uma noite muito feliz para todos e todas, que se divirtam muito. Como é a primeira vez no Luxemburgo será muito bom ter o apoio de todos.

CONT.: Como definiria a música que faz? Quais são as suas referências musicais?

S.: Considero a minha música pop ligeira e romântica. Há vários cantores que eu gosto muito e com quem, de certa forma, até me identifico, como Céline Dion, Phil Collins e Tony Carreira, entre mais alguns.

CONT.: Começou a sua carreira nas Tentações. Como foi essa experiência?

S.: Fantástica. Foi um período muito bom e que me ensinou muito. Eu já estava na música, fazia bailes, bares e discotecas, mas nada ao nível das Tentações. Eu já tinha alguma experiência de estúdio, mas com a banda foi completamente diferente. Entrei num mundo completamente profissional, e com um ritmo diferente e muito mais exigente. A este nível, as coisas acontecem muito rapidamente, e ou se está preparado para acompanhar, ou o barco passa. Esta experiência ajudou-me muito a crescer como profissional e como pessoa. Foram momentos muito bons e inesquecíveis. Tenho fãs que me acompanham desde as Tentações até hoje.

CONT.: Tem sido cantora de apoio de Tony Carreira desde há muitos anos. Como surgiu esta oportunidade? 

S.: Vim para este mundo profissional pela mão de Tony Carreira. Ele viu-me fazer uma primeira parte de um espectáculo seu e gostou de me ouvir. Falámos, ele na altura tinha planos para fazer algo comigo, mas a solo. Passado um ano, recebo um telefonema de um sócio do Tony a convidar-me para integrar a banda Tentações, da qual também era produtor. Aceitei.
Com o fim das Tentações, voltei a receber um convite do Tony e do António Gomes [Editora Espacial, n.d.R.] para gravar a solo, o que também aceitei. Fui a única a gravar de imediato. Esse convite deixou-me lisonjeada, uma vez que saí com o meu primeiro disco seis meses depois. Foi uma prova de confiança e de incentivo às minhas qualidades e também de muita responsabilidade. Senti-me e sinto-me muito orgulhosa por, ainda hoje, ter um amigo, um profissional e colega – como ele diz e me trata muitas vezes – ligado à minha carreira e a quase todos os meus discos.
Mas estava muita coisa a acontecer naquela altura, o Tony estava com muitos espectáculos, como ainda hoje, e com espectáculos que marcaram a sua carreira para sempre, como o Olímpia, os Coliseus, e o Pavilhão Atlântico. Na altura em que o meu disco sai, ele para me ajudar, mesmo com garantia de trabalho e de divulgação e promoção, convida-me a fazer parte do seu espectáculo, o que aceitei de bom grado, e ainda bem, porque foi a maior escola por onde passei até aos dias de hoje. Foi uma honra ter feito parte da equipa do maior cantor português.

CONT.: Já tem oito discos editados, incluindo um Best Of . Olhando para trás, como descreveria a sua carreira?

S.: A minha carreira não foi um chegar, ver e vencer. Tem sido tudo conquistado a pulso e de uma forma lenta, mas penso que segura. A minha carreira tem sido um passo de cada vez e na procura de um caminho certo. De certa forma, tenho feito aquilo que mais gosto, que é cantar, e com o apoio das pessoas de quem eu gosto e confio. Olhando para trás, tenho que me sentir feliz por verificar que tenho vindo a ganhar mais amigos e pessoas que gostam daquilo que lhes ofereço, que são as canções.

Texto: IF
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O baile vai ser abrilhantado pela banda Paulo de Oliveira. Os bilhetes (10 euros, em pré-venda; 15 euros, na bilheteira) estão à venda: na sede da Associação Cultural de Consdorf; Tip Top Chaussures (Echternach); e Café Graça (Mersch). Mais informações pelos telefs. 691 643 045, 621 494 412, 621 380 148.

Nova esperança para portadores da Doença dos Pezinhos

A associação DJ Ricky muda de nome para "Association Luxembourgoise de Paramiloidose Portugaise" e vai dedicar-se a ajudar os portadores de paramiloidose, mais conhecida por "Doença dos Pezinhos". A associação tem ainda como objectivo descobrir a origem e a possível cura da doença.

A partir de agora, a associação conta também com o apoio da médica Karin Dahan, do Laboratório Nacional de Saúde (LNS) do Luxemburgo. A médica, que no LNS trata das doenças raras, vai apoiar a associação cedendo informações sobre o avanço da pesquisa relativamente à paramiloidose, vai ser a intermediária entre a associação e médicos que acompanham a doença, e vai promover encontros com representantes de laboratórios fabricantes de medicamentos contra a doença.

O CONTACTO acompanhou um desses encontros, que juntou Ricardo Macedo, presidente da nova associação, com alguns médicos e representantes do Laboratório Pfizer, que comercializa medicamentos contra a paramiloidose. No encontro esteve também Carla Chaves, portadora da doença. Uma reunião que serviu para discutir os efeitos dos medicamentos como o Vyndaqel (Tafamidis), descoberto há um ano, e o valor da comparticipação do Estado.

A Doença dos Pezinhos foi descoberta em 1939 pelo prof. Corino de Andrade, ao analisar um paciente que se queixava de dores desconhecidas para a medicina daquela época. Em Portugal, a doença afecta um número significativo de famílias: mais de 600 estão a ser acompanhadas, e existem mais de dois mil casos. Em Portugal, a paramiloidose afecta sobretudo os habitantes oriundos de zonas piscatórias de Norte e Centro.

No Luxemburgo ainda não se conhece a dimensão da doença, mas estima-se que existam cerca de 250 casos, que vão sendo detectados em consultas. O Estado luxemburguês comparticipa integralmente os medicamentos, que custariam a cada doente 120 mil euros por ano. Estes fármacos estão apenas disponíveis nas farmácias dos hospitais.

Texto e foto: Joaquim Pedreira

CCPL: Voluntários procuram-se

A Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL) está à procura de voluntários. Em comunicado divulgado na segunda-feira, a associação diz que precisa da "contribuição de dezenas de voluntários", e apela à "participação cívica do maior número possível de cidadãos" para "uma sociedade mais justa e mais solidária".

A confederação procura voluntários com conhecimentos suficientes em francês e em português para assegurar a tradução mensal de documentos, ou capacidades para organizar seminários de discussão sobre os mais diversos temas, tais como "a problemática do ensino, da integração, da participação activa nos órgãos políticos e sociais do Luxemburgo". Ou ainda para "organizar a formação de centenas de portugueses" e "trabalhar para a tomada de consciência cívica e política no intuito de uma participação activa nas eleições locais".

Os interessados devem contactar a CCPL pelos tel. 29 00 75, 62117 84 45 e 621 29 97 13 ou por e-mail (ccpl@ccpl.lu ).

"Especial emigração portuguesa"

Chegam todas as semanas ao Luxemburgo. A crise em Portugal obriga milhares de pessoas a abandonar o país em busca de uma vida melhor. Angola e Brasil são os destinos preferidos fora da Europa, mas no velho continente, a par da Grã-Bretanha e da Suíça, o Luxemburgo continua a ser um dos destinos fortes para a emigração portuguesa. Mas a verdade é que toda a gente reconhece que o Grão-Ducado, também tocado pela crise que alastra por toda a Europa, já não consegue suportar mais portugueses. Jean-Claude Juncker diz que "os que chegam agora são mal acolhidos, ficam mal alojados, trabalham em condições inaceitáveis do ponto de vista social", e por isso está preocupado. O primeiro-ministro luxemburguês vai mesmo mais longe e afirma que "é preciso pôr fim" à nova vaga de imigração dos portugueses. O CONTACTO publica aqui cinco histórias de vida de homens e mulheres que deixaram recentemente Portugal e rumaram ao Luxemburgo. Têm em comum o sonho de alcançar uma vida melhor no Grão-Ducado. No fim, uns estão melhor do que outros, mas são todos vítimas do sonho da imigração.

De Portugal para as ruas frias do Luxemburgo

Pedro juntou as poupanças de uma vida e resolveu imigrar para o Luxemburgo. Em Portugal não fez grandes estudos, mas conseguiu fazer um curso técnico-profissional de Informática e Sistemas que nunca lhe serviu para nada. Antes de imigrar, Pedro estava desempregado há já quatro meses. O contrato de trabalho temporário numa fábrica de peças para automóveis na região de Leiria acabou e Pedro ficou sem trabalho. Agarrou nas poupanças que o salário mínimo de 475 euros ainda lhe permitiu fazer e, em Novembro do ano passado, arrancou para o Luxemburgo. "Cheguei aqui e só consegui trabalhar um dia na fábrica das padarias 'Fischer'. Fiquei doente, apanhei uma pneumonia e estive internado no hospital de Esch durante uma semana. Tinha um quarto alugado e enquanto tive os dois mil euros que trouxe de Portugal, consegui aguentar a renda, mas ao fim de dois meses estava a dormir na rua. Pagava 680 euros de aluguer por mês", conta Pedro ao CONTACTO.

As noites na rua eram passadas junto aos locais mais quentes da cidade. Durante o dia vagueava com sacos às costas à procura de um rumo, de um trabalho. No meio de tantas dificuldades, Pedro ainda teve a felicidade de obter ajuda das equipas do "Streetworker" que lhe ofereceram dormida no albergue nocturno de Hollerich. "A minha sorte foi que aqui no Luxemburgo há a campanha de acolhimento dos sem-abrigo durante o Inverno. E em Janeiro deram-me uma cama no 'foyer'. O meu problema é que a partir do dia 30 (próxima sexta-feira), volto outra vez para a rua. Não sei como é que vou poder arranjar emprego a dormir na rua", desabafa Pedro ao CONTACTO.

O acolhimento dos sem-abrigo nos albergues nocturnos faz-se entre as sete da noite e as oito da manhã do dia seguinte. A essa hora, com um duche tomado, os sem-abrigo são outra vez despejados nas ruas da capital. Ao meio-dia têm direito a almoçar gratuitamente no Vollekskichen ("A cozinha do Povo"), um restaurante/cantina em Bonnevoie. Para a noite, os utentes dos albergues recebem ainda duas sandes e uma laranja. Pedro vem aqui almoçar todos os dias. E é aqui, à volta de uma mesa, que se partilham as mágoas, as frustrações e as outras histórias de insucesso na busca de um trabalho no Luxemburgo.

Rui é outro português utente da Vollekskichen. Ninguém diz que este homem tem apenas 38 anos. As noites dormidas na rua deixaram-lhe marcas indeléveis de um envelhecimento precoce. Chegou em Janeiro deste ano e ainda não conseguiu arranjar trabalho. Nada.
Já não é a primeira vez que Rui arrisca uma vida melhor no Luxemburgo. Trabalhou de forma legal na construção civil durante nove anos até que um dia resolveu voltar para Portugal. Agora que voltou ao Luxemburgo, pensou que poderia beneficiar de algumas ajudas do governo, mas enganou-se. "A assistente social ajudou-me a escrever uma carta ao Ministério do Trabalho em que eu explicava a minha situação: que trabalhei no Luxemburgo, que fiz descontos e que agora, sem trabalho, precisava de alguma ajuda até resolver a situação. Qual não foi o meu espanto quando me disseram que não tinha direito a nada. Tenho de trabalhar três meses seguidos para beneficiar de alguma ajuda do governo. Eu só queria que me ajudassem a pagar um quarto. Eu não quero dinheiro, quero um tecto para poder dormir enquanto não arranjo trabalho. Eu só vou conseguir arranjar trabalho na construção civil a partir do momento em que o tempo comece a melhorar aqui no Luxemburgo. Agora não há trabalho e há muita gente no desemprego. Mas na rua, como é que eu me vou arranjar?", pergunta Rui.

E continua: "Conheço o Luxemburgo há vinte anos e isto está muito diferente. Na altura eu cheguei à gare de Esch num domingo à tarde e na segunda fui logo trabalhar. Mas agora!? Agora é muito difícil", diz Rui.

Tal como Pedro, Rui também dormiu na rua até ser recolhido pelas brigadas do "Streetworker". Como Pedro, também Rui só tem guarida até ao final desta semana. Mas no meio do infortúnio, Pedro e Rui ainda são uns privilegiados. A assistente social que cuida dos dois portugueses ofereceu-lhes a possibilidade de poderem dormir num quarto de um hotel, em Livange. Tratamento de luxo, dizem eles.

"Podemos entrar e sair quando quisermos e só temos que dividir o quarto com outra pessoa. Assim é muito mais fácil podermos andar durante o dia a entregar currículos. Mas a verdade é que nem para lavar pratos me chamam. Cada vez que concorro a algum lugar dizem-me que já está ocupado", desabafa Pedro.

Pedro e Rui engrossam a longa lista das vítimas do sonho da imigração para o Grão-Ducado: gente que deixa tudo, que arrisca a sua sorte no país com o salário mínimo mais alto da Europa, mas que muitas vezes tem de voltar de mãos vazias. "O Luxemburgo é uma ilusão e já não é o 'eldorado' que era. Os portugueses que já estão cá, quando chegam lá abaixo, contam muitas histórias, mas é tudo mentira... é muito difícil arranjar trabalho no Luxemburgo. O problema é que a Europa está toda em crise e nós temos a concorrência de todos os trabalhadores da Europa, e não só. Há também muita gente do Norte de África, marroquinos", conta Pedro ao CONTACTO. "Eu não sou racista, mas a verdade é que o governo luxemburguês só ajuda os sérvios e os ex-jugoslavos. Esses têm todos grandes alojamentos e isso enerva-me", acrescenta Rui.

Stephanie Silva é a assistente social destes dois homens e confirma a impressão que toda a gente tem: há uma nova vaga de imigração portuguesa, diferente das outras todas.

"As pessoas chegam aqui sem nada, sem dinheiro e logo no dia em que chegam vêem imediatamente pedir ajuda para dormir. Homens e mulheres. Chegam e como não conseguem arranjar trabalho acabam na rua. Depois há ainda o problema da língua. A maior parte só fala português, e não conseguem dizer nada em francês, e isso é uma dificuldade acrescida", refere Stephanie Silva.

Pedro diz que fala português, francês, inglês e espanhol, mas nem por isso conseguiu arranjar emprego. Rui, para além do português, fala francês, mas nem isso lhe tem valido. "Eu pensei que fosse mais fácil arranjar trabalho sem o luxemburguês e o alemão. Enganei-me. A verdade é que eu não reúno as condições mínimas para estar neste país, e a minha sorte tem sido a Stephanie: ela tem-nos ajudado no que pode", garante Rui ao CONTACTO.

A situação é difícil para os dois portugueses, mas a esperança de uma vida melhor no Luxemburgo não os deixa pensar em regressar a Portugal. "Eu agora estou numa situação muito complicada, mas não penso voltar a Portugal. Mesmo estando mal, consigo estar melhor aqui do que em Portugal e por isso não tenciono voltar. Se arranjar um trabalho, aqui consigo sobreviver com ordenado mínimo e em Portugal não. Vamos pensar positivo", diz Pedro ao CONTACTO.

Texto: Domingos Martins

O sonho começou na Noruega, passou pela Suíça e acabou no Luxemburgo


Fábio e Paulo são dois algarvios de gema. Cresceram e viveram em S. Bartolomeu de Messines, uma vila encastrada na serra de Silves, com pouco mais de oito mil habitantes. O viajante que passa vê oliveiras, alfarrobeiras, figueiras, amendoeiras e vastos pomares. A agricultura é a vida da freguesia.

Fábio trabalhava na Conforama de Albufeira. Paulo era técnico de montagem de cozinhas. Há dois meses, despediram-se, fizeram as malas, deixaram as mulheres e os filhos e partiram à procura do sonho da imigração, numa viagem que os havia de levar à Noruega, à Suíça e por fim ao Luxemburgo.

A ideia dos dois amigos era a mesma de milhares de portugueses que estão a abandonar o país: arranjar trabalho para poderem proporcionar uma vida melhor à família. Primeiro vieram eles, depois virá a família, se tudo correr bem.

Primeira paragem, Oslo. Através da internet, conseguiram arranjar um contacto de uns portugueses que os orientaram na terra dos fiordes. Ficaram alojados numa pousada da juventude num quarto com beliches para oito pessoas, mas a estadia durou apenas um mês. "Apanhámos temperaturas de 26° negativos e foi muito difícil. Vimos rapidamente que ali não nos conseguiríamos adaptar. Encontrámos um português e conhecemos um italiano que também fugiu da crise em Itália", recorda Fábio ao CONTACTO. 

"Tinham-nos dito que na Noruega era fácil arranjar trabalho, uma vez que é um país pouco procurado por portugueses. Mas afinal é muito difícil. Vimos mais de 350 espanhóis a dormir na estação dos comboios que não tinham onde ficar. Em Londres, também há portugueses a dormir na rua, e na Suíça a situação repete-se. Antigamente eram só os portugueses que eram pobres e que imigravam. Agora é a Europa inteira, são como gafanhotos", descreve Paulo ao CONTACTO. "Deixámos currículos à bruta, na Noruega, mas nunca ninguém nos respondeu. Os noruegueses não gostam dos estrangeiros e por isso viemos embora", acrescenta o amigo.

Da Noruega passaram à Suíça. "Chegámos lá e pediram-nos nove euros por uma latinha de salsichas, e desmoralizámos. Há muitos portugueses à procura de emprego na Suíça e o nível de vida lá é muito caro. Para além disso, o processo de legalização é muito difícil, e por isso também viemos embora. Falámos com um amigo que nos apresentou a Maria e viemos para o Luxemburgo". Há mais de um mês que estão no Grão-Ducado. Alugaram um quarto num café explorado por portugueses, em Beggen. Pagam 640 euros por mês com direito a mudas de roupa, almoço e jantar. Queixam-se de tudo na "pensão" dos portugueses. Dizem que o aquecimento não funciona, que a comida é "asquerosa", que a higiene na cozinha "não existe" e que as roupas da cama são deixadas de uns hóspedes para os outros. No rés-do-chão da casa, funciona a cozinha, que "está inundada de cães". "Há 14 pessoas por piso, todos portugueses e todos na mesma condição. Vieram todos à procura de trabalho. Nós comemos lá apenas duas vezes e desistimos. Ver os cães a entrar e a sair da cozinha enquanto se fazem as refeições, é abaixo de cão", dizem os algarvios ao CONTACTO.

O porto de abrigo é a casa da amiga Maria, portuguesa, chegada ao Luxemburgo há cerca de seis anos, e que desde que os dois algarvios chegaram lhes tem servido de cicerone no país.

"Levantamo-nos às oito da manhã, imprimimos entre dez a doze currículos por dia e andamos a distribuir papel por todo o lado. Fui à Conforama aqui do Luxemburgo entregar o meu currículo. Passadas duas semanas telefonei para lá porque estranhava a falta de notícias. Disseram-me que não sabiam do meu currículo", conta Fábio ao CONTACTO. "Também já fui à ADEM e aí é que perdi a vontade de continuar".
Paulo já gastou mais de três mil euros no sonho da imigração

"O senhor que me recebeu disse-me que os 'portugueses só servem para trabalhar nas obras', e para o trabalho na construção civil disse-nos que tinha 'seiscentos trabalhadores' de empresas que tinham falido que 'sabiam falar francês e com experiência no sector', coisa que nós não temos. Foi muito mau", desabafa Fábio.

E continua: "Eles olham para nós e dizem: 'português é para as obras', e não nos dão outra oportunidade. Mas nós estamos dispostos a fazer qualquer coisa. Até hoje só recebi uma resposta de uma empresa de transportes, de resto nada".

"Estamos muito tristes e desanimados. O Luxemburgo não é o paraíso que pintam. Os portugueses quando chegam a Portugal pintam isto de cor-de-rosa e por isso chegámos aqui iludidos. Nós quando saímos de Portugal, sabíamos que não ia ser fácil, mas o senhor da ADEM disse-nos que era praticamente impossível trabalhar no Luxemburgo e isso desanimou-nos muito", diz Paulo.

Como bons algarvios, Fábio e Paulo falam inglês, mas francês, nada. Na Noruega, a língua de Shakespeare deu para desenrascar, mas também não ajudou nada na procura de um trabalho. Os amigos conhecidos através da internet traduziam-lhes os currículos para a língua norueguesa. No Luxemburgo, os dois amigos dizem que "o inglês não serve para nada". "Temos de saber falar, pelo menos francês, já para não referir o alemão e o luxemburguês", diz Fábio.

Desde que saíram de Portugal, Fábio e Paulo já gastaram mais ou menos três mil euros, cada um, em passagens aéreas, no alojamento e na comida. Fábio que saiu de Portugal com a ideia de arranjar dinheiro para acabar as obras que começou na casa, mas agora diz que "o melhor é voltar" e que com o dinheiro gasto na aventura europeia "já tinha terminado as obras em casa". Paulo reconhece que Portugal está "muito mal", que há empresas "a fecharem todos os dias", mas "pelo menos lá em baixo estou na minha casa com a minha família". "No início as nossas mulheres davam-nos força, mas agora já nos começam a dizer para regressar. As saudades são muitas e nós sentimos a falta da família".

Quanto ao que irão fazer em Portugal, os dois amigos não sabem nada. Dizem que não recebem subsídio de desemprego "porque não se despediram para receber subsídios", e por isso não afastam a hipótese de voltar a sonhar com uma vida melhor fora de Portugal. Mas a experiência destes dois meses já serviu para alguma coisa: "À aventura nunca mais, porque isto sai muito caro. Só voltamos a sair de Portugal se tivermos uma proposta concreta de trabalho".

Texto e fotos: Domingos Martins

Licenciada em Comunicação Social é mulher da limpeza no Grão-Ducado

Cristel Sousa e Ivo Lopes chegaram ao Luxemburgo no dia 10 de Fevereiro. Ambos são licenciados em Comunicação Social e iniciaram um mestrado na mesma área na Universidade de Trás-os-Montes. Três dias depois de terem chegado ao Grão-Ducado, ela já estava a trabalhar nas limpezas. "Eu fui-me inscrever numa empresa de limpezas aqui no Luxemburgo, e no dia da minha inscrição perguntaram-me logo se eu podia começar nesse dia. Eu disse que sim. Tiraram-me uma fotografia para o cartão, entregaram-me a bata, e às seis horas da tarde fui trabalhar, a limpar escritórios", conta Cristel ao CONTACTO.

Ganha dez euros à hora e trabalha no turno da noite, das quatro da tarde às dez da noite. Não é o emprego com que sonhou quando resolveu imigrar, mas é muito melhor do que o que tinha em Portugal – ou seja, nada. "Em Trás-os-Montes não há empresas de limpeza, e mesmo que houvesse não nos pagariam a mais de cinco euros", diz Cristel.

O namorado demorou mais tempo a encontrar trabalho, mas também já conseguiu. É ajudante de cozinha numa creche no Luxemburgo. Com os contratos de trabalho na mão, os dois já puderam inscrever-se na comuna de residência e na ADEM, o equivalente aos Centros de Emprego em Portugal.

No último trabalho que tiveram antes de vir para o Luxemburgo, tiveram de "emigrar" de Trás-os-Montes até Lisboa. Foram contratados por uma empresa de "call-center", fizeram uma formação durante cinco dias, e na altura de começarem a trabalhar a empresa que tinha encomendado o serviço anulou o contrato. Cristel e Ivo já tinham alugado um quarto em Lisboa, mas rapidamente fizeram as malas e regressaram a Valpaços.

No final da licenciatura fizeram um estágio curricular numa empresa de Vila Real. A promessa era que depois teriam a oportunidade de efectuar um estágio profissional, mas tal nunca aconteceu.

As habilitações académicas de ambos, ora eram demais, ora faltava a experiência profissional. "As pessoas tinham medo de nos dar trabalho com o mestrado. Diziam-nos que tínhamos habilitações a mais. Às vezes diziam que nos faltava a experiência, e por isso nunca conseguíamos arranjar trabalho na nossa área. Um dos últimos trabalhos que tive foi a servir casamentos, das oito da manhã às duas da manhã, e no fim recebia 40 euros. Aqui no Luxemburgo, a limpeza não é o meu sonho, e é evidente que não estamos contentes. A família que temos aqui disse-nos que seria fácil arranjar trabalho, mas eu ainda nem sequer recebi uma marcação de entrevista. Eu não tinha a noção de que a situação fosse tão complicada. Pensei que seria mais rápido, e neste momento não sei se fico no Luxemburgo ou não".

Os dois jovens portugueses têm família no Luxemburgo, imigrantes há muitos anos, ligados ao sector da construção civil e às limpezas. A família tem servido de rede a Cristel e Ivo. Estão a morar num apartamento da família que está a venda, e enquanto não há comprador, os primos deixam-nos viver lá.

Ela é filha de imigrantes portugueses em França, país onde viveu até aos dez anos de idade. Ele nasceu no Luxemburgo, país para onde os pais imigraram há muitos anos. Ela domina perfeitamente o francês. Ele fala menos bem a língua de Molière, e nem por ter nascido no Luxemburgo consegue falar luxemburguês. A escola que frequentou em Esch, há vinte anos, não o obrigava a falar a língua nativa do país.

Com família em França, Cristel põe a hipótese de tentar a sua sorte no país vizinho. "Eu tenho uma tia que trabalha num supermercado e disse-me que me arranjava trabalho ao pé dela, mas se for para fazer limpezas, não sei....".

Para já, Cristel passa o dia a enviar currículos e a frequentar feiras de emprego, como a "Moovijob", que decorreu no início do mês de Março, na capital. Mas nem aí teve sorte.

Texto e  foto: Domingos Martins

Portugueses são os mais afectados pelo desemprego no Luxemburgo

Segundo os dados da ADEM, o equivalente aos centros de emprego em Portugal, em Janeiro deste ano inscreveram-se pela primeira vez na administração luxemburguesa do emprego 850 portugueses. No total a ADEM recebeu 2.500 novos pedidos de inscrição.

Em declarações ao CONTACTO, Jean Hoffmann, da direcção da ADEM no Luxemburgo, diz que "o número é muito elevado" e logo a seguir acrescenta que os portugueses lideram o "ranking" luxemburguês de inscrições no organismo, representando 35 % dos desempregados no país, logo seguidos dos luxemburgueses, com 30 %, e dos franceses, com 8 %.

O responsável da ADEM diz que não se trata de uma questão de nacionalidade, mas que estes números revelam a realidade laboral do país. Os portugueses trabalham sobretudo nos sectores da construção e na indústria, e estes foram os sectores mais atingidos pela crise. E explica: "O sector financeiro no Luxemburgo, por exemplo, também foi muito afectado pela crise, mas conseguiu sobreviver e dar a volta à situação. Os desempregados deste sector foram absorvidos pelo mercado de trabalho. A construção e a indústria, pelo contrário, continuam a ser tocadas pela crise e naturalmente os portugueses são os mais afectados".

Jean Hoffmann garante no entanto que estes números são equivalentes aos do ano passado. "O mês de Janeiro é sempre muito complicado nas questões do desemprego. Há contratos que acabam e que não são renovados, há o Inverno que afecta os trabalhadores da construção, e por isso os números são sempre mais elevados. Lá para Abril, os números vão começar a baixar, porque começa a haver mais oferta de trabalho", garante aquele responsável.

IMIGRAÇÃO PORTUGUESA NÃO PÁRA

O número de portugueses no Luxemburgo não pára de aumentar. Em 2011, inscreveram-se no Consulado do Luxemburgo quase cinco mil portugueses, e a manter-se o ritmo de Janeiro e Fevereiro deste ano, o número de novas inscrições consulares poderá atingir as 6 mil em 2012. Segundo as contas do conselheiro das Comunidades Portuguesas no Luxemburgo, Eduardo Dias, "em breve poderemos ser 120 mil".

Ainda segundo os números fornecidos pelo conselheiro das Comunidades, que diz citar o Ministro do Trabalho do Luxemburgo, chegaram ao Luxemburgo 250 novas crianças portuguesas, entre Setembro de 2010 e Setembro de 2011, e só até ao dia 8 de Fevereiro deste ano chegaram mais 140 novas crianças.


Números que impressionam e que vêm dar razão ao Cônsul Geral do Luxemburgo, que há muito tempo contraria os números do STATEC, o instituto de estatísticas nacional, que indica a existência de apenas 80 mil portugueses no Grão-Ducado.

Segundo o governo português, em média saem de Portugal entre 120 mil a 150 mil portugueses por ano. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que ontem esteve na Assembleia da República a falar sobre fluxos migratórios, diz que muitos dos portugueses que emigram não conseguem empregos compatíveis com a sua formação, mas garante que a maioria dos que deixam o país continuam a ser trabalhadores com poucas qualificações.

De acordo com os registos do Instituto de Emprego e Formação Profissional, em Portugal, o número de licenciados desempregados que anulou a inscrição nos centros de emprego para emigrar subiu 49,5 % entre 2009 e 2011.

CARITAS ABRE SERVIÇO PARA IMIGRANTES LUSÓFONOS

A nova vaga de imigração portuguesa para o Luxemburgo levou a Caritas a criar um novo serviço de apoio social especial para lusófonos.

A instituição não tem mãos a medir com a crescente procura de imigrantes originários dos países lusófonos.

O responsável pelo serviço, Amílcar Monteiro, diz que o perfil dos novos imigrantes está a mudar em relação aos mais antigos: "cada vez mais jovens, citadinos e com bom nível escolar, mas muitas vezes não dominam nenhuma das línguas do país e não têm carta de condução. E isto complica a entrada dos novos imigrantes no mercado de trabalho".

Para ajudar, a Caritas propõe ainda serviços de tradução e de aconselhamento ao nível das questões sociais, bem como um serviço de orientação profissional.

Amílcar Monteiro garante que nos "últimos meses, o número de pessoas que se dirigiram à Caritas duplicou".


Texto e foto: Domingos Martins

"É preciso pôr fim a isto"

Foto: M. Dias
CONTACTO - Segundo os números do Consulado de Portugal no Luxemburgo, os portugueses deverão ser neste momento mais de cem mil, e com as novas inscrições de 2011 e 2012, o número de portugueses no Luxemburgo poderá atingir os 115 mil no final deste ano. O Luxemburgo tem meios para receber toda esta gente?

Jean-Claude Juncker - Eu estou muito contente com o desempenho e com o trabalho que os portugueses têm feito no Luxemburgo. Sou um grande admirador de Portugal e dos portugueses que procuraram o Luxemburgo, mas eu considero que esta nova vaga de imigração não é saudável, porque as pessoas vêm com a ideia de que o Luxemburgo é um paraíso. Eles só comparam o salário português ao luxemburguês, mas não comparam, por exemplo, o preço das rendas de casa em Portugal e no Luxemburgo.

Eu tenho a impressão que os que chegam agora, na maior parte das vezes pouco qualificados, não vão ser capazes de se integrarem normalmente na sociedade luso-luxemburguesa, e por isso eu acho que é preciso pôr fim a esta imigração, que é uma imigração selvagem.

A imigração portuguesa foi sempre bem organizada, bem estruturada, e agora o que temos é uma imigração de desespero, porque as coisas estão mal em Portugal e os portugueses vêm para o Luxemburgo e vão acabar por ser infelizes.

Vamos tentar organizarmo-nos com o governo português para que em Portugal se explique, de forma clara, que o Luxemburgo não é um paraíso, mas que vai ser muito difícil para os novos imigrantes se integrarem. É preciso pôr fim a isto.

CONTACTO - E o que é que o governo do Luxemburgo pode fazer?

JCJ - Não podemos interferir nas escolhas pessoais de cada um, mas eu penso que os que chegam agora são mal acolhidos, ficam mal alojados, trabalham em condições inaceitáveis do ponto de vista social, e isso eu não posso aceitar. Não faz jus à imigração portuguesa.

CONTACTO - Mas a crise é muito grande.. .

JCJ - Eu percebo muito bem o percurso individual de cada um, aqueles que deixam Portugal para encontrar um sítio onde possam viver melhor, mas ao virem para o Luxemburgo correm o risco de não viver melhor aqui do que em Portugal. 

Domingos Martins

Wort.lu tem nova cara

Foto: Marc Wilwert
Com um ar mais arejado e um novo visual, a nova versão do site wort.lu traz uma melhor apresentação da informação.

Visualmente, o site inspira-se na versão em papel do jornal Luxemburger Wort, com um novo logótipo e uma tipografia mais parecida ao papel. Do ponto de vista do conteúdo, o site incorpora as últimas novidades tecnológicas da internet. Maior interactividade, mais vídeos, fotos maiores e novas formas de acompanhar as notícias podem ser descobertas agora no site.

As notícias estão também mais diversificadas com a chegada de três novas rubricas: lifestyle, celebridades e multimédia, e tudo isto com informações melhor distribuídas pelo espaço virtual do site.

As páginas de informação de trânsito e de meteorologia, agora mais agradáveis, foram redesenhadas para proporcionar o máximo de informação possível num só clique.

O que não mudou foi a experiência do wort.lu, onde as redacções francesa, alemã e inglesa reagem à actualidade, e com notícias do Luxemburgo e do mundo. Para melhor se inteirar das mudanças, basta ver algumas das rubricas e páginas no wort.lu. O internauta pode também dar o seu feedback sobre o novo site e tornar-se "amigo" do jornal no Facebook ou no Twitter.

Instituto Camões "vai ter um responsável"

O conselheiro social da Embaixada de Portugal no Luxemburgo atinge a idade da reforma já em Abril. Carlos Correia é também responsável interino do Instituto Camões, o que já levou o deputado Paulo Pisco a questionar o Governo sobre a sua substituição. Ao CONTACTO, o secretário de Estado das Comunidades garantiu que aquele centro cultural "vai ter um responsável".

O deputado socialista Paulo Pisco apresentou na segunda-feira uma questão parlamentar sobre a substituição do responsável do Instituto Camões, que atinge a idade da reforma e vai regressar a Portugal. E dá como certo que o conselheiro social não vai ser substituído.

"Está em curso uma verdadeira sangria de diplomatas e técnicos na Embaixada e no Consulado-Geral de Portugal, que deixará o Luxemburgo sem Conselheiro Social na Embaixada, não estando prevista a sua substituição", diz o deputado. O secretário de Estado das Comunidades desmente-o.

"Ele não sabe! Isso é especulação, coisa que um responsável político não deve fazer", disse ao CONTACTO José Cesário, horas depois de a questão parlamentar ter sido divulgada. "O Centro Cultural do Luxemburgo terá um responsável", garante o secretário de Estado das Comunidades.

Em causa está a substituição do conselheiro social da Embaixada, Carlos Correia, que assegura também as funções de responsável interino do Instituto Camões no Luxemburgo. O conselheiro atinge a idade da reforma já no dia 25 de Abril, e o CONTACTO sabe que a Embaixada ainda não recebeu qualquer informação sobre se a sua permanência para além desse prazo vai ser autorizada por razões de serviço.

Ao CONTACTO, o secretário de Estado garantiu que Carlos Correia vai ter a comissão de serviço renovada "pelo menos até Junho". Depois, "no momento em que o conselheiro social terminar as suas funções, avaliaremos a sua substituição", diz José Cesário.

"Encontraremos uma solução para o Centro Cultural. Temos muito respeito por aquilo que o Estado luxemburguês nos cede, e queremos valorizar esse espaço", garantiu Cesário, referindo-se ao facto de a renda das instalações do IC ser paga pelo Governo do Luxemburgo.

Recorde-se que, ao abrigo de um protocolo de 1998 entre Portugal e o Luxemburgo, o Estado luxemburguês paga a renda das instalações do Instituto como contrapartida do desenvolvimento de actividades culturais no Grão-Ducado. Um montante que se eleva actualmente a 6.400 euros por mês.

GOVERNO SOCIALISTA É RESPONSÁVEL POR SITUAÇÃO NO CAMÕES

Carlos Correia
Carlos Correia não é formalmente director do Instituto Camões. O conselheiro social vem assegurando as funções de responsável daquele centro cultural desde que o anterior director foi exonerado por Freitas do Amaral, ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro governo de Sócrates, em 2006. Foi nessa altura que o Luxemburgo ficou sem adido cultural, que nunca foi substituído pelo Governo socialista, diz José Cesário.

"Se alguém pode ser responsabilizado por não haver adido cultural no Luxemburgo, é o anterior governo, que nunca nomeou um adido cultural e teve sete anos para o fazer", insurge-se o secretário de Estado das Comunidades.

Certo é que o Governo ainda não sabe quando vai substituir Carlos Correia, tanto nas funções de conselheiro social, como nas de responsável do Instituto Camões.

"No plano social, é uma questão que temos de avaliar. Há uma redução de conselheiros sociais e há vários que já saíram, como no Canadá e na Suíça", avisa José Cesário, que nega no entanto que o Governo tenha decidido não substituir o diplomata no Luxemburgo.

Quanto a saber quem vai ficar à frente do Instituto Camões no Luxemburgo, também ainda está tudo em aberto.

"Vamos encontrar uma solução para o centro cultural", diz Cesário. "Poderá ser por exemplo alguém que seja parte integrante do IC, como um professor ou um leitor, que exerça funções na área cultural. O que não quer dizer que não possa ser nomeado um novo adido cultural", diz.

Texto: Paula Telo Alves
Fotos: Marc Wilwert

Caso Luxair: Piloto condenado a três anos e meio de prisão

O caso do acidente da Luxair chegou ontem finalmente ao fim. Nove anos depois do acidente do Fokker que fez vinte mortos, incluindo uma hospedeira portuguesa, o Tribunal do Luxemburgo condenou o piloto a três anos e meio de prisão com pena suspensa.

Claude Poeckes, o homem que ia aos comandos do Fokker quando o aparelho se despenhou em Nideranven, em Novembro de 2002, foi também condenado a pagar uma multa de quatro mil euros.

O antigo director técnico e os dois técnicos da companhia aérea luxemburguesa acusados no processo também foram condenados pelo Tribunal. O antigo director técnico, Marc Gallowitch, foi condenado a dois anos de prisão e ao pagamento de uma multa de dois mil euros. Os dois técnicos, Guy Arendt e Leon Moes, foram condenados a penas de 18 meses, todos com pena suspensa.

Ilibados foram os três antigos directores da Luxair, tal como pedira o Ministério Público. Christian Heinzmann, Jean-Donat Calmes e Roger Siezen não foram considerados responsáveis pelo acidente.

O Fokker da companhia aérea luxemburguesa despenhou-se a 6 de Novembro de 2002 entre Roodt-sur-Syre e Niederanven, provocando a morte de 20 pessoas, incluindo a hospedeira luso-descendente Paula dos Reis, de 32 anos.

A hospedeira Paula Reis morreu no acidente
Natural de Condeixa, Paula dos Reis, na altura com 32 anos, deixou um filho de um ano de idade e o marido, o português Paulo Ferreira. A chefe de cabine da Luxair regressava a casa no voo proveniente de Berlim em que se deu o acidente que chocou o Grão-Ducado. No acidente morreu também o co-piloto e 18 passageiros.

A lentidão do processo levou mesmo as famílias das vítimas a apresentar queixa contra o Estado luxemburguês junto do Tribunal dos Direitos do Homem, em Estrasburgo. Em 2010, a família da hospedeira portuguesa que morreu no acidente aéreo recorreu para aquele Tribunal, queixando-se da lentidão da justiça luxemburguesa, juntando-se a uma família alemã que perdeu o filho no acidente.

O Grão-Ducado foi condenado por aquela instância superior por não respeitar os prazos judiciais.

O caso só começaria a ser julgado no Tribunal da Relação do Luxemburgo a 10 de Outubro de 2011.

Tânia Matias despedida do LCGB

Foto: Guy Jallay
Tânia Matias foi despedida da central sindical LCGB. A portuguesa recebeu o pré-aviso de despedimento no início deste mês, mas foi dispensada de todo o serviço com efeito imediato.

O CONTACTO sabe que na origem do despedimento estão desentendimentos entre a jovem sindicalista e o novo presidente, Patrick Dury. A direcção queria que Tânia Matias abandonasse o sector da Juventude e Internacional, de que era responsável, e que ficasse apenas com o sector do Comércio. Perante esta proposta, a sindicalista recusou e foi imediatamente despedida pelo presidente. Fontes contactadas pelo nosso jornal garantem que as relações entre o novo presidente e Tânia Matias não eram as melhores e que o despedimento terá sido um ajuste de contas.

Ontem à tarde, no final de uma conferência de imprensa do LCGB, o CONTACTO questionou Patrick Dury sobre o despedimento de Tânia Matias. O presidente do LCGB limitou-se a dizer: "Não falo sobre esse assunto".

Quem não se coíbe de falar sobre o assunto é o conselheiro das Comunidades Portuguesas. Eduardo Dias garante que "é um acto lamentável".

"Por uma decisão que ninguém conhece, a comunidade portuguesa perde alguém que ocupava um cargo de relevo dentro de uma grande organização luxemburguesa. Manifesto a minha total solidariedade com Tânia Matias".

O conselheiro diz ainda que o afastamento de Tânia Matias "é uma perda para a comunidade portuguesa, porque era alguém que tinha uma notoriedade política e sindical, não só dentro do Luxemburgo, mas também a nível europeu".

Recorde-se que Tânia Matias foi candidata pelo CSV às últimas eleições europeias. Apesar de não ter sido eleita, alcançou o 8o lugar entre 48 candidatos a nível nacional, com um total de 42.830 votos.

Em 2005, durante a presidência luxemburguesa da União Europeia (UE), foi encarregada de missão do dossier Juventude.

Até agora era tesoureira da Confederação Geral da Juventude Luxemburguesa (CGJL), responsável pela área europeia, tendo sido também responsável pela região francófona da UE na Secção Juventude da Confederação Europeia de Sindicatos (CES).

Natural de Torres Vedras, Tânia Matias chegou ao Luxemburgo com apenas nove meses. Licenciada em Estudos Europeus pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, liderava também a Comissão dos Residentes Estrangeiros do sindicato cristão-social.

CONTACTO: Destaques da edição de 28 de Março





A nova vaga de imigração para o Luxemburgo está a fazer vítimas entre os portugueses que chegam ao país. Nesta edição, o CONTACTO traz-lhe cinco histórias de portugueses que decidiram deixar tudo e emigrar. Histórias mal sucedidas num país que está a rebentar pelas costuras. Uma grande reportagem para ler nesta edição do CONTACTO.

O conselheiro social da Embaixada de Portugal no Luxemburgo  atinge a idade da reforma já em Abril, mas o Governo ainda não tem planos para o substituir. Carlos Correia é também o responsável interino pelo Instituto Camões no Luxemburgo, o que já levou o deputado Paulo Pisco a questionar o Executivo sobre a sua substituição. Ao CONTACTO, o secretário de Estado das Comunidades garantiu que o centro cultural português "vai ter um responsável". Só não se sabe é quando.

O caso do acidente da Luxair chegou ontem finalmente ao fim. Nove anos depois do acidente do Fokker que fez vinte mortos, incluindo a hospedeira portuguesa Paula Reis, o Tribunal do Luxemburgo condenou o piloto a três anos e meio de prisão, com pena suspensa. O antigo director técnico e dois técnicos da companhia aérea luxemburguesa foram também condenados a penas entre 24 e 18 meses de prisão. Ilibados foram os três antigos directores da Luxair. 

Estas e outras notícias para ler nesta edição do jornal CONTACTO, o primeiro jornal em língua portuguesa no Luxemburgo.

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