domingo, 31 de janeiro de 2010

Crónica: Eugène Ruppert, um luxemburguês na China

Nasceu (ass gebuer) em 1864 no bairro do Grund, na capital, e era (a wor) filho de um mestre ferreiro. O "condão" do ferro (Eisen) irá marcar o destino do jovem (jonken) Eugène Ruppert que se tornará célebre além-fronteiras e muito especialmente (a besonnesch) a milhares de quilómetros do Grão-Ducado, num país (an engem Land) , centenas de vezes maior (méi grouss) do que aquele que o viu nascer.

Eugène fez os seus estudos secundários no Ateneu [liceu então situado na rue Notre-Dame (Ënneschtgaass) (*), onde hoje (wou haut) se encontra a Biblioteca Nacional] continuando a sua formação na Escola Industrial e Comercial que havia sido recentemente criada. É já (‘t as schonn) com 22 anos (mat zweeanzwanzeg Joer) de idade que integra a Escola Politécnica alemã de Aix-la-Chapelle (Oochen) para prosseguir uma formação de engenheiro metalurgista, continuando a trabalhar como mineiro (Biergaarbechter) numa mina de carvão (Kuel) próxima daquela cidade (vun däer Stad) . As suas capacidades e os seus conhecimentos permitem-lhe, muito rapidamente (ganz schnell) , aceder a um lugar de engenheiro químico numa empresa alemã de altos fornos e a ser promovido a director adjunto da mesma firma. O seu país natal (Heemechtland) parecia-lhe ser demasiado (zevill) pequeno (kleng) para dar corpo a todos os seus sonhos (all seng Dreem) e, mesmo (an esouguer) a Alemanha (Däitschland) , onde (wou) estudava, não correspondia aos seus projectos nem às suas ambições profissionais. É que, para além da paixão pelo ferro, Eugène possuía um espírito aventureiro. Por volta dos anos (ëm d’Joer) de 1890 o rei (de Kinnek) Leopoldo II da Bélgica tentou (huet probéiert) , sem êxito (ouni Erfolleg) , uma colonização da China e (an) , perante tal insucesso, os industriais belgas vão, por outras vias, tentar consolidar o poder do reino belga no império chinês. Foi deste modo (et wor esou) que as fábricas belgas Cockerill lançaram um apelo aos engenheiros belgas e luxemburgueses para integrarem a fábrica de ferro da região chinesa de Han Yang e que Eugène foi convidado para desempenhar o cargo de director técnico da dita fábrica. Em 1894, este engenheiro luxemburguês, que ficará conhecido com a alcunha de "o Chinês", embarca na gare do Luxemburgo acompanhado de outros três especialistas, iniciando uma viagem (eng Rees) que durará cinco semanas (fënnef Wochen) . A primeira etapa é Paris (Paräis) , de onde partem para Marselha, a caminho de Roma, passando por Nice, Génova e Pisa. O barco (de Schëff) que os leva até (bis) Hong Kong parte de Nápoles, fazendo escalas, em Port Saïd, no Egipto, em Aden, no Iémen, em Colombo, no ex-Ceilão e em Singapura. O choque cultural em terras chinesas foi terrível (fuerchtbar) para (fir) aquele grupo de homens (vu Männer) que diziam só (nëmmen) ter encontrado (fonnt) lá (do) operários preguiçosos (liddereg) e corrompidos pelo comércio e pelo consumo do ópio. Mas, para além do problema do ópio, também (och) existiam outros problemas de origem social ligados à "crueldade" das tradições culturais, à insalubridade ambiente, ao analfabetismo e à superstição. Nesses tempos, as condições de vida naquela região (Géigend) eram tais, que os missionários europeus dificilmente atingiam os 40 anos de idade. Eugène começa por analisar a topografia e a geologia local, o clima, os vários clãs da população, as línguas (d’Sproochen) que ali se falam e as intrigas que se tecem na área complexa dos negócios com os chineses. Foi assim que, para evitar (verhënneren) as traduções (Iwwersetzungen) tendenciosas, se concentra na aprendizagem de uma língua chinesa, o mandarim. Em 1895 instala o primeiro (den éischten) alto-forno (Héichuewen) , conjuntamente com uma unidade de laminagem do ferro e, 10 anos depois (zeng Joer duerno) , em 1905, constrói uma outra (eng aner) fábrica na mesma região (Géigend) de Han Yang. Passados 15 anos, em 1910, a produção de ferro das duas (zwou) fábricas atinge 127 mil toneladas, o que equivale à totalidade da produção chinesa da altura. As fábricas englobam quatro (véier) altos-fornos, sete (siwen) fornos simples, uma (eng) fábrica de aço, seis (sechs) unidades de laminagem e uma central eléctrica, e contam com 20 mil operários – entre os quais, 24 luxemburgueses (véieranzwanzeg Lëtzebuerger) . Mas, é logo em 1898 que, devido a problemas de saúde, Eugène se vê obrigado (gezwongen) a voltar (zréckkommen) ao Grão-Ducado e a cá ficar durante (während) algum tempo. Este curto (kuerz) interregno na sua actividade industrial tornar-se-à, de certo modo (am Fong geholl) , benéfico para a sua vida pessoal pois que, para além de um tratamento e de uma convalescência adequados, lhe permite conhecer Suzanne Carry, a jovem e rica burguesa com quem virá a casar (sech bestueden) . Esta família Carry era proprietária do palacete "Raville" (conhecido por Maison Raville) e situado na rue de la Reine, em frente ao palácio. Após esta estadia forçada no Luxemburgo, parte para o Japão (Japan) como especialista em geologia e redige um estudo que visa a implantação de novas unidades siderúrgicas. Em 1905, Eugène regressa à China e ocupa o posto de director geral técnico das fábricas de Hang Yang. Em 1912, altura em que as instalações que havia criado e chefiado passarão sob a inteira tutela das autoridades chinesas, "o Chinês" regressa definitivamente (fir ëmmer) ao Luxemburgo onde virá a falecer em 1950 após ter continuado a desempenhar várias funções de responsabilidade.

A Exposição Universal de Xangai de 2010 apresenta uma retrospectiva em memória deste grande luxemburguês que marcou o início (den Ufank) da era industrial chinesa, e cuja alcunha denota bem a paixão daquele filho de um simples mestre de forja do Grund. Hoje, a cidade de Han Yang, geminada com as cidades de Hankow e Wuchan conta com uma população de 4 milhões de habitantes (Awunner) e possui a maior unidade siderúrgica da China.

Maria Januário (rubrica de civilização, cultura e língua luxemburguesas, publicada na segunda e na quarta semana de cada mês; Próxima publicação: a 10 de Fevereiro)

(*) em luxemburguês, a rue Notre-Dame é chamada "a rua de baixo" (Ënneschtgaass), devido à antiga configuração da cidade e à fortificação que a rodeava

Portugal/Centenário da República: Cavaco Silva apela a "novo espírito de cidadania"

O Presidente da República, Cavaco Silva, abriu hoje no Porto as comemorações dos 100 anos da implantação da República apelando a "um novo espírito de cidadania" inspirado nos ideais dos primeiros republicanos.

"As comemorações do Centenário da República poderão ser a semente de um novo espírito de cidadania", afirmou Cavaco Silva na cerimónia solene de abertura das comemorações, que decorreu debaixo de chuva na Praça Humberto Delgado e Avenida dos Aliados.

Para o chefe do Estado, o mais de ano e meio de comemorações constitui a "oportunidade ideal" para renovar os valores republicanos, como "o amor à pátria e a ética na vida política".

Cavaco Silva desejou que seja possível "incutir nos portugueses do século XXI o mesmo espírito do 31 de Janeiro" de 1891, data da primeira tentativa fracassada de implantação da república em Portugal.

O Presidente terminou o seu discurso, em que citou Miguel Torga, João Chagas, João de Deus e Guerra Junqueiro, declarando abertas as comemorações "em nome dessa esperança coletiva que se chama Portugal".

O primeiro ministro, José Sócrates, definiu as comemorações do centenário da República como "um momento não de nostalgia, mas de celebração".

"A implantação da República foi muito mais do que uma rutura constitucional. Foi um momento profundamente reformista", afirmou José Sócrates.

O chefe do Governo salientou que a revolva de 31 de Janeiro "não aconteceu por acaso no Porto", cidade que, em sua opinião, "continua a ser um grande centro de liberdade".

José Sócrates apelou aos portugueses para se unirem "numa comunidade com projeto de futuro", lembrando que, com a democracia, são "um povo que em liberdade escolhe o seu futuro".

O presidente da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, Artur Santos Silva, recordou o papel do Porto em momentos importantes para a implantação do liberalismo e do republicanismo em Portugal, nomeadamente na revolução de 1820, Cerco do Porto, 31 de Janeiro de 1891 e criação do Movimento de Unidade Democrática (MUD), logo a seguir à II Guerra Mundial.

Artur Santos Silva lembrou também o papel do seu bisavô (fundador do jornal A República Portuguesa), avô (presidente da Câmara do Porto e ministro da primeira República) e pai (candidato a deputado pela oposição democrática) na luta pelos ideais democráticos e republicanos.

Artur Santos Silva manifestou esperança de ver as "mais de 500 iniciativas" programadas para estas comemorações como momentos de renovação, regeneração, reflexão e procura de soluções para uma República "mais moderna, mais eficiente e mais democrática".

"Impõe-se questionar a qualidade da nossa vida democrática", realçou, recordando que os valores republicanos incluíam o "patriotismo, exaltação do sentido de cidadania e o desapego dos bens materiais".

A cerimónia contou também com a presença de, entre outros, os ex-presidentes da república Mário Soares e Jorge Sampaio, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, vários ministros e autoridades judiciais e militares.

Suiça: Fórum de Davos termina sem consenso na regulação financeira nem entusiasmo na recuperação económica

A 40ª edição do Fórum de Davos terminou sem consenso na reforma do sistema financeiro que muitos governos desejam e com a ideia de que não são aconselháveis grandes entusiasmos perante os indícios de recuperação económica.

Português é novo presidente da Jovem Câmara Económica do Luxemburgo - entrevista com Pedro Castilho

Português de nascimento e luxemburguês de adopção, Pedro Castilho, o novo presidente da Jovem Câmara Económica do Luxemburgo (Jeune Chambre Economique Luxembourg) é abundante em observações incisivas e transporta uma lucidez corrosiva.

Nascido em 1970, a sul de Lisboa, junto ao mar, Pedro Castilho chegou ao Grão-Ducado em 1981, com 11 anos. Tendo ultrapassado positivamente o desafio da língua, é actualmente fluente em cinco idiomas para além da língua materna. Completado o ensino secundário iniciou a sua actividade profissional no histórico banco luxemburguês recentemente rebaptizado BGL BNP Paribas, onde hoje desempenha o cargo de gestor de risco operacional. Durante o ano em curso vai permanecer à frente dos destinos da Jovem Câmara Económica do Luxemburgo (JCE-Luxembourg). Conversámos com ele, em discurso directo.

CONTACTO: O que é a Jovem Câmara Económica Internacional do Luxemburgo (JCEL)?

Pedro Castilho: A JCEL é a secção luxemburguesa da JCI – Jovem Câmara Internacional ( www.jci.cc ), uma organização não governamental fundada em 1915 nos Estados Unidos que integra actualmente mais de 200 mil jovens cidadãos activos, entre os 18 e os 40 anos de idade, em mais de 115 países e 4.583 secções locais. O seu objectivo é integrar jovens líderes e empreendedores para uma mudança positiva e sustentável na sociedade. É uma comunidade onde nos encontramos, aprendemos e crescemos com a partilha de experiências. A nossa filosofia é "juntos cada um pode fazer melhor".

C.: Que percurso fez na organização?

P.C: Iniciei o meu percurso na organização em princípios de 2004. Em 2007 integrei a área da "Creative Young Entrepreneur Luxembourg" (Jovem Empreendedor Criativo do Luxemburgo), da qual assumi a liderança em 2008. Com os bons resultados obtidos – conseguimos colocar um finalista luxemburguês entre os três melhores do concurso mundial – e apoiado por uma equipa de nove membros, considerei que as bases para uma candidatura à presidência estavam lançadas.

Os desafios dão-me energia e a JCEL é uma organização completamente democrática gerida por um órgão colegial. Sabe que todos os projectos em que nos envolvemos são financiados por patrocínios públicos e privados e aprovados previamente pelos membros da JCEL?...

C.: Pode revelar-nos alguns dos projectos futuros da JCEL?

P.C.: A JCE-Luxemburgo foi fundada em 1963 e conta actualmente com 40 membros activos, mais de 200 simpatizantes e 1.500 líderes de opinião que nos apoiam. Para desenvolver-se a JCEL terá necessariamente de ganhar mais visibilidade. Para mim, esta é a palavra-chave. Isso vai permitir-nos atrair mais membros e também financiamento, o que nos permitirá, por sua vez, realizar mais iniciativas no âmbito da nossa responsabilidade social. É um ciclo positivo que é necessário implementar.

Para este ano temos em curso vários projectos: conferências internacionais, fábrica de empreendedores e a criação de uma "public speaking and debating academy", ou seja, uma academia de oratória e debate público. Temos ainda um projecto paralelo que consiste na aquisição de mosquiteiros que enviaremos para países africanos afectados pela malária. Lançar uma secção no sul do país, em Esch/Alzette, é outro dos nossos objectivos para o qual procuramos apoios públicos e financeiros, bem como, jovens cidadãos activos. E isto sempre no respeito dos objectivos do nosso "pai-fundador" [n.d.R.: Henry Giessenbier] de promover o bem comum, beneficiando as populações mais vulneráveis, enquanto se promove o desenvolvimento pessoal dos membros pela formação e participação nos projectos nacionais e internacionais que a organização promove.

Francisco d’Oliveira

Crónica: Há 40 anos, como hoje...

Há 40 anos, como hoje, sou ainda tentado a pensar todo este caminho, feito a salto. Um punhado de gente piquena confiada a um passador sem escrúpulos. A muitos perdia-se a memória. Quisemos saber pelo nome, mas como se diz o nome? Rabiscaram-me qualquer coisa. Dobrei o papel bem dobrado. Mostraram-me um mapa e apressaram-se a dizer que o país era rico, como um presunto, um lugar, assim, no imaginário, para onde os da minha aldeia emigraram, nos idos de 70. E dizê-lo numa só frase é tentador. Que é feito da nossa memória? Um pavio que se risca e acende. Prodigioso. Na escuridão, uma pequena chama vê-se. Diante de mim a malga sorvida por muitas bocas. Se vale a pena? Tudo vale a pena desde que contribua "para o bem dos que amam a Deus" (Ro. 8, 28). Muitos de nós percorremos todo este granítico caminho, temerários, como gente apeada, fugidos à guerra, à fome e à morte, tais as prefigurações do meu Apocalipse. Cauchemar. E quando me foi possível voltar de vacâncias, para as festividades do orago, dei comigo que por todo o lugar me olhavam de modo diferente, até no nome – passei a ser o emigrante là-bas. Esquisito. No dito lugar, que é todo Portugal, já não se pergunta pelo nome, mas pelos números, somente, e logo me dizem se sou rico ou não. E até me estranham a fala. Exasperante. Sou também um imigrante ici. Onde situar-me? Cada caso é um caso. A verdade é que não se vêem com bons olhos os que voltam pobres, nem os que da pobreza se apartam. Está fácil de ver. A afirmação neste mundo faz-se de perdas e ganhos, de aproximação, distanciamento e esquecimento.

Ao presente, o meu mundo confina às minhas raízes. Raízes? Raízes ou memória, aos que já partiram e aos que ainda estão presentes. O meu ser inscreve-se nestes 40 anos de referências. Mas se este não é o meu país, aquele deixou de o ser. O que muda na minha vida? O que em mim também permanece. O resto deito para a poubelle. Eu ainda vou fazendo o meu boulot. Na antiga empresa já não estão a embauchar, dizem. Outros trabalham ao Schwartz. Vivo, por vezes, uma espera indefinida, na incerteza, na dúvida, na angústia, também no medo.

Com efeito, assim é. São os novos males da alma, que não se diagnosticam em radiografias, nem em análises, no dizer da tua médica. Tu olhas atentamente para os outros. Consomes-te numa vida de trabalhos. Mas os outros nem se apercebem da tua existência e condição. Os outros ignoram-te, a começar pelos que tu julgavas próximos.

Impermanência. Transporto comigo o desassossego e a esperança. No lugar da pessoa, o número; no lugar dos afectos, o vazio. Quem, como eu, se fez peregrino, existe, por vezes, no limo da memória e da não-memória. Como e-/i/-migrante acolhem-te; como pessoa, não passas de um número. E se, por acaso, na tua aldeia, te perguntarem há quanto tempo vives e trabalhas là-bas, e lhes disseres, com números, por exemplo, há 40 anos..., então, concluem, que também és luxemburguês, ou mais luxemburguês do que português, visto que comigo partilhas esta experiência. Quem somos? Que me é dado ser, a não ser o outro, là-bas como ici? Por que persistem em não nos aceitar como pessoas? Acolhem-nos como e-/i/-migrantes, na melhor das hipóteses, mas não passamos de um número. E quem é o meu próximo, como nos sugere a passagem de Lucas (Lc. 10, 29)? Voltaremos, na próxima crónica.

António de Vasconelos Nogueira*
*O autor tem um doutoramento em Filosofia e um pós-doutoramento em História Económica pela Universidade de Aveiro; é especializado na vertente de Estudos Judaicos, diáspora e migração portuguesa. (Rubrica quinzenal; próxima publicação: 3 de Fevereiro).

Acordo Ortográfico: Adoção pelos Media é "passo importante" para "consolidação" da língua, diz Carlos Reis, professor da Universidade de Coimbra

O professor catedrático Carlos Reis considerou no sábado "um passo importante" que a Agência Lusa e outros órgãos de informação passem a adotar o Acordo Ortagráfico, porque se trata de um "importante instrumento de consolidação e internacionalização da língua portuguesa".

"O facto de a Lusa adotar agora o Acordo Ortográfico é uma boa notícia porque significa que a Comunicação Social portuguesa finalmente está atenta e desperta para a importância que ela mesma tem na entrada em vigor de tão importante instrumento de consolidação e internacionalização da língua portuguesa", disse Carlos Reis.

"Acordo Ortográfico é irreversível!"

A presidente da Sociedade de Língua Portuguesa (SLP), Elsa Rodrigues dos Santos, salientou, em declarações à Lusa, que o Acordo Ortográfico é "irreversível", mas alertou que a SLP entendeu ser "mais prudente" esperar mais um mês, até que saia a publicação do Vocabulário elaborado pela Academia das Ciências.

A mesma responsável aconselhou "alguma prudência" porque se está ainda à espera desse Vocabulário, numa altura em que "há problemas a serem clarificados", principalmente com a hifenização e aglutinação das palavras.

Embora entenda que o mais prudente seria esperar pelo Vocabulário da Academia das Ciências, a presidente da SLP refere que os órgãos de comunicação social que avançaram com a aplicação do Acordo Ortográfico podem utilizar essa experiência como "preparação", já que é sempre possível "retificar" o que tiver que ser alterado.

Carlos Reis, que se doutorou em Literatura Portuguesa em 1983 pela Universidade de Coimbra que é professor catedrático desde 1990, entende ser importante que a Comunicação Social adote o Acordo Ortográfico porque "no fundo ela substitui outros órgãos e entidades que deviam ter tido uma atitude mais ativa e não têm tido".

"Refiro-me concretamente ao Governo e à Academia de Ciências que têm estado numa atitude relativamente passiva quando comparado com o que acontece em outros países, designadamente o Brasil", acrescentou Carlos Reis, que é Reitor da Universidade Aberta.

Nas palavras de Carlos Reis, este "passo é importante também porque é o uso que vai ajudar a resolver vacilações e dificuldades que o Acordo Ortográfico pode levantar, como sempre acontece e aconteceu no passado quando iniciativas destas se concretizara".

Carlos Reis foi Diretor da Biblioteca Nacional de Portugal (1998-2002), Presidente da Comissão para o Bicentenário de Almeida Garrett (1999-2000), Presidente da Comissão Nacional do Centenário da Morte de Eça de Queirós (2000-2001) e Presidente da Associação Internacional de Lusitanistas (1999-2001).

Os jornais Expresso e Diário Económico vão adotar nos próximos meses as normas do Acordo Ortográfico, à semelhança do que a agência Lusa começou a fazer sábado, disseram sábado à Lusa os diretores destes títulos.


*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

sábado, 30 de janeiro de 2010

Língua: Agência Lusa começa a aplicar Acordo Ortográfico a partir de hoje

A Agência Lusa começou a aplicar o Acordo Ortográfico em todas as notícias que produzir a partir de hoje, sábado, 30 de Janeiro, seguindo as novas normas da língua portuguesa que entraram em vigor no início do ano, embora com um período de adaptação até 2016.

Aprovado em 1990 por Portugal, Brasil e os cinco países africanos de língua oficial portuguesa, o Acordo Ortográfico foi ratificado pela Assembleia da República a 16 de Maio do ano passado e promulgado pelo Presidente da República a 21 de Julho.

O Brasil foi o primeiro país a aplicar o Acordo, em Janeiro de 2009. Portugal decidiu a sua entrada em vigor em 01 de Janeiro de 2010, com um período de adaptação até 2016. Só Moçambique e Angola ainda não o ratificaram.

Portugal/Educação: Sócrates considera investimento nas escolas o melhor para combater a crise

O primeiro ministro, José Sócrates, afirmou hoje que "o melhor investimento" para combater a crise é aquele que o Governo está a fazer na requalificação das escolas, considerando a aposta na educação a melhor forma de "homenagear a República".

"Este investimento que estamos a fazer nas escolas é o melhor investimento que podemos fazer para combater a crise, para dar emprego, para dar oportunidades às empresas portuguesas e ao mesmo tempo investirmos naquele sector que é absolutamente fundamental para o sucesso económico do nosso país", disse José Sócrates na inauguração das instalações modernizadas da Escola Secundária Carolina Michäelis, no Porto.

O primeiro ministro garantiu que "uma nova escola é sempre um novo começo que significa um impulso para a construção de um Portugal melhor", apelidando de "ambicioso" o programa do Parque Escolar.

"A verdade e que este movimento de modernização das escolas tem apenas um objetivo: que nas nossas escolas coexista aquilo que é ambição de futuro com um espaço físico moderno", explicou, tendo acrescentado que o "país está muito necessitado de requalificação urbana".

Para José Sócrates, que hoje visitou também, no Porto, as obras de modernização em curso da Escola Secundária Filipa de Vilhena, apesar de todas as divergências em várias áreas, há um ponto em que o consenso é atingido: "o sucesso económico do nosso país depende do investimento que fizermos na área do conhecimento, da educação, da ciência e das qualificações".

"A melhor forma de combater a crise é fazermos deste programa um dos programas mais ambiciosos de investimento", enfatizou o primeiro ministro, garantindo que o Governo está a fazer "o mais sério investimento na requalificação do parque escolar, em prol do combate à crise mas também da construção de um país melhor".

Na véspera do arranque oficial das comemorações do centenário da República - que acontece domingo, no Porto - Sócrates considerou que não se poderia "homenagear de forma melhor a República do que investir na escola pública portuguesa".

"Este investimento se aposta no futuro, a verdade também é que honra o passado", disse, acrescentando que "ao escolher um investimento que pudesse simbolizar a República seria, sem dúvida, a educação e requalificação das escolas".

Na cerimónia de inauguração das novas instalações da Escola Secundária Carolina Michäelis estiveram ainda presentes o secretário de Estado da Educação, João Mata, a governadora civil do Porto, Isabel Santos, e o presidente da autarquia portuense, Rui Rio.

O Governo arranca em maio uma "nova fase" do Parque Escolar, etapa que envolve um investimento "superior a dois mil milhões de euros" e levará à "criação" de trinta mil postos de trabalho, disse o secretário de Estado da Educação, João Trocado da Mata.

"Estão concluídas ou em fase de conclusão cerca de cem escolas secundárias e está já uma nova fase [do programa Parque Escolar] em preparação. A partir de maio, mais cem escolas vão iniciar obra. No global, estamos a falar de um investimento superior a dois mil milhões de euros", frisou João Trocado da Mata à agência Lusa.

A Parque Escolar é a empresa responsável pela concretização do Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário, que se desenvolve em várias fases e tem como objetivo a intervenção em 330 escolas até ao ano 2015, de acordo com o site da empresa.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Nova brochura do Centro Europeu dos Consumidores: Cuidado com o "crédito fácil"

O Centro Europeu dos Consumidores (CEC) do Luxemburgo acaba de editar uma brochura intitulada "Crédito fácil?", com o objectivo de informar os consumidores, através de informações jurídicas e de conselhos práticos, sobre os direitos e obrigações de quem pede um empréstimo a um organismo de crédito estabelecido na Bélgica.

A publicação chama, nomeadamente, a atenção para os riscos destes créditos "fáceis" e para as armadilhas a evitar. As brochuras estão disponíveis gratuitamente no Centro Europeu dos Consumidores (55, rue des Bruyères, L-1274 Howald) ou podem ser descarregadas no site www.cecluxembourg.lu , na rubrica "Publications/Nos Brochures".

Cidade do Luxemburgo: Puberdade é tema de seminário para pais de adolescentes, de 3 a 10 de Fevereiro

A Federação das Associações de Pais do Luxemburgo (FAPEL) organiza um novo seminário, em Fevereiro, desta vez sobre a puberdade. Trata-se de mais uma conferência que aquele organismo leva a efeito com o objectivo de ajudar os pais dos alunos no difícil papel educativo.

Desde 1992 que a FAPEL proporciona aos pais a possibilidade, através da organização de seminários, de se informarem e de se formarem sobre a infância e a adolescência.

Mas é principalmente o domínio escolar que é abordado nestes encontros, de forma a permitir aos pais de melhor seguir o processo de aprendizagem dos filhos e de serem activos no seio dos estabelecimentos escolares.

A visão da FAPEL pode resumir-se na frase "uma responsabilidade partilhada" entre os pais e a escola. "Numerosos estudos demonstram que a participação dos pais na escola permite melhorar os resultados dos alunos. Uma participação legalmente reconhecida e aceite pela sociedade, encoraja o desenvolvimento de uma cultura de participação dos pais num processo em constante evolução e de Life-long-learning (aprendizagem ao longo da vida)", explica um membro da FAPEL.

Seminário entre 3 e 10 de Fevereiro


A próxima conferência decorre entre 3 e 10 de Fevereiro, das 19 às 21h30, no liceu Aline Mayrisch, na cidade do Luxemburgo. A conferência desenrolar-se-á sob a forma de oficina e será animada pela pedagoga Rolande Fellerich.

O encontro é aberto a todos os pais e debruçar-se-á sobre os problemas ligados à puberdade, tentando dar respostas a diversas questões, como, por exemplo, como evitar os conflitos com os adolescentes, como restabelecer a comunicação em situação de crise, quais os limites a estabelecer com os adolescentes e qual a melhor maneira de os colocar?

Mais informações podem ser obtidas junto do secretariado da FAPEL, através do tel. 46 60 96 ou através de correio electrónico (fapel@education.lu).

Enquanto isso, a FAPEL aconselha os pais que queiram obter informações sobre a educação e a pedagogia a lerem o livro "Consommateur, client ou partenaire" e o estudo do professor Charles Desforges "The effects of family learning interventions".

F. Pinto

Daniel Tesch é o cônsul honorário do Brasil no Luxemburgo

O Brasil já tem um representante diplomático no Luxemburgo: trata-se do cônsul honorário Daniel Tesch (na foto), de nacionalidade luxemburguesa e advogado de profissão.

A nomeação foi decidida em Brasília em Outubro último e vem acabar com a ausência diplomática que se fazia sentir no Luxemburgo, um país onde a comunidade brasileira é cada vez maior, estimando-se actualmente que cerca de cinco mil cidadãos daquele país vivam no Grão-Ducado. Outro dos objectivos é facilitar a vida dos brasileiros registados ou residentes no país.

Daniel Tesch viveu oito anos no Brasil. Foi gerente de exportação da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, sediada no Luxemburgo. Esta empresa pertence hoje à ArcelorMittal, já que surgiu da compra da empresa brasileira pela então ARBED (hoje ArcelorMittal) em 1921.

De regresso ao seu país de origem, Daniel Tesch integra a direcção do Automóvel Clube do Luxemburgo (ACL), cargo que acumula com o de cônsul honorário do Brasil e onde vai, por ora, funcionar o Consulado Honorário.

Ao CONTACTO o cônsul honorário explicou que não tem poder legal para realizar casamentos, registos de nascimento e outros trâmites administrativos desta natureza, mas será responsável por enviar esses pedidos directamente ao sector consular junto da Embaixada do Brasil em Bruxelas. Assim, o cidadão brasileiro residente no Luxemburgo não precisará mais deslocar-se até à capital belga para tratar deste tipo de assuntos.

Consulado itinerante a partir deste mês


A outra grande novidade é o conceito de Consulado Itinerante que existe a partir de agora: em cada três meses, na última semana do mês, uma parte do corpo diplomático da Embaixada do Brasil em Bruxelas desloca-se até ao Luxemburgo para prestar serviços à comunidade brasileira. Serão possíveis a emissão de passaportes, realização de casamentos, registo de nascimento, emissão de títulos de eleitor, entre outros documentos reservados a pessoas físicas.

A actividade do Consulado Itinerante começa esta quinta-feira, 25 de Janeiro. O cônsul honorário aconselha a marcar encontro e especificar o assunto a ser tratado previamente, por exemplo, se o utente quiser realizar um casamento, isto para organização da parte burocrática. Vai haver também um número de pessoas limitado por dia para atendimento. O Consulado Honorário do Brasil no Luxemburgo está, desde já, acessível no n°54, route de Longwy, em Bertrange (sede do ACL). Para mais informações, os utentes podem enviar um e-mail para setconsular@brasbruxelas.be (para agendar marcação no Consulado Itinerante, deve ser enviado um e-mail para m.fantin@eib.org).

Ana Lívia Abondance/Rda
Foto: A.L.Abondance

Comunidades: Conselho Permanente "regista garantias" sobre ensino de português no estrangeiro

O Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas (CPCP) registou sexta-feira "as garantias" dadas pelo Governo e pela presidente do Instituto Camões para a manutenção do ensino do português no estrangeiro enquanto língua materna dos emigrantes.

Após três dias de reuniões em Lisboa, o Conselho Permanente aprovou um Programa de Acção para 2010 orientado por "seis eixos operacionais", um dos quais no sentido de "prosseguir esforços para que a nova lei sobre o sistema eleitoral referente às comunidades contemple disposições que harmonizem a realização dos diversos actos eleitorais e inclua disposições diversificadas que facilitem a participação eleitoral das comunidades".

No final dos trabalhos no Parlamento, Fernando Gomes (presidente do CPCP) e António Fonseca (vice-presidente) divulgaram o Programa de Acção para 2010 que prevê também a apresentação de "propostas em matéria de reforço associativo nas comunidades, em particular na vertente de formação dos jovens dirigentes que visem salvaguardar e renovar as estruturas associativas nas comunidades".

De igual modo, foi decidido "prosseguir esforços para que o CCP tenha representação no Conselho de Opinião da RTP".

No documento final do CPCP, a que a Agência Lusa teve acesso, ficou ainda decidido "acompanhar a prossecução das atribuições dadas pelo novo regulamento consular aos responsáveis das missões diplomáticas em matéria de promoção cultural, social e protecção ao cidadão e que seja feito o acompanhamento da implementação das atribuições previstas no novo regulamento consular.

Acompanhar a prossecução do Programa Nacional do Ano Europeu de Combate à pobreza e à Exclusão Social é outro dos eixos operacionais aprovados pelo CPCP.

Quanto ao ensino do português no estrangeiro como língua materna, os responsáveis do CPCP registaram as garantias dadas pelo secretário de Estado das Comunidades, António Braga, e pela presidente do Instituto Camões, Ana Paula Laborinho, de que isso não vai acabar.

O CPCP decidiu, neste domínio, solicitar que seja realizado o acompanhamento prioritário da "implementação da nova estratégia do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) junto dos responsáveis das missões diplomáticas, de forma a podermos transmitir as eventuais dificuldades encontradas na prossecução das garantias dadas em matéria de continuidade do ensino do português como língua materna junto das Comunidades.

Entre outros pontos importantes aprovados, está a consideração de que a perspectiva apresentada pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas de que o CCP não terá dotação própria no orçamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) é "inédita e grave".

O Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas decidiu usar das suas competências e intervir junto dos órgãos de soberania para a lei sobre esta matéria "seja respeitada e cumprida".

Por último, estando prevista uma revisão constitucional em 2011, ficou decidido que o CPCP articulará com a sua Comissão da Especialidade e irá "prosseguir a anterior reflexão do CPP no sentido da inclusão deste na próxima revisão" da Lei Fundamental do país.

Luxemburgo/Lei anti-tabaco: Donos de cafés temem perder clientes

Os proprietários dos cafés temem perder clientela quando a lei anti-tabaco começar a ser aplicada em todos os estabelecimentos de restauração. O ministro da Saúde luxemburguês, Mars Di Bartlomeo, já anunciou que a interdição de fumar nos cafés, bares e discotecas está para breve.

Daí a Horesca, a Federação da Hotelaria e Restauração, ter lançado um inquérito junto dos seus sócios sobre este assunto. Os resultados do estudo não demonstram nenhuma tendência especial, as opiniões estão divididas. Mas o receio de perder clientes, é claro. Nessa medida, a Horesca propõe que seja dada a possibilidade aos proprietários de escolherem se o seu estabelecimento aceita fumadores ou é apenas para não-fumadores. Os números do inquérito mostram que 52 % das 2.008 pessoas interrogadas pensam que os fumadores deveriam poder continuar a poder fumar nos cafés, bares e discotecas, mesmo que isso implique obras de adaptação nos estabelecimentos. Por seu lado, 43 % dos inquiridos opõem-se à permissão de fumar. O mesmo estudo mostra que 37 % das pessoas interrogadas declaram que irão mais vezes ao café se for proibido fumar, contra 19 % que afirmam que diminuirão as suas idas ao café se não se puder fumar.

Será que esta lei é uma boa oportunidade para o sector? "Gostaria de dizer que sim", responde Jean Schintgen, secretário geral da Horesca, "mas não acredito nisso". E dá o exemplo da Irlanda, onde a frequentação dos pubs diminuiu 25 % depois da interdição de fumar.

Para a Horesca a interdição de fumar provocará uma diminuição do volume de negócios dos cafés e bares. A federação baseia esta opinião nos números registados pelos restaurantes: quando passou a ser proibido fumar nesses estabelecimentos, o volume de negócios baixou entre 15 e 20 % numa primeira fase, para se estabilizar actualmente em menos 4 % do que antes da lei entrar em vigor.

F. Pinto
Foto: Shutterstock

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Luxemburgo pode aprovar casamento "gay" até ao Verão

O partido socialista luxemburguês (LSAP) vai apresentar até ao Verão um projecto-lei para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, garantiu na semana passada o ministro da Justiça.

Em resposta a uma interpelação do deputado liberal Xavier Bettel (DP), François Biltgen adiantou que o projecto-lei será apresentado "antes das férias do Verão", em cumprimento da promessa feita pela coligação no Governo, formada pelos socialistas (LSAP) e pelos cristãos-sociais (CSV).

A lei deverá também permitir a adopção por casais homossexuais, mas apenas a adopção simples, isto é, que não corta os vínculos jurídicos com os pais biológicos.

A legalização do casamento homossexual faz parte do programa do Governo de coligação formado pelos cristão-sociais (CSV) e pelos socialistas (LSAP).

O Grão-Ducado aprovou em 2004 legislação que reconhece alguns direitos aos casais em união de facto, um modelo semelhante ao PACS, em França. Em vigor desde 1 de Novembro de 2004, a lei do partenariado permite que duas pessoas do mesmo sexo ou de sexo diferente que vivam juntas beneficiem de abatimentos fiscais, mediante declaração no registo civil da autarquia de residência.

Durante a tomada de posse, em Julho de 2009, o Executivo luxemburguês anunciou a intenção de alargar também o casamento às pessoas do mesmo sexo, à semelhança do que já acontece noutros países.

Na Europa, são já seis os países que permitem o casamento homossexual. A Holanda foi o primeiro país a autorizar os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, em 2001. Seguiram-se a Bélgica (2003), Espanha (2005), Noruega (2009), Suécia (2009) e Portugal (2010).

Se o projecto-lei for aprovado, o Luxemburgo poderá vir a ser o sexto país da União Europeia e o sétimo da Europa a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A medida faz parte de um pacote de alterações ao direito da família que inclui também a revisão da lei do aborto (ler aqui).

Luxemburgo com PIB positivo, diz adeus à recessão

O Produto Interno Bruto (PIB) do Luxemburgo voltou a resultados positivos no terceiro trimestre de 2009. Segundo uma primeira estimativa do serviço de estatísticas do Luxemburgo, o Statec, registou-se um subida do PIB de 4,2 % relativamente ao trimestre anterior, o que pode ser considerado como um sinal de que a recessão ficou para trás. A evolução do PIB regressou ao seu curso positivo no terceiro trimestre de 2009, depois de cinco trimestres consecutivos de recessão.

"É uma saída técnica da recessão", diz Bastien Larue, economista do departamento de conjuntura do Statec, que explica que as estatísticas falam de recessão técnica quando o PIB recua durante dois trimestres em variação trimestral.

"Este salto de 4,2 % é bastante forte", considera Larue, que precisa que a hipótese de base previa uma subida de apenas 1 a 2 %. A zona euro conheceu, em média, uma subida de 0,3 %. Contudo, o PIB parte de um nível muito baixo e, comparado com o mesmo trimestre de 2008, os números continuam negativos, com -2,6 %. A preços constantes (fora a taxa de inflação), o PIB luxemburguês do terceiro trimestre eleva-se a 7,182 mil milhões de euros.

Números provisórios

Como sempre acontece nestes casos, os números são provisórios, avisa o Statec. Basta ver como as previsões dos trimestres anteriores foram revistas pelo Statec. O cálculo para o quarto trimestre de 2008 aponta agora para -4,7 % em vez dos -3,9 % então previstos. "Os cálculos para os dois primeiros trimestres de 2009, foram também revistos em baixa: -6,3 % em vez de -5,9 % para o primeiro trimestre, e -7,3 % em vez de -5,3 % para o segundo trimestre", revela o serviço de estatísticas no seu comunicado.

O Statec explica que estas revisões devem-se a uma correcção metodológica e estatística do sector financeiro. Assim, o Statec alterou o seu método de cálculo no que diz respeito aos serviços de auxiliares financeiros, estando alguns sujeitos à declaração do IVA e outros não. "Esta alteração melhora a qualidade dos dados e a coerência, – salienta Larue –, mas influencia necessariamente os dados estatísticos precedentes".

No que respeita ao futuro próximo, se os dados trimestrais se mantiverem ao nível dos números conhecidos, o quarto trimestre deverá ser de novo positivo em variação mensal e estagnar ao ano, prevê Larue. O Statec previu um recuo de -3,9 % do PIB para o ano de 2009 no seu todo e um crescimento de 2,1 % para 2010.

InflaçÃo nos 1,8 % em Dezembro

A taxa de inflação luxemburguesa atingiu os 1,8 % ao ano no mês de Dezembro último. Contudo, os preços recuaram de 0,14 % em relação ao mês anterior, revela ainda o Statec. Esta evolução mensal deve-se a um recuo da inflação subjacente (que exclui nomeadamente os produtos petrolíferos) e a um recuo de 0,8 % do preço da gasolina.

Foto: Arq. LW

Luxemburgo: Universidade do Luxemburgo vai receber 119 milhões de euros até 2013

O ministro do Ensino Superior, François Biltgen, e o reitor da Universidade do Luxemburgo, Rolf Tarrach assinaram ontem um acordo que prevê o aumento dos apoios estatais de 72 milhões de euros em 2009 para 119 milhões de euros em 2013.

Estão igualmente previstos aumentos salariais bem como o aumento de alojamentos para estudantes, que vão passar dos 400 para 600 quartos.

Foto: Marc Wilwert

Kirchberg: Camané este sábado na Philharmonie

Aquele que é considerado como uma das maiores vozes do fado da actualidade, Camané, vai estar em concerto na Philharmonie este sábado, 30 de Janeiro. Contando com a participação de três músicos excepcionais – José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença, na viola clássica, e Paulo Paz, no contrabaixo –, o concerto é a ocasião de apresentar o último trabalho do fadista, "Sempre de mim", editado em Abril de 2008. Este conta com poemas de Pedro Homem de Mello, Luís de Macedo, David Mourão-Ferreira, Fernando Pessoa, Manuela de Freitas, Jacinto Lucas Pires, e músicas de Alain Oulman, José Mário Branco, Alfredo Marceneiro, Fontes Rocha, entre muitos outros.

O concerto regista lotação esgotada há já dois meses, o que prova o grande interesse do público do Grão-Ducado pelos grandes nomes do Fado. Esta é a terceira vez que Camané actua no Luxemburgo, depois de ter subido aos palcos do Grande Teatro da cidade do Luxemburgo, em Maio 2005, e do Centro de Artes Plurais de Ettelbruck (CAPe), em Novembro de 2007.

Camané, de seu verdadeiro nome Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos, vem de um clã fadista que inclui ainda os irmãos Hélder e Pedro Moutinho. Aos 11 anos, ganhou a Grande Noite do Fado. Em 1995, gravou o primeiro álbum, "Uma noite de fados", com o apoio de José Mario Branco na produção. Seguiram-se quatro outros trabalhos discográficos, todos eles sucessos junto do público e da crítica. Camané tem-se afirmado como um defensor intransigente da tradição do fado, sem, no entanto, perder de vista a vontade de explorar novas direcções. Participou, assim, por exemplo, em espectáculos com os Xutos & Pontapés, Sérgio Godinho, Dead Combo e os músicos de jazz Bernardo Sassetti, Mário Laginha e Carlos Bica. Em 2004, integrou o projecto "Humanos", com Manuela Azevedo, dos "Clã", e David Fonseca, um disco e uma digressão em homenagem a António Variações.

Interprete rigoroso e perfeccionista que foge aos artifícios da fama e do palco, Camané procura a "verdade" do fado através da escolha de uma poética sem compromissos, de um canto imaculado e de uma abordagem musical respeitosa mas sempre moderna.

Jorge Rodrigues

Nuvens ensombram praça financeira luxemburguesa

Já foi a menina dos olhos da economia luxemburguesa, mas agora a praça financeira acusa o forte choque provocado pela crise. Recentemente, numa reunião com a OGB-L, o ministro do Emprego revelou que estão em curso duas dezenas de planos sociais no sector financeiro.

Segundo os números avançados, 600 pessoas foram vítimas dos despedimentos colectivos, aos quais se somam os despedimentos individuais, bem como as supressões de postos de trabalho na sequência de fusões.

Com o objectivo de fazer face a esta situação e de ajudar as pessoas que perderam o emprego, o governo propõe encarregar-se dos assalariados antes que estes engrossem as listas de desempregados. Em colaboração com a administração do emprego – ADEM – e as organizações patronais e sindicais, a acção basear-se-á num diagnóstico de competências, numa reorientação do assalariado através da formação e a reinserção na vida activa.

Segundo o presidente da ALEBA, Associação luxemburguesa dos empregados de bancos e seguradoras, Marc Glesener, "veremos mais claro em 2010". Na verdade, continua a ser difícil dizer quando as nuvens que pairam sobre o sector desde 2008 se dissiparão.

"2010 será um ano cheio de desafios, durante o qual vamos ver em que ponto estamos", afirmou Marc Glesener na cerimónia de Ano Novo do sindicato dos sectores bancário e de seguros.

Para Glesener, a praça financeira só poderá retomar o ritmo de cruzeiro quando for claro que o segredo continuará a assegurar a confidencialidade dos dados. Mas, para já, a ALEBA pede que os subsídios de desemprego sejam prolongados para além dos doze meses.

Evitar o desmantelamento social

Segundo o sindicato, já perderam o emprego, desde o início da crise, cerca de 1.500 pessoas, número duas vezes mais elevado do que os avançados pela Associação de bancos e banqueiros (ABBL) e pelo ministro do Emprego (como é referido no início deste texto).

A diferença explica-se, em parte, pelos despedimentos que Marc Glesener qualifica de "suaves", ou seja, despedimentos de mútuo acordo. Ora, para o sindicato, estes despedimentos nem sempre são assim tão voluntários como parece, já que em grande parte serão provocados pelo "mobbing" (assédio profissional), um problema que, segundo a ALEBA, "se mostra cada vez mais".

Quanto às negociações da "tripartida" anunciadas para a Primavera, Marc Glesener reafirma a mensagem a passar aos colegas sindicalistas que participarão nas reuniões: "Evitar todo e qualquer desmantelamento social".

Comentário: Crise paira sobre o arranque do Festival Automóvel

O Festival Automóvel, organizado em conjunto pela Associação dos Distribuidores de Automóveis Luxemburgueses (ADAL) e pela Federação dos Garagistas Luxemburgueses (Fegarlux), arranca já no próximo sábado, dia 30 de Janeiro, e prolonga-se por um período de dez dias consecutivos, até dia 8 de Fevereiro – de Norte a Sul do país – sob o signo da dúvida.

Em 2009 as vendas caíram 9,7 %, facto inédito nos últimos 15 anos. A crise não poupou o Grão-Ducado que nos últimos anos, ao contrário da esmagadora maioria dos países, conseguiu manter um ligeiro aumento na compra de veículos particulares e utilitários. Nem os incentivos do Estado foram capazes de travar a queda nas vendas, o que provocou a perda de vários postos de trabalho no sector.

Assumidamente um dos maiores eventos do país, embora longe das grandes "montras" mundiais como os salões de Paris, Genebra, Tóquio ou Turim, este certame suscita uma expectativa fora do comum, assente num leque cada vez mais alargado de escolhas de veículos, o que leva os potenciais compradores – do mais discreto ao mais exigente –, ávidos de novidades, às quase duas centenas de garagens e concessionários espalhados pelo país. Nalguns casos os negócios feitos durante o Auto Festival chegam a representar cerca de um terço das vendas anuais do sector.

Culto de prazer, o automóvel deixou de ser encarado apenas como meio de transporte. É também um produto de marca e distinção, tendo o seu papel social ganho outra dimensão.

Conduzir será, sempre, umprazer único. A concorrência entre as marcas é cada vez mais competitiva e intensa, estando muitas vezes a compra do automóvel ligada à imagem de marca do modelo.

Apesar das previsões de vendas deste ano apontarem para uma ligeira melhoria, concessionários e garagistas montam estratégias para tentar reconquistar o terreno perdido. Conseguirá o Luxemburgo inverter a tendência da crise em 2010? Veremos.

Com as portas abertas, é só entrar escolher e comprar. Para quem pode, claro está.

O CONTACTO deseja a todas as marcas presentes neste Festival Automóvel 2010 votos do maior sucesso.

Álvaro Cruz
responsável das rubricas Desporto & Automóvel
no CONTACTO

Crónica: O falcão luxemburguês e a pomba portuguesa

Quem é neste momento o líder europeu que torce mais o nariz ao ouvir o nome de Jean-Claude Juncker? Se o leitor respondeu "Sarkozy" é bem possível que se tenha enganado, já que a resposta pode muito bem ser "Sócrates", ou pelo menos "Teixeira dos Santos". De facto, a pugna entre Portugal e o Luxemburgo pelo cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu está ao rubro e a partida disputada entre os governadores dos bancos centrais dos dois países, respectivamente Vítor Constâncio e Yves Mersch, tem tido alterações constantes no marcador e continua de vencedor incerto no fim do tempo regulamentar. E Teixeira dos Santos, adepto incondicional de Constâncio, acaba de chamar caseiro ao árbitro Juncker.

Juncker foi reeleito como presidente do Eurogrupo e, nessa mesma reunião, a sua primeira tarefa seria precisamente a de organizar uma votação entre os ministros das Finanças da Zona Euro que decidisse o substituto (a partir de Junho) do grego Papademos. Mas sob pretexto de recear um empate (os mais maquiavélicos afirmam que na verdade o receio era de uma derrota de Mersch), o árbitro mandou todos para as cabinas e marcou uma finalíssima para Fevereiro – o pretexto foi o de pedir entretanto um parecer jurídico para definir como votar à luz das novas regras do Tratado de Lisboa (ironias da alta política, a mesma cidade onde labora Constâncio). O governo português, desconfiando que Juncker sabia ser muito difícil eleger dois luxemburgueses no mesmo dia, não gostou do adiamento ("É estranho e prejudica a candidatura portuguesa") e preferia ter ido a penáltis. Até porque Constâncio é conhecido por ser bom à defesa, ou seja, por ser em jargão "uma pomba": menos preocupado com a inflação e mais com o desempenho económico e o desemprego, e reticente em começar a retirar os apoios públicos concedidos nos momentos mais duros da crise.

Mersch, pelo contrário, é a definição do "falcão": a ortodoxia financeira é o seu credo, o combate à inflação o seu primeiro e grande objectivo; e como tal, a retirada do dinheiro público da economia uma prioridade. Mersch é "tão alemão como um alemão", monetariamente falando, e isso também parece jogar contra si: a Alemanha quer para um alemão o lugar de presidente em 2011, e sabe que é necessário equilibrar presidente e vice com filosofias diferentes – daí parecer inclinar-se para Constâncio. Resta saber em que equipa jogará a França, depois da operação de charme de Juncker em Paris há duas semanas.

Se o empate persistir, o cargo – e os 21.532 euros mensais que ele significa para o seu titular – pode cair nas mãos de mais um outsider belga, neste caso em Peter Praet, o governador do banco central do país. Ou então num candidato de última hora. Aí está um desfecho que não agradaria a nenhum dos contendores, Portugal ou Luxemburgo, em luta para subir de divisão... política.

Hugo Guedes

*As crónicas de Hugo Guedes podem também ser lidas no blogue associado do CONTACTO: www.naruadagrandecidade.blogspot.com

Karaté: Letícia Ferreira participa no Open de Portugal com a sua equipa, o KC Strassen

Letícia Ferreira participa este sábado, 29 de Janeiro, no 8° Open de Portugal em Karaté, que tem lugar em Santo Tirso.

A jovem kararteca portuguesa residente no Luxemburgo concorre pelo "Karaté Club Strassen" na categoria campeãs nacionais seniores, na qual vai enfrentar 10 opositoras.

A delegação do clube luxemburguês enviada este fim-de-semana a Portugal inclui ainda: Joé Roob, na categoria "pré-minimes"(16 opositores); Céline Magrini, na categoria "minimes" (18 concorrentes); Sabrina De Conti, na categoria cadetes (13 opositoras); e Nicola Magrini, categoria cadetes (39 concorrentes).

JLC
Foto: P.L.

Luxemburgo: Oposição quer despenalização da interrupção voluntária da gravidez sem condições até à 12a semana

Os Jovens Socialistas Luxemburgueses (JSL) e o partido democrático (DP) criticaram a proposta de reforma da lei do aborto apresentada na quinta-feira da semana passada pelo partido socialista (LSAP).

O projecto-lei acrescenta a "angústia social" ("détresse sociale") provocada pela gravidez às circunstâncias em que o aborto não é crime. Ao abrigo da lei ainda em vigor, de 1978, o aborto é permitido até às 12 semanas apenas quando a gravidez põe em risco a saúde física ou psíquica da mulher, em caso de malformação do feto ou quando a gravidez tem origem em violação. Fora dos casos definidos na lei ou para lá do prazo legal, os autores do aborto são punidos com uma pena de prisão que pode ir de dois a cinco anos e com coimas entre 251 e 25 mil euros.

O projecto-lei introduz igualmente as consultas obrigatórias em centros de planeamento familiar, que o DP considera uma manobra para desencorajar as mulheres que pretendem abortar, forçando-as a abordar uma decisão "íntima" com desconhecidos. Para os liberais, a reforma da lei do aborto, apresentada pelo LSAP como "um avanço social", continua a restringir excessivamente o acesso à interrupção voluntária da gravidez (IVG).

Mais críticos da reforma, os Jovens Socialistas acusam o LSAP de não respeitar as promessas de despenalizar à IVG até às 12 semanas, "mascarando como auto-determinação da mulher" um "compromisso podre cozinhado com as forças conservadoras". Em comunicado de segunda-feira, a juventude partidária lamenta que os socialistas tenham ficado aquém da proposta apresentada por Lydie Err em Março de 2007, que liberalizava a interrupção voluntária da gravidez até às 12 semanas, e temem que as mulheres continuem a "ter de atravessar a fronteira" para poderem abortar.

Mas o ministro da Justiça defende a reforma apresentada. Para François Biltgen (CSV), a alínea aditada ("angústia social") vai permitir às mulheres tomarem uma decisão durante um período de três meses.

O Grão-Ducado faz parte do grupo restrito de Estados-membros da UE que, tal como a Polónia, Malta ou Irlanda, ainda criminalizam o aborto, não permitindo a IVG a pedido da mulher.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Comunidades: Conselho Permanente continua preocupado com Ensino do Português no Estrangeiro

A forma como o Governo irá tratar o Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) enquanto língua materna ainda suscita preocupação, disse hoje o presidente do Conselho Permanente (CP) do Conselho das Comunidade Portuguesas (CCP), Fernando Gomes.

"Há uma série de situações em que não está completamente afastada a nossa apreensão e a nossa preocupação", declarou à Lusa Fernando Gomes, depois dos representantes do CP serem recebidos em audiência pelo presidente Aníbal Cavaco Silva.

A presidente do Instituto Camões (IC), Ana Paula Laborinho, garantiu na quarta-feira aos conselheiros das Comunidades Portuguesas que o Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) enquanto língua materna não vai acabar.

A preocupação com a matéria surgiu com declarações anteriores de Ana Paula Laborinho, que admitiu a possibilidade de o ensino do português enquanto língua materna poder acabar em alguns países.

Fernando Gomes referiu que, mesmo depois da reunião com a presidente do IC, os representantes do conselho não saíram "completamente esclarecidos" e continuam "apreensivos", mas confirmou que "houve uma abertura do Instituto Camões em realiza reuniões regulares com o Conselho Permanente".

"Já é um passo em frente, mas há uma série de dúvidas, a própria legislação em si, o próprio programa", realçou.

Sobre Cavaco Silva, Gomes disse que "o presidente tem grande sensibilidade e aproximação junto às comunidades portuguesas", tendo debatido com ele "a questão do ensino da língua portuguesa" durante a audiência, "além de outros assuntos".

"Junto ao chefe de Estado, reiteramos que muitas vezes a própria posição do Conselho das Comunidades está fragilizada porque, como órgão de consulta que é ou deveria ser, não é consultado", referiu ainda.

O presidente do CP disse que será entregue ao presidente um dossier com as conclusões dos trabalhos realizados pelo órgão consultivo e outras questões que consideram pertinentes a serem discutidas.

O ensino do português enquanto língua materna será um dos principais pontos da agenda de reunião de três dias, que junta na Assembleia da República, de quarta a sexta-feira, os 11 membros do Conselho Permanente do CCP.

Além do ensino, será ainda analisada durante a reunião a não implementação pelo Governo do Conselho da Juventude, previsto na legislação que enquadra o CCP, o "afastamento deliberado e discriminatório" do órgão dos Conselhos Consultivos dos consulados e a falta de meios humanos e financeiros para o funcionamento do CP.

Os novos fluxos migratórios e o aumento das situações de precariedade e pobreza, os sistemas de recenseamento, voto e o exercício dos direitos de cidadania, o associativismo e a comunicação social, a reforma consular e o programa Netinveste serão outros temas em discussão num encontro que servirá ainda para aprovar o programa de acção para este ano.

No âmbito da reunião, o CP tem audiências marcadas com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e comissões parlamentares de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e Orçamento e Finanças.

Reino Unido: Recompensa oferecida a quem prender Tony Blair

Um site criado pelo activista e escritor britânico George Monbiot recolheu mais de dez mil euros para oferecer de recompensa a quem tentar ou efectuar uma detenção civil do ex-primeiro-ministro Tony Blair.

Monbiot invoca “crimes contra a paz” ou “crimes de agressão” pela participação do Reino Unido na invasão do Iraque em 2003.

O desafio, lançado na segunda-feira, foi feito dias antes da audição de Tony Blair pela comissão de inquérito sobre o Iraque, na sexta-feira.

No site (www.arrestblair.org) aconselham-se os interessados a não tentar nesta altura, “em que a polícia será especialmente sensível e Blair será mantido longe do alcance do público”.

Mas promete um quarto do dinheiro recolhido até à altura às pessoas que tentarem fazer uma detenção civil “pacífica”.

Ao encorajar estas acções, Monbiot quer protestar pelas mortes no Iraque e pressionar as autoridades britânicas a processar Tony Blair ou entregá-lo ao Tribunal Penal Internacional.

Para ser considerada, a tentativa tem de ser notícia num grande meio de comunicação e não pode implicar ferimentos ao ex-primeiro-ministro nem aos que o rodeiam.

Todavia, embora sejam dadas instruções de como proceder, as hipóteses de sucesso são declaradamente baixas.

“As tentativas para prender Blair serão, nesta altura, sobretudo simbólicas, mas terão uma grande repercussão política”, lê-se no site.

Em apenas dois dias o fundo recebeu 9432 libras (10 820 euros), mas o sistema de pagamentos foi bloqueado e o promotor foi obrigado a abrir uma nova conta bancária.

George Monbiot é um escritor britânico, activista ambiental e colunista no jornal Guardian.

Em 2008 tentou fazer uma detenção do antigo vice-secretário de Estado norte-americano John Bolton durante um festival literário pelo papel na invasão do Iraque.

General Electric fecha portas em Echternach

O conglomerado da General Electric em Echternach vai passar a sua produção para as fábricas da Alemanha e da República Checa.
A notícia apanhou de surpresa os 46 trabalhadores que na passada terça-feira foram informados do encerramento da unidade já em Julho deste ano.

A notícia é avançada hoje pela edição on-line do L’essentiel. Segundo este jornal a decisão fica a dever-se à dissolução da joint-venture entre a sociedade americana e a Fanuc.

O jornal adianta que as instalações ocupadas pelos trabalhadores da GE em Echternach são alugadas à Fanuc e o contrato de aluguer do espaço termina já a 31 de Março.

A GE está disposta a levar para a Alemanha e para a Republica Checa os trabalhadores do Luxemburgo, mas os sindicalistas da LCGB, ouvidos pelo L’Essentiel, garantem que os trabalhadores têm direito a recusarem a deslocalização com a consequente perda do posto de trabalho.

DM

Fórmula 1: Ferrari apresentou o novo F10

Felipe Massa, do Brasil, e o espanhol Fernando Alonso formam a dupla que quer devolver a tradição ganhadora da Ferrari à F1

A Ferrari apresentou hoje o F10, o novo modelo para o Mundial de Fórmula 1 de 2010, com o qual a “escuderia” italiana pretende recuperar a tradição ganhadora na modalidade.

“Acabámos uma época que não se revelou nada competitiva para nós e este modelo deve assinalar um ponto de viragem para o futuro. Queremos ganhar outra vez”, explicou Stefano Domenicalli, director da equipa.

Neste sentido, e quase como superstição, a Ferrari recuperou o hábito de “baptizar” os monolugares com a referência ao ano relativo à época, depois da excepção de 2009 e do nome F60, que assinalava o 60º aniversário da escuderia.

Em virtude do novo patrocínio do banco espanhol Santander, que “acompanhou” a contratação do compatriota Fernando Alonso, o modelo também apresenta uma novidade: as asas dianteiras passarão a “vestir-se” de branco.

A época de 2009 foi desastrosa para a formação italiana, que terminou no quarto lugar na classificação de construtores.

Individualmente, a melhor prestação valeu apenas o sexto posto, ocupado finlandês Kimi Raikkonen, ironicamente dispensado pela Ferrari para a entrada de Alonso, bicampeão mundial (2005 e 2006) quando representava a Renault.

DM c/Lusa

Bruxelas quer que Portugal altere regras de aplicação de Imposto de Circulação a automóveis usados

A Comissão Europeia quer que Portugal acabe com a distinção, em termos de Imposto de Circulação, entre carros usados matriculados antes e depois de Julho de 2007, foi hoje divulgado em Bruxelas.

Segundo uma nota de imprensa hoje divulgada, o imposto de circulação para dois automóveis usados idênticos varia conforme a data em que o carro foi matriculado em Portugal e se é importado ou adquirido no país.

"Os carros matriculados pela primeira vez depois de 01 de Julho de 2007 estão sujeitos a um imposto de circulação anual mais elevado do que os registados antes dessa data, devido a uma diferença no modo como a taxa é calculada", considera Bruxelas.

Portugal introduziu um sistema diferenciado de cálculo de Imposto de Circulação para automóveis usados por considerar que "seria injusto que os automóveis matriculados em Portugal até 01 de Julho de 2007 e, consequentemente, sujeitos a um imposto de registo automóvel mais elevado, tivessem de pagar o novo imposto de circulação anual mais oneroso".

Esta diferença resultou no envio de parecer fundamentando ao Governo português, que tem agora dois meses para responder.

Se Portugal não alterar o imposto segundo as indicações europeias, o caso será levado perante o Tribunal de Justiça Europeu.

Por outro lado, Bruxelas adverte ainda Lisboa para a tributação dos veículos usados importados, lembrando que a posição do Tribunal de Justiça é de que um automóvel se torna nacional se comercializado no mercado interno.

Luxemburgo: Partido ADR quer mudar modo de nomeação e funções do Conselho de Estado

O partido ADR quer mudar o modo de nomeação e o papel do Conselho de Estado. O sistema actual desagrada tanto àquele partido que nenhum dos seus membros aceita sentar-se à mesa daquele órgão.

"Renunciámos à possibilidade de apresentarmos um candidato nosso ao actual mandato, porque sempre fomos postos de lado. E, no entanto, segundo os nossos cálculos, deveríamos ter direito a dois conselheiros", afirma Roby Mehlen, presidente do ADR (na foto).

Concretamente o que o partido propõe é que se tenha em conta a representatividade eleitoral dos partidos com base em três períodos legislativos. E o número de conselheiros deveria passar, segundo o ADR, de 21 para 27 ou 31. Outra questão levantada pelo secretário-geral Roy Reding tem a ver com os magistrados, funcionários e membros do sistema judiciário que "não devem ocupar em simultâneo um lugar de conselheiro".

"Estando eles subordinados ao Estado, não podem exercer as suas funções de forma independente quando queremos chamar a atenção do poder legislativo", defende.

O partido privilegia assim o modelo de suspensão provisória e de "férias" políticas usado pelos deputados.

Para o ADR, o Conselho de Estado também não deverá ter ligação directa com o Governo, que lhe envia projectos de lei para obter o seu parecer. O partido defende uma aproximação com o Parlamento.

O ADR quer ainda que o Grão-Duque deixe de ter direito de voto no Conselho de Estado.

Foto: Guy Jallay

Comunidades: Governo português cria plataforma electrónica para projectos informativos da emigração e países lusófonos

O Governo prevê criar em Fevereiro uma plataforma multimédia on-line para divulgar os conteúdos dos mais de 400 órgãos de comunicação social em português identificados em países lusófonos e nas comunidades portuguesas no estrangeiro.

Iniciativa do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga, o projecto "Lusomédia" destina-se a "reforçar a comunicação entre o mundo lusófono", disponibilizando numa plataforma electrónica global e em plataformas regionais (América do Sul, América do Norte, Europa, África, Ásia e Oceânia), as "produções informativas" dos vários órgãos de comunicação social da diáspora e dos países de língua portuguesa.

"O projecto visa sobretudo colocar a língua portuguesa em rede, o que facilita a compreensão do que é actualmente a nossa diáspora como também generaliza e fundamenta a relação com países da CPLP(Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)", disse à agência Lusa Luís Barreira, coordenador do projecto.

"A intenção é que essa rede mediática possibilite um melhor conhecimento de uns e outros e que haja uma troca de informações permanente porque a nossa diáspora evoluiu muito desde os anos 60, mas muitas vezes ainda continuamos a olhar para ela de forma estereotipada", adiantou.

Antigo director da Rádio Latina do Luxemburgo e actual assessor de António Braga, Luís Barreira disse ainda que o projecto prevê apoiar "técnica e financeiramente" os jornais, revistas, rádios, portais informativos e programas televisivos que pretendam estar presentes na plataforma.

Ajuda financeira à compra de equipamentos e apoio técnico à construção e actualização de sites são alguns dos apoios previstos no projecto para o qual existirá em Lisboa uma equipa técnica permanente, acrescentou Luís Barreira, escudando-se a avançar qual a verba destinada a esta iniciativa.

"A verba global é ainda incalculável. Só depois de termos a inscrição dos órgãos de informação é que podemos ter uma ideia do que é preciso", disse.

Actualmente, a equipa do "Lusomédia" está a acabar um inquérito a enviar aos cerca de 400 órgãos de comunicação social dirigidos por portugueses no estrangeiro para os "auscultar e sensibilizar para o projecto", explicou Luís Barreira.

"A partir da próxima semana será feita a auscultação e à medida que forem chegando das respostas os órgãos de comunicação social vão sendo colocados nas plataformas que estão já a ser construídas e serão finalizadas em breve. Em Fevereiro [a plataforma] estará no ar, sendo colocados prioritariamente os que já têm site Internet", disse, ressalvando que se trata de um trabalho de actualização constante.

Luís Barreira mostra-se confiante numa boa adesão ao projecto e estima ser possível disponibilizar para leitura e pesquisa no "Lusomédia" o conteúdo de até 500 órgãos de informação, a sua maioria localizados nos Estados Unidos, Canadá e Europa.

[A plataforma] "facilita a relação em rede entre todos os órgãos de informação, que normalmente são distribuídos para suas comunidades locais, como também com os próprios órgãos de informação em Portugal, possibilitando-lhes noticiar melhor a realidade actual da emigração portuguesa", concluiu.

Luxemburgo: ASTI quer estatuto para refugiados climáticos

No contexto das consequências do sismo para a população do Haiti, a Associação de Apoio aos Trabalhadores Imigrantes interroga-se sobre a ajuda prestada às pessoas que pretendem migrar para outros países.

Em comunicado enviado ontem aos órgãos de imprensa, a ASTI constata que "desde há muito tempo tem havido a tentativa de criar um estatuto internacional para as vítimas de catástrofes naturais, incluindo sismos, mas sem sucesso".

Constatando que actualmente o estatuto de refugiado está limitado às vítimas de conflitos e perseguições, a ASTI insta o Governo luxemburguês a abordar o tema dos "refugiados do ambiente e do clima nas instâncias europeias para criar um estatuto ad hoc".

Foto: Arquivo LW

Chegou o iPad da Apple

O presidente da Apple, Steve Jobs, durante a apresentação do novo iPad

O presidente da Apple garante que o iPad, o novo PC táctil da empresa, espécie de iPhone "gigante", cria uma "maior intimidade" do que um PC convencional e é "mais capaz" do que um smartphone.

Steve Jobs descreveu o novo PC durante o lançamento ontem realizado em São Francisco, nos EUA.

O presidente da norte-americana Apple frisou, na ocasião, que o iPad será também mais eficaz do que um PC convencional e um "smart phone" em matéria de leitura de livros digitais, jogos e vídeos.


Versão mais barata custa 499 dólares

O iPad será comercializado a partir de 499 dólares (cerca de 350 euros), um preço muito abaixo dos 1000 dólares (cerca de 700 euros) esperados por diversos analistas.

O altamente antecipado gadget tem um touch screen de 24,6 centímetros, 1,25 centímetros de espessura, pesa 680 gramas e vem com 16, 32 ou 64 gigabytes de armazenamento de memória flash.

Os modelos básicos do iPad custarão nos Estados Unidos entre 350 e 495 euros, dependendo do tamanho de armazenamento de memória.

O novo produto da Apple deverá concorrer com outros aparelhos tablet semelhantes aos lançados pela Microsoft e pela Dell no Consumer Electronics Show (CES), em Los Angeles.


Recordes de lucros e vendas

O anúncio já foi alvo de diversas notícias, comentários em blogues e rumores, sendo considerado o equipamento da Apple mais esperado desde o lançamento do iPhone, há três anos.

A Apple anunciou, na quarta-feira, recordes em termos de lucros e vendas, divulgando um aumento do resultado líquido de 49,5 por cento no primeiro trimestre do seu ano fiscal, face ao mesmo período do ano anterior, para cerca de 2,3 mil milhões de euros.

No primeiro trimestre do ano fiscal de 2010, que terminou a 26 de Dezembro de 2009, a empresa apresentou receitas de cerca de 11,1 mil milhões de euros, tendo as vendas internacionais sido responsáveis por 58 por cento dos resultados do primeiro trimestre. Nesse período, a empresa vendeu 3,36 milhões de computadores Macintosh, 8,7 milhões de iPhones e 21 milhões de iPods.

"Estamos bastante contentes por ter gerado 4,1 mil milhões de euros em dinheiro no decorrer do trimestre", disse o director financeiro da empresa, Peter Oppenheimer.

Hoje é o Dia Europeu da Protecção de Dados Pessoais

Hoje comemora-se o Dia Europeu da Protecção de Dados Pessoais criado a 26 de Abril de 2006 pelo Comité de Ministros da Europa a partir da preocupação causada pela falta de informação que, de um modo geral, os cidadãos têm sobre a protecção que é devida aos seus dados pessoais.

Pretende-se, assim, sensiblizar os cidadãos para a protecção de dados pessoais e proporcionar informação sobre os seus direitos e sobre as boas práticas nesse domínio.

É importante que os cidadãos saibam para que fins os seus dados são recolhidos e tratados, quais os seus direitos nesse quadro e como reagir ao tratamento ilícito de dados pessoais.

Um recente estudo do Eurostat levada a cabo em 2009, revelou que 87% dos lares luxemburgueses estão ligados à internet. Consequentemente, as actividades em rede (comunicações, redes sociais, operações bancárias, compras, entre outros), que favorecem a troca rápida de dados de carácter pessoal, multiplicaram-se sem que saibamos muitas vezes quem as regista, quem as transmite e com que finalidade são utilizados.

Uma vez difundidas em rede, estas informações escapam aos destinatários e correm o risco de reaparecer anos mais tarde.

O Dia Europeu da Protecção de Dados deve também servir para que os cidadãos conheçam a sua Autoridade de Protecção de Dados. No Luxemburgo este papel é exercido pela Comissão Nacional para a Protecção de Dados (www.cnpd.public.lu).

Foto: René Cerney

Desemprego continua a subir no Luxemburgo, estabelecendo-se actualmente nos 6,3%

O ano de 2009 terminou no Luxemburgo com 14.816 pessoas registadas na Administração do Emprego (ADEM), no final do mês de Dezembro, estabelecendo-se assim a taxa de desemprego no Luxemburgo nos 6,3%. Em relação ao mês anterior, havia mais 465 pessoas no desemprego. Mas o balanço anual, o Luxemburgo regista mais 3 mil pesssoas no desemprego do que há cerca de um ano.

Mas, se forem contabilizadas as pessoas que beneficiam de uma medida de reinserção profissional (estágios em empresas, contratos de primeiro emprego, entre outras medidas convencionadas entre a ADEM e o patronato) , estão inscritas na ADEM cerca de 18.013 pessoas, o que corresponde a uma "taxa de desemprego geral" de 7,7%.

O anunciado fim da recessão económica no Grão-Ducado ainda não provocou assim efeitos visíveis e segundo o ministro do Trabalho luxemburguês, Nicolas Schmit, "a situação permanece preocupante" e o desemprego vai mesmo continuar a crescer nos próximos meses.

"O fim da crise chegará quando a taxa de desemprego baixar significativamente", concluiu o ministro, parafraseando as declarações feitas dias antes pelo preisdente do sindicato LCGB, Robert Weber.

JLC

Portugal/Luxemburgo: Ministros do Trabalho dos dois países reúnem-se hoje para discutir desemprego dos portugueses no Grão-Ducado

Os ministros do Trabalho do Luxemburgo e de Portugal, Nicolas Schmit e Helena André respectivamente, encontram-se hoje numa reunião que visa discutir os problemas que os emigrantes portugueses no Luxemburgo enfrentam no sector do emprego. A reunião tem lugar em Barcelona, à margem da reunião informal dos ministros europeus do Emprego, sob presidência espanhola.

O encontro decorrerá à margem da reunião informal dos ministros do Trabalho da UE, que se realiza hoje e amanhã em Barcelona.

Os portugueses constituem cerca de 30% dos desempregados no Grão-Ducado, segundo os últimos números da Administração do Emprego (ADEM). Dos cerca de 20 mil desempregados no Luxemburgo, uma terça parte é de nacionalidade portuguesa, estando actualmente sem emprego cerca de 3.700 portugueses.

A formação profissional contínua destes desempregados será também discutida, isto na sequência de uma proposta do sindicato luxemburguês OGB-L.

Na última segunda-feira, representantes da OGB-L, em deslocação a Lisboa, pediram à ministra portuguesa do Trabalho que o Estado português colaborasse na formação profissional dos emigrantes portugueses no Luxemburgo.

Segundo Carlos Pereira da OGB-L, os portugueses enfrentam um problema muito concreto: só falam a língua portuguesa enquanto que os professores da formação profissional que o Estado luxemburguês propõe são todos de língua luxemburguesa, francesa ou alemã. Nesse sentido, a OGB-L propôs que Portugal enviasse técnicos portugueses para o Luxemburgo por forma a poderem dar formação profissional em português a esses desempregados.

JLC
Foto: Anouk Antony

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Holocausto: Neto de Aristides de Sousa Mendes realça papel humanitário de Portugal na 2ª Guerra

(cena do filme "La vie d'un juste", de Jacques Morell, retratando os muitos refugiados à espera de vistos para entrarem em Portugal, concedidos por Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em França, para fugir às tropas alemães durante a Segunda Guerra Mundial)

António de Sousa Mendes, neto daquele que foi considerado o “Schindler” português, defendeu hoje a necessidade de corrigir a memória do país, enfatizando o papel de Portugal na recepção de refugiados da segunda Grande Guerra Mundial.

“Diz-se sempre que Portugal não participou na 2ª Guerra Mundial, mas participou, através dos cidadãos. Aristides de Sousa Mendes salvou a vida a milhares de judeus, dando-lhes vistos para eles entrarem em Portugal. Este papel do país, de receber as pessoas, devia ser enfatizado”, frisou o membro do Conselho de Administração da Fundação Aristides de Sousa Mendes, que hoje assinalou o Dia Internacional do Holocausto no Colégio Luso-Internacional do Porto (CLIP).

Frisando que “a 2ª Guerra Mundial diz muito respeito a Portugal” e que “Portugal participou a nível humanitário, recolhendo refugiados”, António de Sousa Mendes, lamenta que “nenhum historiador” tenha dado a devida atenção a este aspecto.

Questionado sobre se a memória do cônsul português em França tem sido suficientemente valorizada, o neto admite que “há muito ainda a fazer”, porque a sociedade civil portuguesa é herdeira da sociedade do Estado Novo, que “não era encorajada a pensar e a criticar”.

Recordar o legado de Sousa Mendes e deixar esta mensagem foi o objectivo do neto de Aristides de Sousa Mendes no contacto com cerca de 200 alunos do CLIP.

Álvaro de Sousa Mendes, presidente do Conselho de Administração da Fundação Aristides de Sousa Mendes, também participou na iniciativa, tendo salientado o “sacrifício” do avô, que “deu a mão a milhares de pessoas que não conhecia, pondo em risco a sua própria família”.

“Ao longo do ano escolar escolhemos algumas datas que queremos assinalar com os alunos. Como somos uma escola associada da UNESCO, resolvemos assinalar a defesa dos direitos humanos assinalando o Dia do Holocausto”, explicou Isabel Morgado, a professora coordenadora do projecto do CLIP que, para além da sessão aberta com os familiares de Aristides Sousa Mendes, inclui uma exposição e a construção de um Muro das Lamentações.

Rodrigo Albuquerque, de 10 anos, aluno do 5º ano, foi um dos que deixou uma mensagem no muro: “Pusemos ali as melhorias que queremos para o nosso mundo. Por exemplo, não haver mais terramotos, ou acabar com a crise”, revelou.

O Dia Internacional do Holocausto é uma data instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que designou 27 de Janeiro - dia em que as tropas soviéticas libertaram o campo de concentração de Auschwitz - para as comemorações anuais em memória das vítimas do Holocausto.

Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em França, deu o visto a milhares de judeus em fuga das tropas da Alemanha Nazi, em 1940.

Luxemburgo: Falsos funcionários municipais em Esch-sur-Alzette

Na cidade de Esch-sur-Alzette, dois falsos funcinários municipais terão por diversas vezes tentado entrar em casa de particulares alegando estarem encarregues pela Administração Comunal de fazer a leitura dos contadores da água.

A Administração Comunal de Esch e a Polícia avisam que os verdadeiros funcionários dispõem de identificação a confirmar a habilitação para levar a cabo tais fiscalizações.

Em caso de dúvida, os cidadãos podem contactar os serviços industriais da cidade de Esch-sur-Alzette através do 54 73 83-455.

Foto: Anouk Antony

Comunidades: Presidente do Instituto Camões garante que ensino do português no estrangeiro como língua materna não vai acabar

A presidente do Instituto Camões, Ana Paula Laborinho, garantiu hoje aos conselheiros das Comunidades Portuguesas que o Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) enquanto língua materna não vai acabar.

"Nada será encerrado no que se refere ao EPE", assegurou a responsável no final de uma reunião com o Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas (CPCP), que hoje iniciou uma reunião de três dias em Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, Ana Paula Laborinho afirmou que "nada será descontinuado" e que o objectivo é fazer um "reforço da rede que agora chegou ao Instituto Camões".

A articulação da rede, a dignificação do português e a certificação dos cursos de português (no estrangeiro) são outros dos objectivos do IC, indicou.

Ana Paula Laborinho defendeu ainda que há uma rede do IC que "pode ser aproveitada para o EPE", nomeadamente o Centro Virtual e os cursos de ensino à distância que estão a ser desenvolvidos.

Na reunião, a presidente do IC disse ainda aos conselheiros que o Instituto Camões não vai ter "mais meios" para o EPE, pelo que tem de se "aproveitar melhor esses meios".

À saída da reunião, o presidente do CPCP, Fernando Gomes, mostrou estar mais descansado com a garantia da continuação do EPE como língua materna e satisfeito com a aproximação daquele órgão ao IC.

"A partir de agora, o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) tem uma relação próxima, como parceiro na divulgação da língua portuguesa", disse o conselheiro, afirmando que essa parceria vai traduzir-se em quatro encontros anuais.

Para Fernando Gomes, a mais valia do CCP é os seus membros estarem no terreno, conhecerem a realidade e saberem como "melhor aproveitar os recursos".

Para os restantes dois dias de reunião, o presidente do CCP destacou o Conselho da Juventude (que nunca foi constituído) e os conselhos consultivos criados pelo Governo como temas a debater.

"Os conselhos consultivos foram feitos às nossas costas. Funcionam paralelamente ao CCP. Estamos a duplicar funções e responsabilidades. Então (o secretário de Estado das Comunidades) que acabe com o CCP se tiver coragem.

Questionado sobre a decisão do Supremo Tribunal Administrativo de rever o processo de eleição do CCP, que tinha sido impugnado e posteriormente validado pela justiça, Fernando Gomes disse tratar-se de um "falso problema".

"Temos acta e regulamento (da eleição). Estou completamente tranquilo", disse.

O Conselho das Comunidades Portuguesas é o órgão de consulta do Governo para a Emigração, constituído por 73 conselheiros e tutelado por um Conselho Permanente com 11 membros.